novembro 30, 2009

Quanto vale, quanto pesa. Tema 7

Na região do Vale do Aço, assim como em outras várias cidades do Brasil, existe a cultura sucateira como forma de reaproveitamento dos materiais que entraram em desuso (lixo/sucata).
Os catadores da região geralmente têm parcerias em cooperativas ou simplesmente vendem o material coletado para sucateiras (que é o que a cooperativa geralmente faz), a princípio as sucatarias do Vale do aço revendem a sucata para maiores sucatarias ou para pequenas fundições da região (no caso de materiais metálicos). Esses resíduos têm o preço muito baixo, principalmente para os catadores, o que acaba gerando uma cultura miserável e exploratória.

Atualmente um motivo constante de discussão é a sustentabilidade ambiental, ao que nos faz esquecer a sustentabilidade econômica, o Brasil é o país que mais recicla alumínio no mundo, porém isso acontece graças aos catadores, esses que ficam em festas se arrastando pelo chão ou revirando lixeiras fétidas a procura de latas. Para se conseguir um quilo de alumínio são necessárias 70 latinhas, que tem o valor de R$1,50 nas sucateiras do interior e R$2,50 nas sucateiras das Capitais, para se agregar valor a isso a quantidade é importante, o que não faz parte da realidade dos catadores.

Toda reciclagem de alumínio do Brasil acaba caindo nas duas maiores produtoras de alumínio do país, ALCOA e a ALCAN, que alegam que o custo da reciclagem do alumínio tem o preço equivalente a produção primária, e que seria impossível comprar alumínio de sucateiras com o valor mais alto.

A questão maior é enxergar de modo crítico as soluções que a sustentabilidade ambiental busca para se resolver, o quanto realmente ela é sustentável, pelo ponto de vista geral. Os problemas deveriam se resolver sem criar outros, as soluções devem coexistir, de modo que o mundo se torne verdadeiramente racional, e algum dia se tornar civilizado.


“O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir.” (Milton Santos).

Hugo Marlon da Silva

Arquitetura e o Meio Ambiente (Tema - 07)

Devido ao grande aumento da população e ao agravamento das concentrações urbanas, em áreas indevidas, ao crescimento do volume de resíduos de todas as ordens, o impacto ambiental se tornou evidente. As mudanças ocasionadas pela degradação do meio ambiente alteraram o modo de vida, mas também ao clima, a qualidade dos alimentos, a flora e a fauna, erosões, enchentes, contaminações, doenças, tem atingido um grande número da população, expressando a questão crucial da degradação ambiental. Onde especialistas ambientais estão sempre em busca de selecionar estes problemas, tomando providencias com proporções alarmantes.

A uma diversidade de profissionais hoje em dia, como biólogos, arquitetos, engenheiros e construtores, todos refletem o interesse pelo assunto sendo uma grande oportunidade de diálogo com diversos setores e aproveitar este momento de interação para interferir e propor soluções para a melhoria do meio ambiente. Entre as tendências arquitetônicas da atualidade podemos salientar aquela que estabelece relações interdisciplinares entre a arquitetura e a biologia. Haveria muito que aprender da biologia, pois os animais oferecem lições de desempenho térmico, as plantas mostram modelos de resposta à radiação solar, tipos de solos etc. Nas últimas décadas, as questões referentes à relação e interação do ser humano com o meio ambiente estiveram bastante em evidência com: O desenvolvimento sustentável; plano de gestão ambiental; conservação de recursos naturais; ética ecológica; proteção dos recursos naturais; ambiente natural; cenários ambientais; ecologia urbana; fontes renováveis; biomassa; licenciamento ambiental. Com o intuito de ser mais reconhecido, muitos arquitetos estão tendo que fazer cursos relacionados à nova linguagem para atuar no mercado de trabalho brasileiro e mundial, o do Planejamento Ambiental. Afinal, o que diferencia o Planejamento Ambiental do nosso Planejamento Urbano? Porque na composição das equipes técnicas para trabalhos de planejamento ambiental, um biólogo, ou ecólogo tem, às vezes, mais importância, no conjunto, que os arquitetos e urbanistas? Quais os motivos que estão levando a sociedade a se preocupar, tanto, com as questões ambientais? Será que os arquitetos não estão preparados para essa nova onda global? Planejar e projetar edifícios e espaços urbanos é tarefa do arquiteto, não apenas por conta de uma legislação profissional que os ampara, mas por conta da formação acadêmica. Os trabalhos dos arquitetos, sempre tiveram preocupações ambientais, onde organiza informações do terreno, do ambiente natural, das infra-estruturas existentes, das normas legais. O trabalho do arquiteto deve ser integrado, respeitando a natureza, o homem e a técnica. É, portanto coerente observar que as escolas de arquitetura traduzem para o ensino formal, as condições necessárias onde o arquiteto, em sua formação, deve contrapor-se aos problemas e buscar saídas usando seus aprendizados.

Helen Judith Bussinger Dias Neubert

novembro 28, 2009

EXTRA! EXTRA!

