março 25, 2007

Caixinha de Afetos



Como montar sua caixinha de afetos:
Separe:
Os fuxico da vovó
A roupinha da boneca
O carrinho de rolimã
As lembrançinhas dos bebês
Os botões antigos
A pipa ou papagaio
Os alfinetes de costura da mamãe e os retalhos velhos
O peão
Os colchetes velhos
A fita de cabelo

Junte:
Todos os itens acima numa caixa, ela pode ser de sapato ou uma que você teve o trabalho de fazer. Pronto! aí está sua caixinha de afetos. Quando você quiser é só abri-lá e olhar.

Costurar o velho com o novo, não é tão simples.
Imaginar e fazê-lo se tornar real, não é tão simples.
Não se trata apenas de um saudosismo a que me refiro; refiro-me a como encontramos os nossos caminhos, sem as condições que nos foram impostas no passado; temos o nosso “jeitinho” e vivemos de acordo com nossas soluções.

Aqui nesta casa
Ninguém quer a sua boa educação
Nos dias que tem comida
Comemos comida com a mão [...]

Aqui nessa tribo
Ninguém quer a sua catequização
Falamos a sua língua
Mas não entendemos o seu sermão [...]

Aqui nesse barco
Ninguém quer a sua orientação
Não temos perspectivas
Mas o vento nos dá a direção [...]
Volte para o seu lar
Volte para lá. 1

Construir em cima dos nossos afetos poderia ser a melhor maneira de se fazer algo, se fizermos uma comparação entre minha caixinha de afetos e a sua, talvez não tenhamos as mesmas coisas e é mais provável que não se tenha, mas se existe um único item idêntico, ele seria nosso afeto em comum e apartir dele, poderíamos construir algo de bom.

Isso também pode ser:
Um olhar inocente.
Uma dialética poética.
Um desejo de tempo bom.
Um sonho de vilarejo.

Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraíso se mudou para lá
Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real
Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
[...]
Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção [...] 2



1. Música: Volte para o seu lar - compositor: Arnaldo Antunes - interprete: Marisa Monte.
2. Música: Vilarejo - compositores: Marisa Monte, Pedro Baby, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes - interprete: Marisa Monte.


março 24, 2007

É a lei do retorno!

O espaço sobre a cidade atual poderia até ficar em branco, já que todo mundo parece conhecer tão bem. Muitas críticas por aí, sinceramente, me surpreendem. Informações detalhadas, histórias dramáticas, mentiras convincentes, floreadas com cuidado e em outros momentos com alto teor de veracidade.

É um assunto que realmente está saturado. Já não aguça a curiosidade de ninguém e menos ainda traz grandes expectativas. Acho que tudo perde o teu charme, quando se descobre que não é intocável.

O Cascão continuará sendo sujinho, a Magali sempre terá o desejo de comer tudo o que vê, a Mônica e o Cebolinha manterão suas brigas... O Tom nunca pegará o Jerry, o Cérebro não dominará o mundo... O Super Homem não vai morrer e eu continuarei inconstante na cor dos meus cabelos...

Decepcionou? Quem sabe se eu falar do futuro agora? Esse filme ninguém viu.

As mudanças no clima aumentarão as enchentes, secas, furacões, aquecimento global, efeito estufa, degelo polar, entre outros. Essa questão é, na verdade, um começo para os pensamentos: a água potável não é inesgotável, o quadro de fome depende do nitrogênio dos adubos, o homem necessita do ar puro e este das florestas... É a lei do retorno!

Ficção, previsão, ou não, o que percebemos é um mundo contemporâneo de sempre consumir mais e todos os recursos disponíveis. A arte de negar, abolir, suprimir, evitar, especular e desprezar é constante. A cada dia que passa, valorizamos mais, pelo menos em palavras, os bens que se escasseiam: o dia da água, o dia do clima, o dia da terra... O dia do homem há de chegar.

Não pise na grama. Diga sempre obrigado. Recicle. Tome banhos rápidos. Ame os animais. Respeite os mais velhos. Pratique atividades físicas. Mas antes disso tudo, saiba valorizar o teu tempo...

Seriam boas as ruas cheias de pessoas mais descontraídas, como as praias em épocas de férias ou até mesmo as pequenas cidades do interior.

março 22, 2007

TEMA 02 (postagem até 04/04)

RETROGADA ARQUITETURA

Atualmente, vivemos em um mundo onde a velocidade da informação, o aprendizado, juntamente com o conhecimento repercutem diretamente na produção da tecnologia.
Em pleno século XXI, pode ser observado esta informação sendo colocada a disposição do homem, no processo de desenvolvimento do meio em que este vive.
Séculos atrás, o homem produzia máquinas de morar, espaços tendo como elemento principal as experiências geradas por um cotidiano, mas com o passar do tempo as formas de se produzir arquitetura ficaram cada vez mais complexas, formas orgânicas, estruturas hayteck, subistituem o tijolo e o concreto, gerando espaços cada vez mais futuristas.
Hoje, podemos observar que muitas coisas parecem estar ficando de lado... o sentido de se produzir arquitetura, para quem esta arquitetura esta sendo construída, o resultado desta forma de se produzir no meio em que esta está sendo inserida e por fim o descaso como esta arquitetura perversa e industrializada vem se multiplicando.
“ Para os engenheiros e os pragmáticos de plantão, a arquitetura é uma palavra que causa arrepios. Sinônimo de “frescura”, desperdício, complicação, subjetividade, supéfluo, e os outros palavrões aos ouvidos da racionalidade técnica, arquitetura é a fina casca efêmera que enfeita a audácia da concretude infra-estrutural.

