agosto 30, 2007

TEMA 2 (postagens ate 13/09)

O mundo está ficando mais quente.
Ao longo dos últimos 25 anos a temperatura em algumas cidades subiu mais de dois graus, e ainda pode piorar.
Como construir cidades que possam se adaptar a este novo, e longo, verão urbano?

Sustentabilidade flutuante

Sobre o lago Titicaca, localizado entre o Peru e a Bolívia, flutuam as centenárias ilhas auto-sustentáveis construídas pelo povo Uros, descendentes dos Incas. Essse povo construiu cerca de 40 ilhas feitas com totora, uma vegetação abundante no lago, há centenas de anos pela necessidade de fugir de ataques inimigos. As ilhas têm 1 metro de espessura, formada pelas raízes dessa planta, e são fixadas por grandes estacas fincadas no fundo do lago que as impedem de flutuar a deriva. Quase tudo o que é utilizado nas ilhas é derivado de totoras, desde a comida até as moradias. A população, com cerca de 300 famílias, sobrevive da caça de aves, pesca e trocas de mercadorias. As ilhas possuem escola, cabanas, bancas para vendas de artesanato e troca de mercadorias, etc. A pequena infraestrutura presente nessas ilhas e os anos de existência confirmam sua sustentabilidade.

Sol, água e vento. Estas três fontes de energia tornam independente e ecológica a enorme ilha artificial que flutua no Tejo. A ilha-cidade funciona como se fosse uma gigantesca estrutura modulada, onde cada módulo tem água, luz e tudo o mais obtidos a partir de fontes renováveis. A concepção da Ilha pressupõe a introdução de novas tecnologias e “novos materiais inteligentes”.
"Um edifício flutuante, que pode crescer e diminuir, mover-se de e para qualquer ponto, de superfície irregular, utilizando o movimento das águas e do ar como gerador de energia, e fazendo das flutuações e da diferença de temperatura outro elemento importante. Usa a luz e o calor como energia, constituindo um organismo onde tudo pode acontecer". Assim a define Emanuel Dimas Pimenta, arquiteto português, que elaborou a proposta virtual da ilha para a candidatura de Lisboa aos Jogos Olímpicos de 2020.

A degradação dos recursos naturais e o crescimento continuo da população mundial, concentrada principalmente nas cidades, tem nos conduzido a um estado de insustentabilidade, onde é crescente a redução de solo fértil. Diante desse quadro é imprescindível a criação de planos de ação para efetivar e consolidar a sustentabilidade, repensando os sistemas construtivos e as relações homem e meio, propondo novas possibilidades de ocupação das superfícies do planeta.
Novas propostas, que utilizam novas tecnologias e materiais, têm se materializado na forma de ilhas-cidade, que flutuam sobre lagos e mares. Essa ilhas são promessas de uma vida sustentável, semelhante a vivenciada pelos Uros no Peru.

Mas diante dessas novas arquiteturas de alto desempenho ambiental e tecnológico, como sensibilizar a população a essa nova cultura do habitar sustentável?


Mundo Paralelo

Montreal-Canada
Formada por dois planos sobrepostos, nasceu por iniciativa de empreiteiras. As construtoras passaram a comercializar espaços subterrâneos e, sem querer, criaram um jeito original e confortável de se locomover a pé. Seu primeiro plano – a superfície – é formado por ruas, edifícios, residências e “comércio mais luxuoso”, priorizando o uso e circulação dos automóveis. Já no seu segundo plano – o subsolo – é formado por 32 km de corredores aquecidos no inverno, refrigerados no verão, com praças de alimentação e lojas mais populares. Uma espécie de imenso shopping pelo qual as pessoas circulam para tomar o metrô, ir ao trabalho ou à faculdade. Os corredores chegam a ter três andares. Em muitos dos cruzamentos há espaços com um pé-direito mais alto, cobertos por cúpulas transparentes que deixam entrar a luz do dia.

Instant City
Projeto lançado em 1969 pelo grupo Archigram. Formada por uma arquitetura móvel e flexível, a Instant City se deslocaria até as pequenas cidades para que os habitantes destas tivessem acesso às informações e novidades dos grandes centros urbanos. Não possui uma localização fixa. A “cidade instantânea” pousa sobre uma cidade que já existe, se interage com ela gerando uma rede de informação e depois a deixa.