Pessoal,
Como combinado em sala de aula, está lançada a chance extra de realização de dois trabalhos, a serem entregues pessoalmente, impressos, no dia 03/12 (horário da disciplina de H9). Eles consistem em reflexões críticas sobre dois temas: 1) o design (a partir da leitura de texto selecionado e da própria bagagem intelectual do aluno); 2) o shopping (a partir da leitura de dois textos selecionados). Boas leituras e boas escritas!
Abraço da Flávia.

novembro 26, 2009

Enchentes: Problemas naturais ou negligência? - tema 6

O Bairro Caladinho, localizado na cidade de Coronel Fabriciano, sempre sofreu com enchentes em períodos chuvosos principalmente nas proximidades da BR 381. Isso porque esta área se situa em um fundo de vale, e essas enchentes trazem transtorno não somente para a população próxima, porque a rodovia que passa por esta área é a principal ligação de Coronel Fabriciano a Ipatinga e também é local de grande fluxo de veículos vindos de outras cidades.

“As enchentes no município são oriundas de processos erosivos do ambiente fluvial, ocasionando o transporte de sedimentos causando as enchentes urbanas e o assoreamento dos corpos d’água” (DIAS, 1999).

“O ponto crítico das inundações do município, principalmente na área urbana próxima às margens dos rios, é decorrente da erosão hídrica, da ocupação desordenada do solo de fundo dos vales, do mau manejo do solo e de microbacias hidrográficas, do desmatamento, (com a redução da cobertura vegetal), da impermeabilização através da urbanização, da ocupação inadequada das encostas, da baixa capacidade de infiltração das águas pluviais, do escoamento superficial alto causando erosão e dos canais assoreados devido à grande quantidade de sedimentos e de lixo doméstico que são carreados para o leito dos rios” (DIAS 1999).

A prefeitura de Coronel Fabriciano, realizou uma obra de ampliação da galeria de escoamento, que atravessa a BR 381 do bairro Caladinho de Cima até o Caladinho de Baixo passando pelo estacionamento do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste MG). Buscando resolver o problema das enchentes, aproximadamente R$ 6.950.000 foram investidos.

Entretanto, a causa do problema continua da mesma forma. Os morros continuam ocupados irregularmente e continuam desmatados. Assim, chuvas continuarão a trazer material sólido do solo erodido. Dentro dessa nova galeria as partículas menores ainda se alojarão no fundo, semelhante a um assoreamento de um rio. Dessa maneira é uma questão de tempo até que a galeria entupa de novo por estar cheia de areia.

Será que todo esse investimento vale a pena por uma solução temporária? Claro que é difícil ou até impossível retirar todos os moradores do morro para resolver o problema, porque geraria outro. Não seria melhor investir esse dinheiro em uma solução definitiva? (Por exemplo, recobrimento vegetal dos morros). Ou será que vale mais a pena gastar R$ 6.000.000 a cada sete ou dez anos?


Dias J. E. ; Gomes O. V. de O. ; da Costa M. S. G. C. ; Garcia J. M. P. ; Goes M. H. de B.
IMPACTO AMBIENTAL DE ENCHENTES SOBRE ÁREAS DE EXPANSÃO URBANA NO MUNICÍPIO DE VOLTA REDONDA/RIO DE JANEIRO, P 1,2.

cidades sonoras - Tema 6

Grande parte dos estímulos absorvidos pelas pessoas veem através do meio onde elas se encontram; meio este que é rodeado por volumes, sons, cheiros diversos.

Assim como as cidades evoluíram ao longo de sua história, decorrente de novas edificações, verticalizações, novas tecnologias, a trilha sonora de nossas cidades também se alterou. A muitos anos atrás, o som urbano, aquele que faz parte do cotidiano de nossas vidas mesmo que de modo inconsciente, era provocado por cavalos, bondinhos, um número maior de pedestres nas ruas, blocos de pedra no chão. Já hoje estes sons são decorrentes de veículos, bozinhas, sirenes, britadeiras entre outros vários; esta tecnologia que vem crescendo a cada dia tem influenciado consideravelmente em nossa vida cotidiana, conseqüentemente modificando a maneira que percebemos o som.
Assim como em todo filme existe um vilão, a poluição sonora urbana satura os ouvidos humanos, na maioria das vezes, chega a anular os sons mais sensíveis dos ambientes. Ao pensar em poluição sonora, imaginamos sons de automóveis entre outros mecanismos tecnológicos, porém essa poluição vai mais além, nada mais é que um efeito gerado pela propagação do som num tom demasiadamente alto, sendo o mesmo muito acima do tolerado pelos organismos vivos no meio ambiente. Esta poluição nos centros urbanos ocorre devido ao grande acúmulo de veículos, pessoas e equipamentos em uma determinada área, causando uma grande mistura de sons e ruídos que juntos atingem um tom alto.

O "demasiado silêncio" não é mais aceitável que o "demasiado barulho". Uma esperança parece emergir com a busca do equilíbrio em um universo onde paradoxalmente "necessidade de silêncio" se manifesta por uma "necessidade de som". (PIERRE MARIÉTAN, 2002)