Para os mendigos e catadores, arquitetura é sobra. Assim como a comida, a roupa, os objetos que carregam. Coisas largadas, abandonadas e esquecidas por ai. Uma marquise, um degrau, um platô, um nicho. Pequenos esquecimentos do projeto inicial, cavidades ou apêndices que recuam ou avançam para fora do previsto. Nessas situações, a urgência da proteção é tão massacrante que uma misera laginnha a 5 metros de altura pode ser considerada um abrigo familiar. Assim como o frio é psicológico, arquitetura também pode ser”¹

Na imagem mostrada é possível ver esta forma de se produzir “espaços” de morar e fica a pergunta.
Até quando esta arquitetura se manterá retrogada ?

¹- Texto de Wellington Cançado/ Fascículo 01: O que será arquitetura?

Disciminação do Ideal

Há uma tendência a homogeneização da cultura global, trazida pelo desenvolvimento do dos meios de informação. Esse fato é grande responsável pela atual morfologia dos espaços da cidade. Out-doors de Empresas Multinacionais nas ruas , carros de fabricas alemãs, eletro-eletrônicos made in china, pop-ups de sites de comercio eletrônico.

No Brasil, um pais com um dos maiores índices de desigualdade social, a grande industria da comunicação, que leva informação aos lares milhares de pessoas é concentrada nas mãos de um uma única parcela da sociedade, parcela essa que não chega a representar sequer 1 % da população nacional. Milton Santos afirmava que “a globalização, tal como era considerada, começa por ser uma fábula. Essa fábula se tornou possível exatamente pela violência da informação. Produzem-se idéias que são impostas. Mas é a partir dessa ilusão e dessa fábula que são impostas fórmulas que conduzem os países em sua economia, política e relações sociais.”

Associada a essa lógica está a expansão do consumo, aumentando os efeitos desse massacre cultural. “As classes médias são confortáveis de um modo geral. O conforto cria dificuldades na visão do futuro. O conforto quer estender o presente que está simpático. O conforto, como a memória, é inimigo da descoberta. O consumo é ele próprio um emoliente.”1

Sendo assim, para se pensar o urbanismo hoje, é preciso antes de tudo compreender os sistemas estabelecidos de forma desterritorializada, assim como os mecanismos mercadológicos que os regem.

1- Milton Santos em entrevista exibida no programa Roda Viva, uma produção da TV Cultura, retransmitida pela TVE




Sorte / Acaso

A imagem fala por ela mesma, mas o que é que vemos? São brincadeiras de formas, de cores, de texturas? Talvez sim, talvez não! Poderia quem sabe ser sinônimo (significado de uma edificação que tem o mesmo significado que outra) mas quem poderia dizer qual seria verdadeiramente o significado? Somos questionados desta forma quando pensamos em qual peso tem a arquitetura sendo a necessidade de habitar, fundamental para o ser humano. Independente do estilo: Neoclássica, moderna, barroca, clássica, gótica, paisagista, rococó, renascentista... Independente do tipo: Bizantina, Brasileira, Cretense, Extremo Oriente, Oriente Médio, Egípcia, Islâmica, Pré-colombiana... Uma definição de arquitetura como arte e técnica de se organizar espaços (interno, externo) porém, nem qualquer espaço se pode chamar de arquitetura. Arquitetura não é somente técnica, é também uma arte e desta forma só acontece quando seu autor sabe distribuir proporcionalmente seu espaço de modo a se criar uma harmonia. Por isso o arquiteto têm de ser técnico e artista. A ilustração desta primeira postagem acende em nós justamente esta pergunta: onde está a técnica? Onde está a arte? Principalmente quando deparamos com freqüência em nosso dia à dia com esta polêmica por onde quer que vamos. Outro dia fui levar meu avô a casa de um amigo e nos deparamos com um conjunto de apartamento executado pela prefeitura na década passada e o espanto estava cloro em seu rosto ao me perguntar como viviam aquelas pessoas em metros quadrados totalmente limitados e sem nenhum conforto térmico em uma região onde a temperatura atinge tópicos significativos. Se o próprio órgão municipal, aquele que deveria valorizar o mínimo a qualidade de vida está pouco se lixando para seu meio social, realmente estão todos jogados puramente à sorte e ao acaso a que o destino os aguardam. Existe um ditado que diz: A vida imita a arte! Mas onde está a arte por aqui? Deve-se lembrar pelo menos dos fatores básicos da arquitetura como clima, material, função e método construtivo mas para onde está indo tudo isso atualmente?