Mundo Paralelo
Mesmo que por motivos diferentes, a cidade subterrânea de Montreal, a Instant City e as cidades existentes nas plataformas de petróleo levam os habitantes a viverem em um mundo paralelo. No caso de Montreal esse mundo paralelo e artificial se forma principalmente na parte subterrânea da cidade onde, por exemplo, o clima é controlado. Já na Istant City o mundo paralelo se forma no encontro da cidade de informação do grupo Archigram com as pequenas cidades. Já nas cidades as plataformas de petróleo, o próprio cotidiano dos trabalhadores é que forma o mundo paralelo. A questão é que nem sempre a vivência em “mundos paralelos” é imposta ou até mesmo indesejada. Cada vez mais, por um motivo ou outro – seja para esconder dos fenômenos da natureza, ter acesso à outras informações ou realizar trabalhos – as pessoas buscam esse tipo de cidade, de experiência de certo modo artificial.

cidades frenéticas... corpos inertes...


Antes de questionar ou qualquer outra coisa, me permito sentir o quanto seria incrível viver em cidades flutuantes. E mesmo as plataformas com raízes grandes e profundas me permitem pensar nas cidades andantes de Archigram, mistura de nave espacial com submarino atômico. Architecture e telegram . Uma arquitetura com a mesma instantaneidade de um telegrama...uma arquitetura que comunica... arquiteturas que se comunicam. Consigo ver seus tentáculos funcionando em movimentos frenéticos. Capturando e levando coisas. Uma troca entre as cidades. Uma rede de cidades que se comunica entre seus tentáculos. Archigran questionava o processo de representação e de criação arquitetônica no momento de uma grande revolução tecnológica.... políticas de conquista espacial, o crescimento das redes de telecomunicações via satélite, o surgimento da robótica e computadores. Inventavam cidades incrivelmente vivas. Uma arquitetura mutante... tentativa de gerar espaços adaptáveis, espaços sensíveis as transformações e às exigências naturais da evolução da sociedade. É isso que me encanta... ver a cidade transitar pelo real e imaginário. Mais do que megaestruturas (mais do Richard Rogers, Norman Foster e sustentabilidade) Archigram se permite experimentar além das possibilidades consolidadas... se permite imaginar... Evolução ou não, vivemos em dois mundos. Os corpos se territorializam além do espaço físico. Pertencemos a comunidades que nunca vimos e mal ouvimos falar, nos relacionamos em salas onde não existe o corpo. É a realidade invisível, “carentes de massa”. Onde não precisamos nos mover para movimentar... andar, voar ou flutuar para chegar. Existem momentos que é necessário andar, voar ou flutuar... e estes são o que mais gosto. Pensar em cidades andantes no momento em que tudo tende a inércia do corpo. Tudo feito por controle remoto.
Ainda não posso ver os tentáculos mas começo a identificar ... Sealand tem 550m quadrados, moeda própria, brasão e bandeira oficiais. Um país flutuante que esta a venda. Vista infinita do mar, tranqüilidade absoluta garantida e nada de imposto. Basta multiplicar para imaginar como seriam as relações dentro destes pequenos países e entre os milhares de pequenos países.
"As cidades, como os sonhos, são construídas por desejos e medos" - diz Ítalo Calvino, no seu livro "Cidades Invisíveis".

Novas formas de habitar


A revolução tecnológica deixou marcas na sociedade, guiando-as para uma cultura informatizada e consumista. Essa nova linha de pensamento aguçou o surgimento de formas inovadoras na arquitetura. A partir de idéias sedutoras e futuristas, o grupo Archigram deu origem a vários projetos, sendo um deles o "Plug-in City". Baseava-se em uma megaestrutura que suportaria um sistema sofisticado de serviços, que atenderiam todas as necessidades dos novos habitantes como: restaurantes, supermercados, farmácias,quadra esportiva e etc.
Essas moradias pré-fabricadas seriam projetadas com o intuito de serem práticas, compactas, econômicas, confortáveis e flexíveis. Semelhantes a essa cidades, em 1982 é construída a primeira plataforma semi-submersível, no Campo Marlim, na bacia de Campo. Com estrutura e formas de vidas parecidas com a proposta dos archigram.
Apesar de toda a hospitalidade da plataforma, a empresa não consegue manter uma permanência saudável dos seus empregados. A plataforma é rígida e impõe uma restrição. Embora ela esteja inserida em um ambiente flexível, ela permanece consistente e sólida. É um ambiente onde as pessoas não deixam suas marcas e identificações pessoais, dificultando uma relação espacial. Não há como existir a situação do espaço habitado, comum ao que ocorre dentro das cidades. As relações são provisórias, não passíveis de ser apropriado como um lugar que realmente pertença ao usuário.
Essa falta de identificação ocorre também em sua residência, pois para o morador sua casa não passa de uma demarcação espacial, pelo fato de sua permanência ser limitada. A relação de apropriação é efêmera.
A apropriação, o percurso e a descoberta são um vínculo importante para que exista uma identificação pessoal com o lugar, conseguintemente abrindo caminhos para valores. É fundamental entender a relação do homem com o espaço para que a partir daí, consiga estabelecer uma proposta mais pertinente criando espaços flexíveis, onde as mudanças possam se adequar com maior facilidade, atendendo assim a necessidade e o propósito de cada usuário.
O espaço deixa de ser somente uma configuração geométrica e passa a ter um formato particularizado onde cada indivíduo adquire sua própria experiência, cria sua própria identidade e estabeleça relações pertinentes com as lembranças e vestígios deixados ali.