TRANSPORTE PÚBLICO

Estamos cada dia mais necessitando de melhorias nos serviços de transportes coletivos para atender as nossas necessidades.
O sistema de transporte público é responsabilidade do município, mas nada se faz quando se pede melhorias.
Milhões de brasileiros não tem acesso a esse serviço, por não ter condições de arcar com o preço das tarifas ou por morar em área rural, tendo reduzido sua mobilidade e conseqüentemente ficando impossibilitados de usufruírem dos outros serviços essenciais como saúde, educação, trabalho e lazer.
Nos grandes centros urbanos a demanda pelo transporte público tem ganhado uma grande atenção dos governantes com ações que buscam a diversificação do meio de transporte com segurança, numa maior integração dentro da região, com baixos custos ao usuário. Em Ipatinga cerca de 40 mil pessoas utilizam o transporte público para suas atividades diárias, mas, no entanto, a frota de ônibus não tem acompanhado essa necessidade, além de uma freqüência inadequada de circulação, superlotação em horários de grande movimento e “pontos de espera” sem o mínimo conforto. Com essa situação instalada, muitas pessoas ficam prejudicadas e acaba optando pelo transporte particular, sejam por bicicleta, moto táxis, táxis e carro próprio, gerando os transtornos no qual os grandes centros buscam soluções há décadas, como a poluição, congestionamentos quilométricos, aumento no tempo de percurso entre casa-trabalho, refletindo profundamente na queda da qualidade de vida da população da região.
A integração cada vez maior das cidades do Vale do Aço tem gerado um grande fluxo de pessoas para regiões diferentes de sua residência, ao longo do dia, seja por motivos profissionais, escolares, de saúde, lazer. Mas, entretanto, não foi sinalizado ainda qualquer mudança estratégica que inclua o transporte público. Na maioria dos casos é necessário a utilização de dois ou mais ônibus para se chegar ao destino pretendido, sem qualquer desconto no valor da passagem ou estações de ônibus que propiciem segurança.
Apesar de alguns ônibus na cidade possuírem ar-condicionado (eles divulgam que a maioria da frota tem ar condicionado, mas isso não é verdade), cadeiras reservadas a idosos e portadores de necessidades físicas, o esforço do governo não têm suprido os diversificados destinos das pessoas da nossa região.
O sistema de transporte coletivo atual, operado com linhas predominantemente para os centros urbanos, é um fator que agrava enormemente a mobilidade da população, visto que as linhas convergem praticamente para um só ponto da cidade. Essa concentração dos serviços nos centros de cada cidade tem gerado a cada ano congestionamentos que aumentam de intensidade e duração, elevando o tempo de deslocamento da população a um nível jamais imaginado.
Com essa situação instalada, cada vez mais empresas tem buscado as periferias para instalação de suas sedes, centros de distribuição e atendimento ao público, descentralizando e principalmente abrangendo o atendimento a uma maior área da cidade.
Essa mudança de localização das sedes de empresas, além da economia gerada pela redução dos encargos imobiliários, tem criado um vínculo direto com a região em que seus serviços são prestados, como a possibilidade de contratação de mão de obra local, redução dos custos de transporte e uma relação harmoniosa com funcionários e clientes. Podemos perceber a necessidade desta transformação e o início de mudanças, no bairro Horto, na cidade de Ipatinga.
Nesta região há uma grande concentração de instituições bancárias, que gera, todos os dias, um grande congestionamento de veículos, principalmente nas vias de acesso para tais empresas. Têm se ainda como agravante, em datas de pagamentos de salários e pensões, a ocorrência de congestionamentos até mesmo nos horários dito “entre picos”, caracterizando a forte demanda que tais instituições causam.
No intuito de melhor atender seus clientes e “desafogar” essas agências, os bancos, ainda de maneira tímida, estão abrindo sedes em outros bairros, ajudando a minorar o grande fluxo de clientes num só bairro, e incentivando o uso dos bankfones e internet.
Além dessa tendência de desconcentração dos serviços terciários dos centros comerciais, é necessário que haja um empenho público para solucionar e tornar eficiente o transporte público. A melhoria não está somente associada ao aumento da freqüência de ônibus em circulação e seu conforto. É importante também reduzir o preço das passagens tornando atrativo à população o deslocamento através do serviço público. Em alguns casos, o transporte do indivíduo para essas regiões comerciais é razoavelmente mais barato quando realizado com seu próprio carro do que usando o transporte público, piorando o transito da cidade.
Com a flexibilidade atual dos profissionais executarem variadas tarefas em diversos espaços, como em suas próprias casas ou em outras sedes da empresa, criou se a possibilidade de o funcionário driblar os grandes horários de picos e organizar suas atividades de acordo com suas necessidades e prioridades. Assim, a execução do trabalho poderia espalhar-se consideravelmente pelas periferias, intensificando a descentralização urbana e ajudando a reduzir, de fato, o fluxo de pessoas nestas regiões afetadas.

Como essas tendências afetam as cidades? Dados dispersos parecem indicar que os problemas de transporte, em vez de melhorar, piorarão porque o aumento das atividades e a compressão temporal possibilitados pela nova organização em rede transformam-se em maior concentração de mercados em certas áreas e em maior mobilidade física de uma forca de trabalho, antes confinada a seus locais de trabalho durante o expediente.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. o espaço de fluxos.p 487 7ª edição Editora Paz e Terra, 1999