João Fábio

março 21, 2007

Deus é Arquiteto

-Têm se debatido à exaustão o papel do arquiteto/urbanista na formação das cidades.
-Mas que cidades?
-Ah sim, aquelas que ainda não existem!
-Mas quais?
-Espera, elas já existem. É a sua!!!
- A minha?!?! É, a minha! Mas a cidade não é minha? O quê estão querendo fazer com ela?
-Mudar para ser melhor.
- Melhor pra quem? Ninguém me perguntou nada, não pediram minha opinião! Não sei se quero mudar minha cidade!
-Mas você mora em um condomínio que foi planejado pela lógica do lote. Isso é horrível!
-Horrível nada! Eu gosto! Caso contrário não teria comprado minha casa lá!
-Foi por falta de algo melhor, loteamento é ruim, setorizado, com problemas ecológicos graves, é sem graça e exclui uma parcela da população em verdadeiras "bolhas" sociais!
-Qual o problema? Tirando o problema ecológico que concordo que deve ser pensado, não vejo nada mais! Gosto dos setores bem definidos, das ruas perpendiculares, dos passeios devidamente limpos (pela zeladoria contratada pelo síndico) e com o meio-fio pintadinho de branco e dos nossos jardins. Não quero bairro engraçado! E não me sinto excluído! Eu me sinto seguro e confortável com os portões bem trancados e a segurança em alerta!
-Mas e o seu contato com o mundo? Com as pessoas?
-Não tenho vontade de manter contatos estreitos com outras pessoas. Tenho meu trabalho, minhas aulas de inglês, meus amigos, saio com freqüência (em lugares seguros, é claro!). Conheço muita gente todos os dias, já está de bom tamanho. Pra quê mais? Para ser assaltado? Deus me livre! Me sinto bem assim, obrigado!
-Mas a arquitetura está virando uma repetição, veja só: as casas do seu condomínio são praticamente iguais!
-Qual o problema nisso? O primeiro fez, o segundo gostou e repetiu! Toda arquitetura é uma repetição no tempo, pois a vida se revela no compasso da repetição. Eu gostei do seu corte de cabelo? Vou copiar!
-Mas assim tudo sempre será igual!
-Não!!! O que eu não gosto, eu mudo! Detestei a cor da fachada do meu vizinho (azul, argh!), então pintei a minha de cinza! Adoro cinza!
-Mas não tem personalidade neste tipo de arquitetura!
-Claro que tem! A minha! Eu é que vou morar! Eu é que tenho que gostar, não você! Será tão difícil de entender que eu gosto das coisas como elas estão?
-Assim daqui há algum tempo naõ precisaremos mais de arquitetos, é só copiar!
-E não é isso que eles vêm fazendo há anos? Até aquele velhinho considerado o maior arquiteto do Brasil fazia isso. O Moderno dele era o antigo da Europa!
-Mas a arquitetura é assim, cheia de releituras e rupturas!
-Reler não quer dizer ler de novo?
-Sim!
-REPETIR a leitura? Logo, repetir na arquitetura é criar o novo a partir do velho e romper assim com ele. E por acaso não foi isso que fizeram no meu condomínio?
-E a inovação? Se todos pensassem assim ainda estaríamos morando em cavernas!
-Ah, com certeza não! As cavernas são muito desconfortáveis!
-E onde está a necessidade do ser humano de se destacar? Ser ele mesmo? Questionar?
-Aqui ué?! Estou debatendo exatamente isso com você! Devo ser respeitado por querer que as coisas continuem como estão! Não sei porque tanta confusão, até as pessoas se repetem, Deus disse ter criado todo mundo à sua imagem e semenhança e ninguém reclama disso!!!

poema sem graça - cidade sem cor

formas iguais, formas parecidas
the sims, the virtuals, the tecnology

fazer casa, fazer urbanismo, fazer indignação
fenomenologicamente, uma simples diversicolosidade arquitetural

barbie, susi, vick - iguais ou diferentes?
fachada azul, fachada branca, fachada cinza
favelas e condomínios - ou favelíneos e condovelas?

outdoors, televisões - realidade ou mera propaganda?
alphavilles, hollywoodvilles, disneyvilles

casas "em-pacotadas" na internet
casas, à venda por R$ 1,99, no supermercado da esquina

POEMA? FICÇÃO? PROSTITUIÇÃO ARQUITETÔNICA? OU...
R-E-A-L-I-D-A-D-E ???


formas iguais, formas parecidas
the sims, the virtuals, the tecnology

fazer casa, fazer urbanismo, fazer indignação
fenomenologicamente, uma simples diversicolosidade arquitetural

barbie, susi, vick - iguais ou diferentes?
fachada azul, fachada branca, fachada cinza
favelas e condomínios - ou favelíneos e condovelas?

outdoors, televisões - realidade ou mera propaganda?
alphavilles, hollywoodvilles, disneyvilles

casas "em-pacotadas" na internet
casas, à venda por R$ 1,99, no supermercado da esquina

POEMA? FICÇÃO? PROSTITUIÇÃO ARQUITETÔNICA? OU...
R-E-A-L-I-D-A-D-E ???