agosto 29, 2007

E agora??

No ano de 2030 acontece o tão temido aquecimento global. Fortes ventos, grandes ondas, chuvaradas, altas temperaturas, degelo, etc. foram conseqüências deste fenômeno. As cidades litorâneas foram engolidas pelo mar. Comentava-se que poderia ser um novo dilúvio. Muitas pessoas mortas e feridas. _ eh! Uma verdadeira tragédia. Dizem que tudo tem um lado bom. Vinte e cinco anos depois da “guerra” vieram à normalidade. A reconstrução das cidades, afinal, nem Noé ficou na Arca a vida toda.O que antes era uma utopia no começo do século XX em 2055 começa a virar realidade. As cidades futuristas imaginadas pelo Grupo Archigram tornaram-se analogia para os arquitetos, engenheiros, design nesta reconstrução. Esses começam a criar desde moradias até veículos para se habitar novos espaços. Já que uns das formas escolhida para ocupação deste foi o “espaço”, torres dispondo de alta tecnologia foram construídas sobre pilares cravados na água e passarelas, elevadores, computadores, carros flutuantes e até robôs, foram pensados, articulados e projetados para se viver em uma cidade “espacial”A torre moradia possuem, suítes com sistemas de climatização, computadores e LCD, banheiro com chuveiro a seco, sala com varanda com vista para o “espaço”, cozinha ligada a internet proporcionando ao morador cozinhar com qualquer mestre culinário onde ele esteja, área de serviço; lavar e passar não e mais a funções das donas de casa, e sim dos robôs (sistemas robotizado) , elevadores e esteiras rolantes facilitam locomoção no seu interior.Espalhadas pela cidade as torres comercio (padarias, supermercados, lojas, hospitais, postos , etc.) são equipadas com alta tecnologia tendo um sistema drive –tru, que otimizam o dia a dia. O mesmo funciona nas torres shopping, onde as vitrines são vistas a partir de passarelas rolantes que as circundam.
Com o passar dos anos o que era só um projeto hoje é realidade. Vivenciar e experimentar esta nova cidade auto-sustentável que é composta por um sistema de satélites para movimentação dos transportes, um sistema de energia renovável e um sistema de aproveitamento de água que adequam o meio ambiente para proporciona mais comodidade, praticidade, segurança e também economia, dando melhor qualidade de vida para as pessoas que a habitam.

Lugares Habitáveis

Embarquei em Belo Horizonte no dia 10 de dezembro com destino à Boston, com a mesma sensação de quase todos os que vão embora: êxtase e melancolia.Apesar de não suportar mais a cidade e o meio onde eu vivia, de não me caber mais nem no meu próprio quarto, estava deixando pra trás família e amigos. Além de já estar cansada de ouvir minha mãe dizer aos outros: “Tadinha dela, vai sofrer demais lá, não tem nada pra fazer e nem vai ter amigos.”Mesmo assim, fui, convicta de que era o melhor a fazer, e que por pior que fosse não seria pior do que aqui.Após algumas semanas, já um pouco mais familiarizada e com uma rotina estabelecida, comecei a entender o que minha mãe queria dizer, me senti ilhada, sem vida e sem vontades... nem vontade de comer eu tinha, o que é um absurdo pra uma pessoa nascida numa família de gordos, onde no fim tudo sempre acabava em comida.Durante os seis meses que estive lá, posso contar nos dedos quantas vezes eu caminhei nas ruas de alguma cidade, quantos amigos eu fiz ou qualquer tipo de lazer. A não ser comprar compulsivamente ou bater papo com minhas amigas daqui via messenger, o que aliás fazia durante a maior parte do meu tempo livre, em nenhum momento consegui me livrar daquela vidinha tão irritante que havia deixado pra trás.Mesmo nessa total monotonia, não conseguia entender quando as pessoas de lá me diziam que queriam entrar na minha bolsa quando eu viesse embora ou diziam me invejar simplesmente porque eu iria voltar a viver aqui.Apesar disso, em nenhum momento eu consegui sentir saudades do lugar onde minha rotina era bem mais agradável que aquela, com mais contato físico de forma geral, onde eu podia ser quem eu sou e conviver com as pessoas com as quais me identifico.Hoje, já de volta e com muita vontade de ir embora novamente, não consigo entender a loucura de não gostar do lugar onde posso ter o que gosto e ter vontade de voltar pra onde não há “vida”. A única coisa que posso pensar é que podem construir cidades flutuantes, submersas, tubos, bolhas, grandes plataformas de petróleo ou cidades na sua forma mais convencional ainda vão existir pessoas para habitar cada uma delas.