Apesar da possibilidade de se aumentar o fluxo nos períodos “entre os picos”, esse aumento, a princípio, não acarretaria num grande problema para o trânsito na cidade se o transporte em massa fosse priorizado. Assim, o contingente de pessoas que estarão se deslocando será o mesmo, porém em horários diferentes, sem prejudicar o fluxo que será mais eficiente e de qualidade.
Diante das opções de transporte (ou da falta deles), Prefeituras européias interligam ciclistas ao sistema de transporte público. O Bicing foi inaugurado em março de 2007 e em cinco meses de vigência, chegaram a 90.000 as pessoas cadastradas, sendo 20.000 usuários diários,
Na Espanha, o serviço foi implantado em mais de vinte cidades. Na cidade de Barcelona, as pessoas interessadas se cadastram via internet. Os locais que ficam os alugueis dos cartões são as saídas dos metrôs e paradas de ônibus. O serviço funciona todos os dias da semana das 5 da manhã à meia noite e nos fins de semana de 5 da manhã ao meio dia.
"O Bicing é um complemento, para ser usado com outros meios de transporte. Funciona bem justamente porque é rotativo, ou seja, todas as bicicletas são de todos", explica Ramón Ferreiro, porta-voz da Barcelona Serveis a la Mobilitat, órgão que administra o serviço. Já na França, que o ciclismo é um esporte nacional, o serviço público de bicicleta foi lançado com 750 estações para 11.000 bicicletas, funcionando 24 horas por dia, transformando em transporte alternativo para os jovens na madrugada.
Evitar o engarrafamento e a poluição, economizar na passagem, no combustível e ainda ter o benefício de uma vida mais saudável faz com que seja mais viável o uso da bicicleta. O tempo em que ficamos dentro de um ônibus no Brasil, pode concluir que andar de carro é mais rápido cerca de duas vezes, alem de ser mais confortável, mas mesmo assim não significa que não estaremos em um congestionamento; então ir de bicicleta se torna mais rápido, porém não oferece a segurança do transporte público, apesar da péssima qualidade do serviço em outros quesitos: veículos velhos e sujos, atrasos nos horários e falta de um serviço integrado, faz parte do sistema de transporte púbico no nosso país.
Caso rotas de alta qualidade fossem planejadas para os ciclistas do Brasil, poderíamos perceber que em algumas cidades o uso de bicicletas seria bastante vantajoso, devido sua flexibilidade, eficiência em passeios, ocupando pouco espaço para estacionar e rapidez em áreas densas.
Outro projeto que foi lançado nas cidades da Europa e dos Estados Unidos foi à adaptação de bancos nas bicicletas para passageiros, que são bikes-táxis, tendo lugar para dois ou três lugares. Este serviço já funciona em Amsterdã, e pretendem introduzir nos centros urbanos ocidentais, um tipo de transporte antes considerado primitivo, associado os países como China ou Índia.
A maioria das viagens que fazemos de carro ou de transporte público dentro da cidade é pequena. Caso essa alternativa fosse adotada no Brasil como política de transporte público pelos governos, teríamos uma solução com redução de investimento além de resultados desejados pela população: ruas livres para trajetos longos e emergenciais, evitando assim os longos engarrafamento diários.
Infelizmente poucas ações são feitas para incentivar o uso de bicicleta como modalidades de transporte. São cerca de 300 km de ciclovia construídas, priorizando muito pouco a bicicleta e outros transportes não motorizados.
Sem dúvida o layout urbano atravessa por uma grande transformação. Mas esta transformação não segue um padrão único e universal: apresentam variação considerável que depende das características dos contextos históricos, econômicos, políticos, tecnológicos, territoriais e institucionais.

Outra possível experiência sonora pelos não-lugares

O Vale do Aço é uma região que se cruza, que se atravessa.

Repleta de vazios pode ser consideda, em algumas partes, uma região morta.

Se você decidir experimentá-la para entendê-la com mais proximidade e sentir-se mais envolvido por ela – em sua totalidade ou ao menos em uma parcela – é quase certo, que por essas regiões de ausência de vida, irá passar.

Regiões pensadas e executadas, equivocadamente, causam a atrofia das funções do corpo, pois só se atravessa de carro. Os não-lugares de Augé.

Alguns indivíduos precisam ficar só para conseguirem um momento de tranqüilidade, muitas vezes essa sensação só é consumada ao transitar no meio da multidão, através das ruas, para de fato sentirem-se só. Essa condição pode ser considerada um ranço da individualidade vigente na sociedade. É a conseqüência de hábitos herdados que aniquilam as possibilidades de sociabilidade.

Os iPods – próteses anestésicas – aumentam essa condição individualista. Esses dois fios atrelados ao corpo, que deparamos com quase todas as pessoas por onde passamos, entorpecem as percepções do mundo, substituindo assim as percepções puras do lugar, ou mesmo produzindo outras não muito instigadoras.

A possibilidade de usufruir desses espaços acoplados a tais próteses, talvez instigue aos seus usuário outra possibilidade de experimentação da cidade. Nesses vazios essas próteses, quem sabe, possam colaborar para um potente ensaio, outra maneira de relação com próprio lugar. Perspectivas divergentes. E afinal de contas, não sejam consideradas assim, tão aniquiladoras das relações com o próprio lugar.

Cícero Menezes - postagem do dia 19/11

A cidade vazia

Em uma cidade em crescimento as mudanças na paisagem urbana acontecem muito rápidas, acarretando assim uma serie de problemas que vão desde o caos no sistema de transporte ate a perda da cultural local. No vale do aço temos cidades jovens e que devidos as grandes empresas que se instalaram na região tiveram um grande crescimento em um curto período de tempo.

O município de Timóteo tem apenas 60 anos e já conta com quase 100 mil habitantes, com o crescimento populacional surgiram vários loteamentos nos morros que rodeiam a cidade, o centro que antes era constituído por edifícios de até dois pavimentos agora já conta com prédios bem mais altos, os espaços públicos foram deixando de ser utilizados com finalidades de interação entre a população e, em sua grande maioria vivem desertos. A tipologia arquitetônica foi sendo alterada de acordo com as necessidades da crescente população, que também foi se moldando em uma nova forma de vida. Uma vida corrida, onde o olhar é desfocado, o enquadramento é emoldurado pelas janelas de ônibus e carros que fazem com que as transformações geradas por esse desenvolvimento desgovernado passem despercebidas.