formas iguais, formas parecidas
the sims, the virtuals, the tecnology

fazer casa, fazer urbanismo, fazer indignação
fenomenologicamente, uma simples diversicolosidade arquitetural

barbie, susi, vick - iguais ou diferentes?
fachada azul, fachada branca, fachada cinza
favelas e condomínios - ou favelíneos e condovelas?

outdoors, televisões - realidade ou mera propaganda?
alphavilles, hollywoodvilles, disneyvilles

casas "em-pacotadas" na internet
casas, à venda por R$ 1,99, no supermercado da esquina

POEMA? FICÇÃO? PROSTITUIÇÃO ARQUITETÔNICA? OU...
R-E-A-L-I-D-A-D-E ???


formas iguais, formas parecidas
the sims, the virtuals, the tecnology

fazer casa, fazer urbanismo, fazer indignação
fenomenologicamente, uma simples diversicolosidade arquitetural

barbie, susi, vick - iguais ou diferentes?
fachada azul, fachada branca, fachada cinza
favelas e condomínios - ou favelíneos e condovelas?

outdoors, televisões - realidade ou mera propaganda?
alphavilles, hollywoodvilles, disneyvilles

casas "em-pacotadas" na internet
casas, à venda por R$ 1,99, no supermercado da esquina

POEMA? FICÇÃO? PROSTITUIÇÃO ARQUITETÔNICA? OU...
R-E-A-L-I-D-A-D-E ???

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versos referentes a cada texto postado---> HABITAÇÕES
estrofes------------------------------------------------> CIDADES
repetição das estrofes----------------------------> URBANISMO CONTEMPORÂNEO

conclusão:

poema sem rima-----------------------------------> ARQUITETURA METÓDICA

ARQUITETURA PATÉTICA

ARQUITETURA REPETITIVA

etc...

março 20, 2007

Casas com código de barras

Liquidação!!! Casas somente por...
Assim como uma loja de sapatos, onde você entra, escolhe o modelo que achar mais bonito e que lhe calce bem, ou como um produto em uma prateleira de supermercado, no qual entre várias marcas e embalagens, escolhe o que lhe agrada mais, atualmente a compra das habitações está passando para esse processo de venda varejista.

Com o adensamento das grandes cidades e a verticalização, as ofertas por apartamentos e condomínios residenciais no centro ou nos arredores estão cada vez maiores. Inúmeras construtoras lançam, todo ano, vários tipos de condomínios, com estilos variados e para diferentes classes sociais. As pessoas em vez de buscarem um espaço projetado de acordo com suas ações, seus sentimentos e seu cotidiano, com mais conforto e bem estar, optam por residirem em um espaço que possui a melhor propaganda, que tem a fachada mais bonita, mais atraente.

As propagandas seduzem as pessoas fazendo com que elas comprem suas habitações pela beleza, ou porque está na moda, ou até porque o personagem do filme americano morava em uma casa como esta. Um exemplo desse processo é um condomínio no Rio de Janeiro com casas estilo americano. Porque as pessoas habitam estas casas? Pelo simples fato de aparentemente morarem em uma casa americana, status!!!

Essa ilusão de imagem faz a pessoa acreditar que aquele apartamento ou residência possua tudo que precisa, e que ela será muito feliz morando ali. Mas será que isso realmente acontece? Cada pessoa tem costumes, atividades, interesses, rotinas diferentes. Será que estes espaços iguais serão adequados a todos? Não existe uma maneira de projetar uma habitação que possa atender as necessidades de todas as pessoas. Cada espaço é utilizado de uma forma diferente, por pessoas diferentes.

Arquitetura é única. Elaborada de acordo com as necessidades, ações, e usos de cada habitante (não genérica). Cada projeto com sua própria característica. Sua própria identidade. Por isso não devemos deixar as pessoas iludirem com as imagens produzidas pelos softwares, oferecendo uma arquitetura funcional com maior qualidade de espaços.

Ctrl c / Ctrl v

Meses atrás recebi uma proposta de um cliente, que havia construído e vendido 5 moradias geminadas e agora pretendia construir outras seis, também para vender. Ele disse que queria fazer uma construção bem enxuta, sem desperdício de material ou área, que lhe proporcionasse um bom lucro e que tinha umas idéias na cabeça.
Pedi para que expusesse melhor o que estava pretendendo.Ele desenrolou duas folhas em A3 coloridas e me mostrou algumas plantas humanizadas, perspectivas em 3d e até um corte. Me disse em seguida que queria aquele projeto implantado no seu terreno, no formato adequado para aprovação na prefeitura e também os projetos complementares: elétrico, telefônico, hidráulico e estrutural. Por quanto você me entrega o pacote fechado? Perguntou-me em seguida.
Espantado, perguntei-lhe: Onde conseguiu isto? Na internet. Como assim, na internet? Num site de uma empresa em São Paulo, que vende estas moradias, é só baixar as imagens. Examinei-as bem, tinham uma ótima resolução e lhe disse que, para o que estava procurando, realmente era uma boa solução e indiquei o escritório de um engenheiro que lhe forneceria o tal “pacote” a um preço bem camarada.
Depois que o cliente foi embora, fiquei pensando: se não tenho interesse nem paciência para tentar produzir projetos para “casa de madame”, então não existe mercado para projetar nenhum tipo de moradia, pois para as classes sociais mais baixas, cujo custo é o fator principal, já está tudo resolvido, devem existir centenas de modelos, para os mais diferentes tipos de terrenos, é só procurar e baixar. Se, por teimosia, eu ainda quiser trabalhar com projetos residenciais, qual seria a saída? Vender os tais “pacotes”? É o que muitos estão fazendo, mas a concorrência está muito grande, quase não vale a pena, a não ser que eu pudesse vender em larga escala, a nível nacional, usando a internet...Bobeira, aí entra a burocracia com os códigos diferentes em cada município e, além do mais, rapidamente iriam piratear meus pacotes e oferecê-los a preço de banana.
Pensando bem, não tem jeito, com o acesso cada vez mais fácil à mídia e à TI é melhor procurar outros modos de trabalhar e ganhar dinheiro ou então ir me acostumando com os “fru-frus” e os “chiliques” das madames.