terra ou mar?

Local de trabalho: Plataforma de petróleo
Carga horária: 8hs/dia
15 dias na plataforma
21 dias de férias

Porque 15 dias trabalhando e 21 dias de férias? Não sei o real motivo, mas acho que é para que os funcionários possam descansar, dessestressar, curtir a família, os amigos...
Acontece que atualmente não são só as plataformas de petróleo que estão “invadindo” o mar, mega construções de “cidades flutuantes” estão tomando o mar como fundação. Ilhas gigantes caríssimas irão se tornar refúgio de milionários. Provavelmente eles passarão uns dias em suas ilhas particulares e algumas semanas no caos da cidade em terra firme, lidando com seus negócios.
Uma novidade é uma nova embarcação chamada Freedom Ship. Ao contrário de um navio de cruzeiro, o Freedom Ship será uma cidade flutuante com até 50 mil residentes permanentes. O navio irá circularr o globo a cada dois anos e oferecerá tudo o que uma cidade dispõe, incluindo hospital, faculdade e um dos maiores shoppings centers do mundo.
Inicialmente será para os ricos e famosos. O preço inicial de uma suíte será de US$ 121 mil por um quarto com 28 m2, chegando a US$ 11 milhões por uma suíte de 474 m2 no exclusivo 21º andar do navio, que os preços começam em US$ 3 milhões.

Como será a vida nessa cidade flutuante?

Com 17 mil unidades residenciais e mais de 60 mil pessoas a bordo, o navio terá todos os recursos que qualquer cidade moderna pode oferecer, incluindo:
*hospital de US$ 200 milhões
*pista de aterrissagem de 1.158 m, que atenderá aos aviões particulares e algumas aeronaves comerciais para não mais de 40 passageiros
*hangares para aeronaves particulares
*marina para os iates dos residentes
*grande shopping center
*sistema escolar com educação de nível fundamental, médio e superior
*campo de treinamento de golfe
*trilhas para bicicletas
*200 acres a céu aberto para recreação
A “cidade” será ambientalmente responsável. O navio usará sanitários com incineradores, que custam cerca de US$ 3 mil, para queimar todo o esgoto. O óleo usado será queimado em uma instalação de caldeiras a vapor para gerar eletricidade em vez de ser despejado no oceano. Todo o vidro, papel e metal usado será reciclado e vendido. Estima-se que cada residente produzirá 80% menos desperdício no navio do que em sua casa atual em terra firme.

A questão agora é saber como será a qualidade de vida dessas pessoas. A cidade em terra firme, não tem sua paisagem modificada tão rapidamente quanto a paisagem em volta do navio, que se resume basicamente em mar por todos os lados na maioria do tempo, mas é uma cidade com constantes mudanças, tanto de seus moradores, quanto da vida de cada um.

EDITADO 01.11.07

Novas cidades

Cidades intergalácticas, casas flutuantes e submersas, torres, cúpulas, bolhas, glóbulos, cápsulas insufláveis, extensíveis, acopláveis, mutáveis, substituíveis...

Quando criança, assistia os Jetsons e ficava imaginando como seria o futuro com tantas facilidades tecnológicas. Me divertia ao imaginar a cidade dentro de uma gigantesca cúpula geodésica, onde o clima seria controlado por computador. A chuva, o frio e o calor ficariam lá fora, do outro lado das paredes do domo protetor. As casas seriam flutuantes, as torres e cúpulas cintilantes e as ruas substituídas por redes de tubos de vácuo, por onde carros, cápsulas voadoras deslizariam em velocidade supersônica. O turismo interplanetário seria uma opção de lazer e como se não bastasse, robôs falantes e todos os tipos de equipamentos funcionariam a um simples toque de botão, tornando as atividades cotidianas muito mais fáceis.