As ruas foram se alargando para atender o crescente fluxo de veículos. Semáforos, placas de transito, faixas e sinais pintados no asfalto tentam organizar o caos no trânsito nos grandes centros. As ruas amplas e os edifícios vazios fazem esses centros parecerem verdadeiras cidades fantasmas à noite. É um vazio imenso e um silêncio ensurdecedor que chega a incomodar as pessoas que porventura passa por ali. Parece que estamos sozinhos nessa cidade, foram embora e se esqueceram de apagar as luzes que vem dos Semáforos, que piscam sem parar. Além disso, tem a das vitrines e a dos letreiros iluminados, que tentam chamar a atenção dos fantasmas que habitam a noite dos centros comerciais.

Ramon Silva - postagem da semana passada dia 19/11

Do pensamento à materialização da arte

“A arte é uma forma de expressão do pensamento humano.”


Arte não é como ler um código lógico como signos, ela possui um poder de questionamento, ou simplesmente uma postura critica diante da realidade.
Criar e decifrar arte se faz com conceito, mesmo que intuitivo, através de uma lógica do pensamento formal. A arte instala a realidade; não como forma de negação, mas como uma nova forma de realidade.
Uma arte onde esta crie uma imitação da realidade no seu elemento essencial, a forma, o inteligível; inteligível este que recebe como que uma nova vida através da fantasia criadora do artista.
Isto precisamente porque o inteligível, o universal, deve ser encarnado, concretizado pelo artista num sensível, num particular.
As leis da obra de arte serão, portanto, além de uma imitação verossimilhante e coerente do interior dos elementos da representação artística, onde o íntimo sentimento do conteúdo, evidência a vivacidade de expressão.
A arte como produção mediante a imitação, arte como uma expressão da existência humana. Arte como conhecimento das leis da natureza. Arte onde a própria filosofia se renova através dela.
Conhecimento...arte...historia...cultura...refletem em diferentes pensamentos e valores.

novembro 25, 2009

A EXPERIÊNCIA ORDINÁRIA DO ESPAÇO

Confrontante ao conhecimento científico, o conhecimento empírico é aquele que adquirimos com a experiência da prática, em meio a tentativas, a erros e acertos, caracterizado por um agrupamento de idéias e observações diante da ocorrência de fatos.

[...]O comum é abundante, ao contrário do que é raro e excepcional. Banal, vulgar, conhecido, o comum é o exercício da frequência. Costumeiro, o comum é o chão das coisas, rasteiro, simples, ordinário, geral. O comum é o corriqueiro, diário, trivial. De usado, no dia-a-dia, o surrado, comum, soa como o óbvio. No entanto, ao que é comum atribui-se, pelo uso, a sua condição prática adquirida pela experiência, pelo experenciar: existir, experimentar o mundo, viver o mundo nos lugares feitos de cotidiano.[...] (HISSA, 2007)

É uma forma de conhecimento que lida o tempo todo com as imprevisibilidades das demandas, a tentativa da consciência de nossa própria existência de forma superficial, sensitiva, subjetiva, acrítica e assistemática. O grande desafio de toda essa experiência transdisciplinar é o conservadorismo estabelecido pelas ciências, como afirma Hissa:

A ciência se afirmou como a palavra que pretende se elevar sobre todas as demais; como conhecimento hegemônico que, para existir como ciência e como hegemonia, exclui ou deslegitima todas as outras formas de saber. (HISSA, 2007)

Assim como ciência, a arquitetura é confrontada entre a tentativa da previsibilidade máxima em sua concepção - objetivo de sua índole - e a experiência vivenciada por seus habitantes em sua ocupação diária nesses espaços criados, tal ocupação que torna a arquitetura fruto da trivialidade e do saber comum, da experiência vulgar, das necessidades impostas pela vida, da imprevisibilidade surgida em meio ao cotidiano de um núcleo familiar, um complexo mundo de subjetividades de ordem singular e ao mesmo tempo coletiva, ou seja, um resumo da vida desses personagens que atuam em seus palcos, dirigidos por suas próprias obras.

Qual seria então a natureza da arquitetura e suas eventualidades?
Qual seria a função da arquitetura nesses espaços carregados de valores e subjetividades?
E qual seria o nosso papel como arquitetos? Diretores, personagem principal ou um mero papel coadjuvante?
Qual enredo deveríamos tramar para que essa história aconteça de forma a ser interpretada por todos os participantes?