Alphavilles e Alphavilles

O sonho de morar bem, longe das aglomerações e confusões urbanas e abusca insana de uma existência tranqüila e ideal deram origem aos condomínios americanizados, que foram também adotados na Europa e chegaram como sempre até a nós brasileiros sonhadores.
Casinhas suburbanas com regras proporcionais, comunidades perfeitas, telhadinhos pra agradarem a vista, guaritas do seu José, casa no centro do terreno, jardim na frente, jardim atrás, ruas estreitas, fachadas em cor pastel, todos os elementos projetados e anunciados para a harmonia, a felicidade e a segurança do mundo encantado dos condomínios, dos Alphavilles. Ou será do mundo encantando da Disneylândia? Ou de Hollywood?
Tudo é tão perfeitinho que parece mais ser o cenário da vida que poderia ser real, da vida que deveria ser feliz e funcionar como os grandes parques de diversão ou como as famílias americanas perfeitamente abrigadas nos lindos subúrbios de Hollywood.
A imagem passada é essa, e é a que ainda fica na cabeça dos sonhadores, só que na realidade nada mais é que, tudo é chato, bucólico, não liberal e monótono, parece que as pessoas são iguais às casas, que as mulheres são treinadas pra dizer sempre obrigada e varrer o quintal, homens sempre de ternos pretos, alucinados de trabalho, crianças proibidas de chorar e gritar.
Aiaiai, quem é que consegue acreditar que isso funciona? Nós como trabalhadores liberais, vivendo aprisionados por nós mesmos, sem poder mudar a cor de uma mera fachada, de fazer um laguinho na frente da casa e ficar vivendo um comportamento ilógico e ordenado só pra tentar viver feliz como foi projetado pra ser ou procurando um script qualquer na impossibilidade de escrever nossas vidas como uma cena de cinema.
Tomara que essa crise "Alphavilleana" cesse, e que os condomínios como (celebration na Flórida) de casinhas do Pato Donald e demais sejam abolidos dos pensamentos ilusórios e sonhadores. The end.

Cidade Cenário

Quando vejo imagens desse gênero estampadas no tecido urbano em grandes outdoors em forma de anúncios de loteamentos, não consigo deixar de me questionar a partir dessa propaganda se:

Até que ponto essa figura é digital ou não? E se é 3D até que ponto o 3D é um 3D dentro de uma tela 2D? E alguém vive ali? Se vive elas possuem a faces iguais como suas casas? Será que essas pessoas andam todas do mesmo lado da rua, em fila indiana?Será que todas tem um cachorro? Será que elas fazem coisas iguais o dia inteiro? E será que essa é realmente uma boa qualidade de vida? E onde estão as árvores? E se elas não estão porque é que existe tanta sombra? Isso é um cenário Televisivo ou é realmente uma cidade? E até que ponto as pessoas hoje se comportam fora de um cenário da Rede Globo?

Por tanto volto ao discurso de que nosso cotidiano é um reality show, sem câmera, pois já não há mais essa necessidade, vivemos em um cotidiano previsível. Penso que a partir de uma análise do meu comportamento consigo imaginar e supor o que meu vizinho faz só de olhar para ele. O mercado e a sua necessidade da “homogenuidade”, a necessidade do controle capitalista à utopia do imaginário coletivo.

O discurso aqui não é de respostas e sim de questionamentos e a parti daí procurar entender porque o cenário inabitável cria a sensação de bem estar e qualidade de vida?O que é qualidade de vida para o homem contemporâneo? Será que o poder político e social tem o controle disso, a Imprensa será que é ela que dita as regras de qualidade de vida, e se é, onde é que entra a arquitetura em uma possível simulação do real. Será que essa arquitetura vai ser obrigada criar cidades fantasmas, cenários para esse mercado, e onde entra o publico, qual é a relação da identidade do usuário em uma cidade como esta. Será que o cotidiano hoje já vem tematizado por um “mercado Imprensa” e nós consumidores conseguimos digerir isso ou será que apenas seguimos esse tema sem nem saber quem somos e se gostamos mesmos de fazer isso ou aquilo ou se fazemos isso apenas para se inserir em uma determinada comunidade. Comunidade essa que faz parte de um coletivo imaginário, de uma memória coletiva que na verdade não é continua e sim repetitiva cortada em “frame” e cíclica, pois o mercado já não sabe mais o que inventar só resta reinventar em cima de algo e sobrepor. Já não existe mais criatividade, identidade e pensamento único, tudo é cíclico como no mundo pop. E a parti daí me pergunto qual seria o verdadeiro cotidiano do tempo contemporâneo?