Quaisquer semelhanças com as propostas do grupo Archigram, não são coincidências. Assim como os Jetsons, o grupo nasceu na década de 60, “idade de ouro” do desenvolvimento capitalista e período de grande avanço tecnológico. Alguns dos objetos arquitetônicos experimentais criados por eles, poderiam ser confundidos com “aranhas robóticas” , foguetes lunáticos ou naves espaciais, que tenham saído diretamente, da cidade dos Jetsons, ou de um filme qualquer de ficção cientifica.

Embora fossem metáforas, algumas de suas propostas apresentavam características, que podem ser facilmente encontradas nas “gigantescas” plataformas de exploração de Petróleo.

As “pernas tubulares”, o movimento constante, a mobilidade e os imensos contêineres empilhados sobre a plataforma, fazem com ela pareça uma concretização da idéia da Walking City. Quem poderia imaginar, que aquelas imagens insólitas de cidades “bichos”, pudessem se tornar realidade?As plataformas me fazem crer, que uma nova cidade já pode ser construída sobre as águas, ou até mesmo, sobre o ar. Sem lugar fixo, e por que não, sem habitante fixo. Uma cidade passível de transformação, que possa ser reprogramada e remanejada com o passar do tempo, acompanhando a mutabilidade do cotidiano urbano, decorrente do surgimento de novas necessidades de consumo.


Só espero que a fé em demasia no avanço tecnológico, não faça dessa nova cidade, apenas um produto a mais da indústria: Em que cidade você quer morar? Em uma impulsionada por magnetos de indução elétrica, que “voe” sem queimar petróleo e emitir poluentes ou em uma cidade do modelo Bulletway?

A tecnologia ocupa um lugar importantíssimo na constituição de uma nova cidade, porém é necessário, um trato especial, para que ela não seja mais importante que os próprios habitantes, tornando a relação homem/máquina de extrema imposição e dependência. É papel do arquiteto contribuir na criação de ambientes que permitam que as pessoas deixem suas marcas, ambientes onde elas se sintam realmente “em casa”.



Flutuante


A exploração de petróleo (recurso mineral não renovável) faz com que cada vez mais visionários de lucros, busquem formas, eficazes e rápidas, para a exploração do petróleo, construindo assim, grandes “cidades ilhadas tecnológicas” ou “cidades ilhadas capitalistas”, construções essas que se instalam em determinados lugares até sugarem todos os recursos, como as plataformas petrolíferas, que chegam a produzir diariamente mais de 180mil barris de petróleo.

Apesar da tecnologia avançada das construções contemporâneas, o homem já pensava em meios de sobrevivência e ocupação em lugares fora da terra firme, por exemplo, o Mercado Flutuante em Bangkok na Tailândia, que é um labirinto de canais estreitos, congestionado de pequenas embarcações de madeira, onde um amontoado de pessoas vendem seus produtos, para os consumidores nas “margens”, margens estas feitas sobre palafitas, cultura está, denominada arcaica, assim como comunidades inteiras vivendo ilhadas, na Amazônia, onde o único meio de transporte são as embarcações, outros povos se organizam como verdadeiros nômades nas águas do oriente médio, povos estes que vivem de maneira ultrapassada, morando em pequenas embarcações familiares, onde passam a maior parte do ano navegando, à deriva, sobrevivendo do que o mar oferece.

A cidade idealizada pelos situacionistas, a Nova Babilônia é uma cidade nômade, feita de habitações temporárias, permanentemente remodeladas pelo vagar de seus habitantes, onde “pode-se vagar durante um longo tempo pelo interior dos setores unidos entre si, entregar-se à aventura que nos oferece esse labirinto ilimitado. A circulação rápida no solo, os helicópteros por cima dos terraços cobrem grandes distâncias e permitem a mudança espontânea de lugar”. Os habitantes situacionistas são esses caminhantes – os mendigos, os boêmios, o que restou dos ciganos – são as pessoas que nos podem falar sobre a cidade, pois somente elas vivem todo dia a experiência de distanciar-se do caminho, subtrair-se ou adaptar-se a uma nova situação. Assim também são as grandes malhas subterrâneas (gasoduto, esgoto, água, telefone, etc.), outras possibilidades, conectadas pelos tubos e cabos, passando em rochas, mares, pastos, montanhas... Ligando uma cidade à outra, uma casa a cidade, são redes intermináveis, muitas vezes à deriva, sem saber por onde vai passar, onde vai chegar.