[Ex]paços

É da natureza do homem adaptar-se a qualquer habitat em que se encontre, transformando-o e apropriando-se de seus recursos.
A inserção de pessoas em espaços já construídos, gera possibilidades de re-configuração espacial ou funcional por uma necessidade de melhor interação, necessidade esta que vai se moldando ao longo do tempo.
Esta foi a mesma discussão gerada nos anos 50, em que, durante o Movimento Moderno, o desejo de solucionar o problema habitacional nas grandes cidades propondo unidades habitacionais padronizadas (dentre outras iniciativas), acabou fracassando por ter criado uma arquitetura distante da realidade. Segundo Robert Venturi, arquiteto norte-americano e crítico da arquitetura moderna, “produzindo arquiteturas heróicas e supostamente originais”, e empobrecendo as relações urbanas com uma “abstração alienante (...) gerando os não-lugares inabitáveis e organizados da cidade funcional” _ termo usado por Aldo Van Eyck.
Essa pseudo-mutação muitas vezes pode caracterizar cidades, bairros ou vilarejos, onde as moradias geralmente estão implantadas ofuscadamente na percepção da maioria das pessoas. Relembrando a Pop Art neste sentido, em que elementos banais, quando mudam de escala e estabelecem conexões no contexto, tornam-se obras de arte.
É preciso somente de sensibilidade ao olhar a cidade, e não apenas julgá-la como indiferente ou insossa.
Devido aos diferentes modos de vida adotados pelas pessoas atualmente, a habitação também está mudando. Para Aldo Rossi, arquiteto e teórico italiano, “as formas não são diretamente o resultado das funções, e sim, vão além das estritas funções”. Mas neste caso a função determina a forma, é o morador que se apossa da casa e a transforma de acordo com suas necessidades. As diversas categorias (habitação, trabalho, lazer e transporte) estão se fundindo, resgatando algumas qualidades do período medieval, onde tudo acontecia em um só cômodo.
Essa multifuncionalidade dos ambientes ocorre devido ao fato de que o modo de vida contemporâneo não tem mais tempo. Como diz Renata Marquez : "É necessário desacelerar o olhar, desnortear os passos [...] reverter as reações nulas" para que o corpo seja "solicitado a lembrar-se da sua presença e da sua matéria, bem como da sua relação com o muno."
A casa é quase que um organismo vivo, que, de acordo com Denise Bernuzzi de Sant´Anna, “exprime o ser, informa-o e emite informações suas. Promessa de relação.”
Me questiono então, se há uma simbiose entre a vida e a casa tornando-a este organismo vivo que está sempre em gestação, ou serão as barreiras físicas da casa, limites que impedem a fusão dessa vida embrionária com o universo exterior?

Arquitetura Acessível - Classes Sociais | Tema 7

Estamos em uma época de melhorias na arquitetura, diria mais, estamos em uma época de melhorias. Com a Lei de Assistência Técnica Gratuita sendo implantada, acredito que o urbanismo das cidades sofrerá uma melhoria considerável, pois se espera que os projetos das novas casas caibam à todos que precisam, tirando-os assim de área invadias, não planejadas e de risco. O fato de o governo brasileiro começar a pensar em uma arquitetura para todos nos dá finalmente a esperança de melhorias urbanas, o que já deveria ser considerado antes. Em países desenvolvidos, como os EUA, o planejamento urbano é uma questão de relevância desde o começo dos projetos. Existem programas que pregam um planejamento urbano melhor para resultados satisfatórios em relação à até questões ambientais. Esse planejamento unido à assistência técnica nacional resultaria em menos famílias vivendo em áreas inapropriadas e acarretaria em melhorias gerais para o país, como economia de verba em gastos de reparos de encostas, menos acidentes ocasionados por desabamentos e outros fatores de falta de estrutura, maior controle sobre as cidades, etc. Essa lei de assistência técnica gratuita é um direito de todo cidadão, porém apenas está sendo consolidada agora, devido a fatores como, habitações irregulares, crescimento desordenadas da cidade e não podemos deixar de mencionar a valorização do profissional de arquitetura que nos últimos anos está alta ou está apenas na “moda”. A valorização do profissional de arquitetura independe de uma lei como a de assistência técnica. Estar sujeito muito mais do próprio arquiteto que necessita ter uma melhor organização de classe que o represente.

novembro 24, 2009

Observações

Pessoal,
como os temas 6 e 7 são livres, é importante que os que forem postar com atraso identifiquem, junto ao título, de qual de trata. De toda forma, lembrem-se que o atraso só vale por 01 semana após o prazo estabelecido. Sem choramingos.
Abraço,
Flávia.

novembro 23, 2009

Revistas e revistas de arquitetura

A revista, assim como o telefone, avião, computador, entre outros inúmeros elementos foi uma das mais formidáveis invenções criada pelo homem. As revistas hoje são responsáveis por gerar cultura e até mesmo uma “degradação” da mesma, principalmente nas revistas de arquitetura, que da mesma maneira que as revista de moda, lança produtos, cria tendências, apresentam novas “tecnologias” porem o que esta sendo divulgado nas revistas é um produto idealizado, desejado, ou necessitado? O que buscam as revistas de arquitetura hoje, em sua grande maioria, é criar um rotulo de que a arquitetura não é acessível para todos. Uma dona de casa comum não criar o hábito de ler revistas de arquitetura com o intuito de melhorar suas condições de vida, elas preferem ler revistas com resumos de novelas e etc...
O problema está na cultura da população ou simplesmente no conteúdo que as revista passam para o leitor? As revistas de arquitetura não são criadas apenas para profissionais, muito pelo contrário, a população é um grande alvo para as revistas, porém esta população apenas tem o habito de ler este tipo de revista quando estão mexendo com obra, e não se criam o hábito de acompanhar as novas tecnologias e construir uma postura crítica diante da arquitetura que temos hoje. Muitas vezes o conteúdo das revistas filtra seu público por condições financeiras, assim excluindo uma grande parte da população que se encontra em um mundo totalmente despreocupado com as condições de moradia. Não adianta revistas citarem grandes nomes da arquitetura e estilos, para uma população que não recebeu este tipo de informação, da mesma maneira que não adianta colocar imagens de projetos de casas de campo em área super luxuosa sem que pequena parte da população tenha acesso a isso. O papel das revistas são de informar, mas antes de informa é preciso despertar o interesse do leitor.