entidades autônomas

favelas e condomínios. a disposição dos lotes são uniformes e dão para uma via de acesso principal. processo dinâmico de uma urbanização não inclusiva . isolam-se coletivamente. limpo e ocioso. enclausurado. padrões pré-estabelecidos sem muitas relações. amplitude e vazios. espaços homogêneos onde vivem pessoas seletas. talvez espaços simpáticos. “uma cidade dentro da cidade” porém que não se relaciona. repetição. assim como os prédios da mrv, os condomínios alphaville. fácil de se organizar. nova versão residencial. constituem um tipo desejável de moradia. de prestígio. seguro. serviços diferenciados. estabelecem relações de ruptura com o entorno.

favelas
e condomínios. sua presença incomoda pois, nunca passa despercebida pela cidade. é um laboratório de criatividade popular. tem soluções próprias. constitui hierarquias. estabelece e estrutura regras de convivência. diversificado e confuso. a sua estética é própria. surgem da auto-organização. sem terrenos pré-definidos. infra-estrutura básica - quando há -.

favelas e condomínios. intervenções públicas. locais que são evitados ou evitam o restante da cidade. contrastes sociais. sociedades diferentes produzem concepções diferentes de tempo e espaço. manchas no tecido urbano que não conseguem ser absorvidos pela cidade. a não ser que: a riqueza do traçado planejado dos condomínios se mesclasse a toda subjetividade das favelas. integração da favela como bairro da cidade.

as relações atuais configuram as entidades autônomas - condomínios -. as portas se fecham para o entorno mas, a tecnologia permite conexão imediata com o resto do mundo.

março 18, 2007

Coletividade

É tudo igual. É um conjunto.
São quinze casinhas em lotes completamente gramados. As fachadas são em tons de azul e cinza e os telhados são de duas águas.

As características se (re)organizam.
São quinze casas amplas em lotes completamente gramados ora com árvores, ora com arbustos. Três desses lotes possuem limites. Um é limitado por uma cerca branca e os outros dois têm cerca viva limitando seu espaço. Três das quinze casas têm telhados na cor azul escuro, sendo que duas têm fachada branca e uma tem fachada azul claro. Três das doze casas “restantes” têm telhados de cor cinza, sendo que duas têm fachada branca e uma tem fachada cinza claro. Três das nove restantes têm telhados de cor cinza escuro, sendo que cada uma delas tem, respectivamente, fachada na cor branca, cinza escuro e cinza claro. Três das seis restantes têm telhado cinza “médio” e fachada azul claro. Duas das três restantes têm telhado azul “médio”, sendo que uma tem fachada azul claro e a outra tem fachada cinza claro. Há ainda a última casa, com telhado marron e fachada bege.

Cada casa é única.
Existe uma casa com carro, e essa, tem sua garagem aberta. Existe ainda uma outra casa com um escorregador no quintal para as crianças. Em uma terceira casa, há, além de um escorregador, um balanço. Em outra casa, tem uma área de convívio externa com alguns bancos e poucos arbustos.

“As coletividades (ou aqueles que a dirigem), como os indivíduos que a elas se ligam, necessitam simultaneamente pensar a identidade e a relação, e, para fazerem isso, simbolizar os constituintes da identidade partilhada (pelo conjunto de um grupo), da identidade particular (de determinado grupo ou determinado indivíduo em relação aos outros) e da identidade singular (do indivíduo ou do grupo de indivíduos como não semelhantes a nenhum outro)”.[1]

[1] AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Campinas, SP: Papirus, 1994. p.50.

O desejo de ser aceito


Onde ser diferente, ter sua própria identidade não é uma coisa boa, as pessoas buscam cada vez mais serem iguais umas as outras.
Essa busca por este bom, é monótona, árida, a ponto de incomodar.
Nesta padronização, existe uma ausência de criatividade e de impressão pessoal.
Na construção dos bairros populares se vê claramente, que o igual não atende a grande parte; percebemos a necessidade das pessoas em primeiro, adequar os lugar as suas necessidades e segundo, a de imprimir sua identidade e suas preferências pessoais.

Quero aquela blusa que a personagem da novela usou,
Quero meu cabelo igual ao daquela cantora de rock,
Quero minha casa igual a do meu vizinho.
E será, se o que é bom pra mim é bom pra você?
Porque tentamos ser algo que não somos?
Não somos "lego" estamos mais para "quebra-cabeça".
Somos únicos e nos encaixamos segundo o que somos.

Impossível pensar que cada coisa pudesse ser feita para uma pessoa especifica, mas será que essa pessoa não possa fazer do seu jeito?
Porque nossa busca nem sempre é pelo que é melhor e que melhor se encaixa a nós, mas pelo que achamos bonito nos outros ou dos outros?
O que nos faz desejar a aceitação?
Talvez seja o medo do não-encaixe, da rejeição.
O rejeitado (aquilo ou aquele julgado ser ruim) é massacrado e marginalizado por nossa sociedade (maioria).