agosto 22, 2007

City in Landscape

Num tempo de grande especulação imobiliária e terras cada vez menos disponíveis, como pensar as cidades?
Os engenheiros da empresa U. S. Myriad-Technologies, estão desenvolvendo um projeto denominado Atlântida, a cidade dos oceanos. O objetivo deste projeto, não é apenas abrigar pessoas, mas domesticar a fúria do oceano. Para a Holanda, as cidades flutuantes representam mais do que expansão e infra-estrutura, elas são a solução para o aquecimento global.
Esta idéia de cidade sobre as águas não é tão nova assim... Ela surgiu, de acordo com a escritura bíblica, quando Nóe foi convocado por Deus, para construir uma arca que pudesse abrigar, além de sua família, representantes de animais (e plantas) de todo planeta, correspondendo não apenas a uma cidade, mas a uma vasta região.
Todas as questões apontadas para a construção de uma cidade flutuante, são relevantes, mas o maior potencial deste projeto, é a possibilidade da arquitetura se mover, dela se deslocar...O prazer que essa arquitetura móvel possibilita, é apontada por Herman Hertzberger em seu livro Lições de arquitetura “As unidades de moradia num assentamento sobre a água seriam muito mais variadas na aparência do que seria possível em nossas vilas e cidades comuns sobre a terra. E que o senso de liberdade há em saber que podemos nos mudar em nossa casa para um lugar diferente, quando, por exemplo, quisermos estar em determinado bairro por um motivo qualquer.” ¹
Talvez com casas que flutuam, as pessoas novamente se aproximem...
Talvez, sem ruas que amedrontam e interrompem nosso direito de ir e vir, as pessoas voltem para as cidades e a visitar seus vizinhos.Talvez, pessoas e casas farão interfaces...
As cidades, são mais do que a soma de suas partes: habitações e indivíduos, estas partes se compõem...
A cidade pretolífera, embora magnífica e impetuosa, também é “imóvel”, nela, apenas a internet possibilita ir além, percorrer outros lugares, porém sem vivenciá-los...
Se é possível pensar cidades sobre águas, por que não na atmosfera?Talvez, já foi até projetada? Na mesma referência em que encontramos a cidade flutuante, encontramos também a proposta para a cidade aérea: Apocalipse 21:1,15-21 “E vi um novo céu, e uma nova terra…a cidade estava situada em quadrado; e o seu comprimento era tanto como a sua largura. E mediu a cidade com a cana até doze mil estádios; e o seu comprimento, largura e altura eram iguais...”²
Concluo citando Herman Hertzberger: “Nossa arquitetura deve ser capaz de acomodar todas essas diversas situações que afetam a maneira como um edifício é entendido e usado. Ela não só deve ser capaz de adaptar-se às condições mutáveis do tempo e às estações...deve ser deliberadamente projetada para responder a todos esses fenômenos.”³


¹-HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. Trad.bras. Carlos Eduardo Lima machado. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 1999.
²-Bíblia Sagrada. trad.bras. João Ferreira de Almeida. Ed. Vida.São Paulo1997.
³-HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. Trad.bras. Carlos Eduardo Lima machado. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 1999.

agosto 21, 2007

so para complementar o beto, algumas modificações ocorridas em Dubai em alguns anos. "puts surreal".

Loucuras de Dubai



Dubai, um dos sete principados dos Emirados Árabes Unidos, faz parte da rica região produtora de petróleo do Golfo Pérsico. Com apenas um milhão de habitantes e 77 quilômetros quadrados de área, ele poderia ser lembrado por sua riqueza. Atualmente, seus resorts de luxo recebem cerca de cinco milhões de visitantes ao ano. Número que tende a crescer quando ficarem prontas todas as obras mirabolantes em andamento no país.

Já se pode enxergar no chão o contorno do Burj Dubai, ou Torre de Dubai, que será o maior prédio do mundo quando concluído, em 2008. As bases da construção, inspiradas em uma flor de seis pétalas típica do deserto, aparecem como um desenho incrustado no solo. Foram 12 meses de trabalho para consolidar, a 50 metros de profundidade, a estrutura subterrânea composta por 195 vigas feitas com 110 toneladas de concreto, que darão suporte ao gigante.

As dimensões exatas do gigante de concreto são mantidas em sigilo. Os especialistas calculam que ele passe dos 700 metros de altura. O número de andares também não é exato. A princípio falou-se em 123, mas, da maneira como foi projetada, a torre pode ganhar mais andares durante a construção. Todo esse mistério gerou um bolão de apostas. Há quem diga que o prédio ultrapassará os 150 andares, isso porque, na visita à obra, alguns convidados viram um modelo de elevador com 189 botões, um para cada andar.