TEMA 7

Pessoal, último tema do semestre: livre.

novembro 19, 2009

Arquitetura e a pobreza

Em toda discussão, atrelada às situações de habitações constituídas por aglomerações como favelas, palafitas, cortiços e loteamento irregular, sempre possuem uma relação indissociável com as questões de pobreza eminente, e por falta de recursos financeiros dos governos, para promover uma melhoria para as áreas inseridas neste contexto. Mas se a falta de verba e um dos fatores de maior responsabilidade por esta situação, o que compromete as iniciativas de melhoria, quando o governo possibilitado por diversos investimentos a exemplo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), e a novas políticas públicas urbanas com métodos mais flexíveis e ordenados a resolverem estas questões.
Um dos motivos que podemos apontas, é a carência de projetos e iniciativas dos setores ligados diretamente a questão urbana e habitacional. Este motivo e bem convincente, quando se examina a complexidade das relações subnormal das habitações irregulares no país. Mas na grande maioria das propostas de melhoria, com intuito de reverter este quadro, são meramente paliativas, com intenções de simples política. Situações de mudança “aparentes” podem ser percebidas por todo o Brasil, como o que ocorre em Salvador na Bahia, que possui bairros erguidos sobre aterros que invadem os manguezais, além das palafitas ancoradas pelo litoral. Outra situação são os de investimentos em melhorias nas favelas da Rocinha e do Complexo do Alemão, na cidade do Rio de Janeiro RJ, famosa por seus traumas que misturam pobreza e violência urbana, apresenta também as condições criticas de São Paulo SP, e os métodos de ilegalidade que envolve os loteamentos pela periferia. Estas ocorrências são comprometidas quando a habitação irregular e tratada de modo isolado, em contemplar as relações com a cidade, seus centros, suas áreas nobres.
A irregularidade das habitações, não esta ligada a qualidade das moradias e nem mesmo a falta delas, mas sim de uma percepção urbana mais ampla, de inclusão social. E atentar para situações bastante conhecidas, que criam condições de acesso barato e proximidade da população a elementos básicos como: emprego, hospital, saúde e educação. Esta solução seria possível se todos os projetos lidassem com uma participação popular ativa, o que não ocorre na prática, onde todas as ações de governo tomam posturas corriqueiras e de simples politicagem incapaz de dialogar e até mesmo informar. São decisões meramente temporárias.
Esta falta de informação promove o afastamento da sociedade para com as decisões públicas, e quando o poder público resolve tomar decisões conjuntas a sociedade, os projetos já estão predefinidos, cabendo a sociedade apenas uma votação, o que e pouco. Esta falta de informação, sem efetivo consenso social não prejudica apenas as relações de ocupação desordenada, mas também, a estruturação urbana tão complexa e delicada de se resolver. Todos estes fatores e aspectos sociais não estão tão afastados de nossa realidade, mesmo que em escala inferior, as relações de habitação irregular e desordenada, associadas às decisões de governo paliativas sem envolvimento com a sociedade, existem e são bastante conhecidas.
Há algum tempo a cidade de Ipatinga, promoveu uma grande remoção de moradias irregulares do centro, com um discurso dúbio sobre melhorias para a região, e a criação de um novo centro, que recuperaria as margens do ribeirão Ipanema, este fato pode ser claramente interpretado como um ato de político de viés de higienização social. Outro fato, este mais recente, pode-se observar durante as obras de recuperação da drenagem de um córrego no bairro Caladinho, em Coronel Fabriciano, onde foram aplicados altíssimos financiamento, para uma solução meramente temporária, sem levar a menor consideração com outros fatores ao seu redor, como as ocupações de dos topos de morro, e das relações sociais da região. São estes tipos de situações, seja elas de grande ou pequeno porte, que quando não é buscada a participação popular efetiva, sofre com análises incorretas e comprometedoras da organização social, habitacional e urbana das cidades.

Walter Silva Costa

Grafitti: Vandalismo Artístico ou Arte Marginalizada

[Graffiti: pl. do italiano grafitto; Arte de protestar e transmitir mensagens nas paredes][Grafitto: escritas feitas com carvão]

Brasil, Argentina, Cuba, Japão, China, Estados Unidos, Rússia, Israel, Palestina, o mundo. Em pequenas cidades ou grandes centros urbanos, ocultos em pequenas vielas, expostos em grandes muros de avenidas, invisíveis sob tubulações de esgoto, móveis em vagões de metrôs. Em qualquer lugar, plano ou não, quando menos se espera encontra-se um. Às vezes pequenos e solitários, outras vezes imensos, concatenando-se em num mural gigante até onde permite a tela/muro em que se estampa e tão ousados que extrapolam o vertical de seu lugar comum, partindo para o horizontal das calçadas e o que mais estiver próximo.

A arte de protestar e transmitir mensagens nas paredes é um costume bem anterior à nossa sociedade. Isto vem desde os antigos romanos que deram origem à palavra Grafitte. E se observarmos que os desenhos dos Graffitis, além de protesto contam uma história, ou um fato acontecido, poderiam então, ser considerados registros históricos, bem como as pinturas rupestres em cavernas.