Então o diferente causa o estranhamento?
Nem sempre, pois quando você procura se afastar e ser diferente de um determinado grupo (tribo), mais se aproxima e se torna igual a outro. Mas assim, você se encaixa por opção e não por imposição.
Então assumir as conseqüências da rejeição é ser você e querer nem sempre as mesmas coisas que os outros?
Então sejamos rejeitados pela maioria!
Mas lembro aqui, que a minoria desta sociedade a qual você se encaixa por opção (não por imposição), te aceita!

março 17, 2007

Autenticidade

Uma leitura fenomenológica da vida cotidiana contemporânea permite uma indagação hipotética da utilização da cidade como suporte e como cenário ativo dotado de paisagens deterioradas, imagens sintomáticas e signos culturais forjados. Tais cenários dialéticos não geram formas estáticas, mas sim, como disse Didi-Huberman, “formas em formação, transformações, efeitos de perpétuas deformações”.1

No entanto, em meio a essa mutabilidade ininterrupta, ao amálgama preexistente e ao diversicolor das cidades surgem ideais de segregação e auto-isolamento com uma constante subversão à variedade de elementos espaciais arquitetônicos, cujas conseqüências podem derivar o aparecimento de micros habitat antropológicos ou ilhas habitacionais, uma verdadeira excisão austera da massa urbana.

Muitos desses núcleos se fecham criando complexos ditames organizacionais que desenvolvem paisagens cinematográficas e fictícias, uma arquitetura falsa, sem memória e identidade, melancólica e monótona, com uma ambientação em escala de cinza, árida e fastidiosa capaz de causar oftalmalgia em pensadores mais críticos.

Esses espaços lineares, que não permitem a sobreposição e múltiplas interpretações das condições do passado e do presente, não favorecem a apreensão sensitiva tornando-se os chamados não-lugares de Marc Augé.

Ilustrando essa constante perda dos rastros e vestígios de uma urbanidade cada vez menos humana, a foto “Big Livable” de Alex MacLean poderia certamente encerrar em si a frase “isto não é um bairro” ou “isto não é uma cidade”, intertextualizando a tela “Traição das Imagens” de Magritte.

Contudo, diante dessa problemática deve haver uma perquirição que impeça a evolução dessa arquitetura espetaculosa, que nega o acaso, as descontinuidades e as ambigüidades, e que se tornam hematomas no corpo das cidades em processo. As práticas de planejamento urbano precisam executar gestos menos pretensiosos e deterministas para diminuir a ameaça à perceptibilidade espacial, e ainda amplificar a aceitação do distúrbio, da diferença e da diversidade como substâncias inevitáveis no urbanismo da atualidade, que almeja uma reterritorialização mais sensitivamente fértil e que tem a pretensão de ir na direção oposta à higienização e à uniformização.


1- DIDI-HUBERMAN, Georges. O Que Vemos, o Que nos Olha. São Paulo: Editora 34, 1998.

Loucura ou ignorância

O Ser é a Idéia: esta a grande tese ontológico-metafísica de Platão e do platonismo autentico. O que não é Idéia é pela Idéia; o que não é Idéia é apenas por e enquanto participa da própria Idéia.” 1

O sonho ou um desejo de se chegar entre o irreal e o real é uma transição gritante e impotente; uma ferramenta usada como venda e como ilusão de um sonho perseguido por nós. Referente ao “mito da caverna”, onde só se pode vultos e sombras; o urbanismo é apenas um desejo de uma imagem feita por computador que é uma mera realidade ou apenas simples ilusão de uma sombra.

Existem os questionamentos, que por uma mera relação de sombra ou um simples fato de se lotear e/ou morar, ter lugar fixo ou físico, onde lutamos por ele e queremos um melhor local para viver; venho por meio deste perguntar: a quanto tempo o urbanismo ou mesmo a urbanização existe?

Não venho responder tal pergunta, mas sim mostrar que o urbanismo é uma mera ilusão visualizada por um desenho e/ou por uma prática ali feita. Prática que é errada, porque volta e meia leis ambientais barram por uso inadequado desta ferramenta. Com o urbanismo feito “a caminho de mulas”, expressão usada no popular, o não conhecimento de tal prática, é capaz de transformar um local com uma infra-estrutura descente, em um lugar expandir e maneira incorreta e inconstante, em um terreno mal utilizado, um lugar expandido de maneira incorreta e incoerente.

Nós arquitetos, devemos sim comportar de uma maneira mais tangível, e não como se fosse uma brincadeira de montar um lego ou até mesmo como o jogo sincite; é sim sombra de um desejo que nunca se chega ao fim. Temos consciência que nós, arquitetos e urbanistas, não sabemos nada e nem como fazer o próprio urbanismo, pois os profissionais da área são os geógrafos e uns dos maiores papas do urbanismo, por incrível que pareça, é o um advogado. Quero sim aqui mostrar minha indignação; então lhes digo: se não sabemos fazer nem urbanismo direito como vamos fazer uma simples casa?