O Burj Dubai vai superar o atual espigão mais alto do mundo, o Taipei 101, em Taiwan, com 509 metros. Dessa forma, o Oriente Médio volta a ter a honra de abrigar a maior estrutura construída pelo ser humano, título que perdeu em 1889, com a construção da Torre Eiffel, em Paris. Até então, o recorde pertencia à Pirâmide de Gizé, no Egito. Atualmente estão na Ásia os maiores edifícios do globo.

O país possui uma série de outras obras tão espetaculares quanto o Burj. Entre elas estão o The Palm, projeto que pode ser visto do espaço e prevê a construção de condomínios residenciais e hotéis de luxo sobre três ilhas artificiais em formato de palmeiras.

As duas primeiras ilhas, que aumentam em 120 quilômetros a extensão territorial do país, devem ficar prontas até o final deste ano. A primeira, Palm Jumeirah, é residencial e cada um de seus 17 braços em formato de folha é reservado a uma única mansão. Especula-se que o jogador inglês David Beckham tenha reservado a sua por US$ 1,6 milhão. A segunda ilha, Palm Jebel Ali, é voltada ao entretenimento, com parques aquáticos e restaurantes. Juntas, elas terão 60 hotéis, quatro mil mansões, cinco mil apartamentos e mil casas de praia.

agosto 18, 2007

Evolução? É isso mesmo!!!




Plataforma de petróleo, uma mistura da ideia do Archigram (o mundo maquina um consumo da massa), grupo que se inspirou na tecnologia como forma de expressão para criar projetos hipotéticos, na tentativa de resgatar as premissas fundamentais da arquitetura moderna. Defendiam uma abordagem high tech, com infra-estrutura leve, explorando o universo das estruturas infláveis, computadorizadas, ambientes descartáveis, cápsulas espaciais e imagens de consumo de massa. Seu trabalho apresentava uma visão sedutora de um futuro da era da máquina, de uma sociedade orientada para o consumo, altamente informatizada, e nômade e o modernismo cujo suas características se baseavam em (funcionalidade, racionalidade, produção acelerada, industrialização e economia). A junção conceitual desses dois movimentos é muito bem retratada na plataforma de petróleo, uma máquina de morar, onde as “turbinas” nunca param de se aquecer, onde o vai e vem dos nomades que trabalham por um periodo a transformam em seu próprio lar.

Mas por trás disso tudo há uma preocupação ainda maior com as questões ambientais que estão em jogo, que vai desde o processo de extração, transporte, refino, até o consumo desse bem não renovável levantados pelas organizações ambientais, ou melhor, os "Protetores do Planeta". Para o Greenpeace, o uso de combustíveis fósseis não renováveis sempre oferecerá riscos para a natureza, como afirma John Butcher, da Campanha de Substâncias Tóxicas do Greenpeace brasileiro. "O problema é muito maior, a questão para evitar acidentes não se resume à manutenção e fiscalização. Sempre haverá um risco contínuo com esses tanques enormes. O problema é a matriz energética e o Greenpeace defende a substituição e a eliminação gradual dos combustíveis fósseis por fontes renováveis alternativas como a energia eólica, solar e a energia das mares, porém para que isso atinja uma escala maior, precisamos de continuar a explorar o petróleo, paralelamente às novas fontes de energies renováveis.

Não descarto a preocupação com a questão ambiental, porém essa exploração faz parte da evolução natural dos seres, é preciso ficar atento ao nosso papel de catalisadores para que nossas ações não acelere e nem retarde esse processo de evolução. Ou você acha que o mundo vai durar para sempre? Um egoísmo de sua parte!
Evolução? é isso mesmo!



IMAGEM: Ramon Fassarella

referência: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp231.asp

http://www.comciencia.br/reportagens/petroleo/pet12.shtml

agosto 14, 2007

desertos verdes


Combustível. Que valioso bem é esse, que cria novos espaços e novos rumos? Que transforma os lugares e as pessoas, que cria e destrói?Sem combustível não há vida, não há movimento. Os seres humanos não viveriam sem alimento, e os carros não se movimentariam sem gasolina, diesel, ou o mais recente biodiesel. Isso é fato, não é teoria. E o mundo sempre soube que está aí a fonte da riqueza, está aí a prosperidade de uma nação. Mas que rumos isso tem trazido ao mundo? E consequentemente à arquitetura?Imensas áreas tem se transformado em "mono-áreas", já que ali se cultiva uma monocultura, indo embora toda a diversidade do mundo contemporâneo; tem-se substituído o plantio do alimento ao ser humano para o plantio do alimento de veículos e de cidades; têm surgido verdadeiras cidades mecânicas, como as plataformas de petróleo; as plantações de cacau na Bahia têm se transformado em plantações de mamona ou de cana-de-açúcar, já que os nossos "amigos" norte-americanos agora são nosso parceiros no biodiesel. Tão bonzinhos! Daqui há alguns anos estaremos importando alimento, devido a sua escassez em nosso território, pois nossas áreas estão sendo utilizadas para os fins citados acima. E quanto ao relacionamento entre os seres humanos? Será o mesmo?A internet já trouxe um distanciamento entre os humanos, alterando a arquitetura, fazendo surgir lan-houses ao invés de praças que realmente são utilizadas. E quanto ao combustível? O que fará com o planejamento urbano? Será que projetaremos casas com cana-de-açúcar, tendo o petróleo como liga? Afinal este é nosso maior bem, e quem sabe será o único! Será que chegamos na era Archigram? Onde verdadeiras cidades mecânicas surgirão, para extrair todo o combustível do mundo com mais economia e maior velocidade? Cidades que permitam outras máquinas, como o automóvel, o avião, o ser humano. Parece utopia, viagem, piração? Mas o mundo não o é?Uma coisa é certa: O mundo tem se transformado em um grande deserto verde. Ora, mas não buscávamos o verde?!? Áreas verdes sem vida, sem continuação, sem humanos, sem relacionamento, sem arquitetura?!? Um mundo afinal constituído de cidades-máquinas, sem nenhum risco de ter algum sentimento.
link:
http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp231.asp

agosto 13, 2007

[in]sustentabilidade


Essa coisa de pensar em Archigram, em loucuras que as pessoas fazem para ganhar dinheiro e em até onde vai a ambição (e a coragem) dos arquitetos e engenheiros, lembrei-me da Estrela da Morte (Star Wars). Quem são os americanos, com sua Skylab, perto da magnitude da Estrela da Morte? Porém a única utilidade desta maravilha da arquitetura/engenharia era a destruição. Aquela coisa enorme era só pra abrigar o superlaser.

Ficção a parte, inovar é muito bom, criar é fantástico, mas destruir é burrice! Criar uma máquina de destruição, mesmo que seja magnífica, é inconcebível, pois o mal volta contra ela mesma. Mês passado a notícia de que “Plataformas de petróleo brasileiras poderão descartar mais óleo no mar” não fez o barulho que deveria. Um aumento de 30% na quantidade de resíduos lançados ao mar, e agora autorizados por 9 órgãos de governo. Não se admire se um dia você entrar no mar e sair igual àqueles pingüins cheios de óleo e graxa. Estações de extração de petróleo já são erradas por, justamente, extrair petróleo, bem NÃO RENOVÁVEL! Mas a ganância implacável de quem tem mais dinheiro é imensa e engenheiros e arquitetos apenas se rendem. Para a indústria criar é só uma questão de mercado, se ele existe “dane-se” o resto. Que louco iria se preocupar investindo em sustentabilidade enquanto pode tranquilamente ganhar fortunas como explorador? Nem o Green Peace com o pobre Arctic Sunrise que nos anos 90 fez uma verdadeira inspeção nas plataformas no Mar do Norte, nem nada que eu possa dizer aqui resolverão este problema. É mais do que cultural e econômico, parece coisa de terroristas.

E finalmente, last but not least, onde estamos nós nesta história? A cancerosa multiplicação de arquitetos terroristas continua, crescei e multiplicai-vos! Sabemos que pensar não é dom de muita gente, então será que podemos pensar pelos outros, ou melhor, FAZER ALGO PELOS OUTROS? Ou será que não nos formaremos arquitetos, mas professores para nos tornarmos professores de outros estudantes, que por sua vez se tornarão novos professores de outros? Mas do que discutir é agir! Então, mãos a obra!!!





Referências:

Estrela da Morte:

http://www.arcadovelho.com.br/Death/Estrela%20da%20Morte.htm

Notícia sobre descarte de óleo no mar:
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/07/23/materia.2007-07-23.4338577561/view

Como fazer alguma coisa:
http://www.greenpeace.org/brasil

agosto 08, 2007

TEMA 01 (postagem ate 23/08)

Walking City, Plug-in City ou plataforma de exploração de petróleo no Mar do Norte?




FOTO: www.statoil.com

INICIO DO 2° SEMESTRE DE 2007

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