1 OLIVEIRA, Cristiano G. Machado de. A concepção de homem na filosofia grega.

Bibliografia:

http://www.filosofiavirtual.pro.br/homem.htm

março 15, 2007

Cotidiano digital


Planejamento Urbano ou Jogo The Sims? Em meio a intensa interseção entre o real e o virtual torna-se cada vez mais difícil a distinção entre ambos, acentuado pelo desenvolvimento acelerado tecnológico que permeiam nossas vidas através de eletrodomésticos, eletrônicos, sistemas de segurança, de transmissão, hardwares, softwares...
Estes são cada vez mais sofisticados e passaram a permear outras áreas. Na artística, por exemplo, são utilizados como meios para a elaboração de intervenções e exposições. Os trabalhos de Jenny Holzer demonstram isto, partem da interface entre arte-mídia para desenvolver suas obras nos espaços públicos, aumentando sua escala de abordagem, utilizando instrumentos variados: desde adesivos e anúncios de TV a projeções em grande escala sobre obras arquitetônicas.

Porém as intervenções digitais não param por ai. Os jogos de simulação de computador, com recursos tridimensionais, estão recriando nosso cotidiano com cada vez mais veracidade. É o que acontece no The Sims. Qualquer criança com o mínimo de conhecimento de informática joga, criando o cotidiano dos personagens, sua casa, vizinhança, mobiliários, sua personalidade e características próprias. Construir e manter uma casa, um bairro ou uma cidade se tornou em exercício corriqueiro e integrado ao nosso cotidiano de forma sutil, como entretenimento.

Então, como diferenciar algo que não passa de diversão, produzido na maioria das vezes por leigos, de um projeto conciso de planejamento urbano? As mídias para exposição de trabalhos estão tão diversificadas que dificultam ainda mais esta distinção. Neste contexto o espectador se torna o diferenciador. A capacitação da pessoa que analisa uma determinada situação define, de acordo com critérios de coerência, relevância, estratégias, etc., a pertinência e coesão do projeto, independente da mídia utilizada.

Em um futuro cada vez mais próximo, os softwares apresentarão inteligência artificial (IA) de cada área, tornando os critérios enunciados acima irrelevantes. Porém, por mais perfeitos e racionais que sejam as IAs, não atingirão, ainda, a qualificação do homem, já que ficam em defasagem em novos critérios como as sensações e sentimentos necessários para a elaboração de um trabalho diferenciado.

março 09, 2007

Novas formas ou formas antigas?

A cidade se considera expansiva.
Desenvolvimento urbano, adensamento urbano, aglomerado urbano.
Espaços cheios, espaços indisponíveis, espaços extrapolados.
Concentração populacional, concentração espacial, concentração estrutural.
A cidade se demonstra no limite.
Iniciam experimentos, iniciam deslocamentos, iniciam planejamentos.
Necessidade de reestruturar, necessidade de reorganizar, necessidade de avaliar.
Buscam inversões, buscam redefinições, buscam reabilitações.
A cidade se põe em reflexão.
Novas formas, novas visões, novas ações.
Gera transformação, gera transfiguração, gera transição.
Há acessibilidade, há possibilidade, há mobilidade.
A cidade se torna experimental.
Cidade-jardim, cidade-satélite, cidade-favela.
Presença de organização, presença de reorganização, presença de desorganização.
Conduzem um entorno, conduzem um contorno, conduzem um retorno.
A cidade se arrisca a evoluir.
Uma mega-cidade, uma meta-cidade, uma rádio-cidade.
Ilustra explosão, ilustra aproximação, ilustra comunicação.
Facilita na interseção, facilita na superposição, facilita na integração.
A cidade se representa no indivíduo.
Alguns residentes, outros transeuntes, uns agentes.
Alguns preferem vivenciar, outros preferem utilizar, uns preferem experimentar.
Alguns são quem vive, outros são quem vê, uns são quem muda.
A cidade se transforma em ações.
Existe morar, existe trabalhar, existe passear.
Retrata o esconder, retrata o conviver, retrata o viver.
Incluem o encobrir, incluem o habituar, incluem o mover.
A cidade se experimenta na velocidade.
É a temporalização, é a transfiguração, é a deslocação.
Ainda transformam, ainda modificam, ainda movimentam.
Surgem novos estados, surgem novos tipos, surgem novos corpos.
A cidade se interessa em investigações.
Experimenta desaparição, experimenta potenciação, experimenta deslocação.
Estrutura novos espaços, estrutura novos tipos, estrutura novos territórios.
Propõe a individualização, propõe a valorização, propõe a descorporalização.
A cidade se decreta em alteração.
Primeiro é ocupar, durante é transformar, depois é desocupar.
Primeiro é entrar, durante é trocar, depois é sair.
Primeiro é emergente, durante é inteligente, depois é descrente.

A cidade se inverte ao início.
A cidade se inverte ao expansivo.
A cidade se inverte ao êxodo-rural.
Novas formas ou formas antigas?

março 06, 2007

TEMA 01 (postagem até 21/03)


foto: Alex MacLean. http://www.alexmaclean.com/