Se analisarmos pela ótica da Lei, o Graffiti seria sim uma prática de vandalismo. Por ferir o bem público e desafiar a autoridade ele se encaixa como vandalismo, mas, por diversas vezes os muros pintados por “grafiteiros” tem o aval e autorização assinadas dos proprietários. Então, a partir deste ponto, como se encaixaria esta expressão? Particularmente, considero todo e qualquer Graffiti como expressão de arte, e como toda arte, existem aquelas que são extremamente belas e complexas e por isso se destacam das demais, e existem aquelas que poderiam muito bem não existir.

Respondendo a pergunta, acredito que dependa única e exclusivamente da opinião do observador. Por diversas vezes parei por um longo tempo para observar um grande muro pintado, ou um desenho quase escondido em um canto de muro, o que já atraiu a atenção de pessoas com comentários únicos do tipo: “Que sujeira é essa?”, “Será que não mora ninguém aí pra deixar esse muro assim?” ou então: “Dá vontade de trocar minha parede por essa daí!”.

São opiniões, respeitadas, mas que mostram que há aceitação, e se seria possível trocar um quadro emoldurado que orna uma parede qualquer por “um desse daí”, então, é válido considerar o Grafitti também uma forma de arte?

Industrializaçao da Construção

Ao analisar-mos o cenário nacional de desenvolvimento tecnológico de todos os setores do pais, fica claro, que a construção civil ficou para trás, mesmo havendo algumas construtoras utilizando sistemas industrializados e tecnologias importadas – que são muito poucas em âmbito nacional, e não são utilizados em todos os processos da obra – ainda há um foco voltado para o trabalho manufaturado, pois, há uma grande quantia de mão de obra sem especialização no mercado, com valores salariais extremamente baixos, atraindo os construtores para este tipo de investimento, devido obter de imediato uma considerada economia e sequencialmente um maior lucro.
Esta lentidão no desenvolvimento do setor é causada pela cultura nacional, provida de uma estratégia antiga do BNH (Banco Nacional de Habitação), nas décadas de 1960 e 1970, de incentivar os construtores a utilizarem a mão de obra na construção civil, e em contrapartida, facilitavam a liberação de créditos para a construção ( mas sem esta ideia do BNH, hoje o nosso pais poderia ter um alto indice de desemprego). Esta cultura perdura até hoje, nos deixando “isolados” das novas tecnologias dos países desenvolvidos, onde hoje, seriam muito úteis para os construtores e a população em geral, pois teríamos um outro ritmo de desenvolvimento e implantação da habitação industrializada no país.
Ao analisar-mos algumas construções que foram utilizados materiais industrializados, nota-se, que os ambientes não oferecem qualidades espaciais aos indivíduos que neles irão morar. Muito menos uma ligação entre os espaços e/ou maleabilidade de expansão e inversão (trato aqui a inversão como a reutilização de um ambiente destinado a um tipo de atividade para outra) desses ambientes. Os espaços nestes edifícios geralmente já estão definidos, e não foram feitos para um cliente em especial, deixando assim, praticamente impossível o morador implantar em sua habitação a sua real identidade e moldar o espaço de acordo com as suas necessidades, obrigando-o no futuro a fazer uma reforma de ampliação ou remodelação do espaço, pois no projeto inicial o espaço era dimensionado num tamanho mínimo, desconfortável, que, nos padrões das construtoras são os ideais.
Será que os construtores de hoje estao mesmo interessados em mudar o tipo de sistema construtivo para o industrializado?
Para que o Brasil possa ser industrializado na construção civil, teremos que mudar este pensamento de querer resultados imediatos, onde, em conjunto com o incentivo do governo (sem isso fica muito difícil) poderemos ter no mercado de trabalho mão de obra especializada, trabalhando no canteiro em conjunto com os maquinários que são indispensáveis hoje no setor. Podendo á longo prazo, voltar as atenções das grandes empresas construtoras do exterior para o setor no país, aquecendo simultaneamente a nossa economia, melhorando bastante a qualidade de vida de todos.

novembro 18, 2009

Revista de arquitetura

Revista, publicação periódica na forma de uma brochura mais ou menos extensa, com escritos dedicados a um determinado assunto.

A revista é uma das formas mais populares de se difundir alguma informação, por ser de fácil aquisição e possível de se encontrar em qualquer esquina, é um veículo de comunicação em massa que ensina, informa, forma opiniões.

Quando se trata de arquitetura temos publicações voltadas principalmente para o público leigo, com dicas de construção, preços, etc. Pouco se vê discussões que sirvam para complementar o repertório dos profi ssionais da área.

Geralmente aquilo que é apresentado ao leitor, é uma arquitetura que muitas vezes está distante de sua realidade, formando no leigo a idéia que arquitetura é pra gente rica. Espaços que são mostrados como local de contemplação, ao invés de um espaço para ser vivenciado. Ou às vezes se cria a idéia de que arquitetura é mais voltada para estética.

Muitas vezes a profissão não é valorizada porque os veículos de informação não apresentam a importância do profissional, não é apresentado ao leigo que existem muitas questões a serem levadas em consideração em um projeto além da parte visual.

Dessa forma vemos que os veículos de informação, que poderiam popularizar a arquitetura, cada vez mais faz com que ela esteja distante da massa.

DESABAFO DE UMA CIDADE INDUSTRIAL Podemos intervir?

No contexto que se vive uma sociedade industrial, a padronização é a marca principal desse sistema. A forma mais produtiva de se fazer isto é criar padrões definidos para tudo; formas de trabalho padronizadas produzindo produtos e serviços padronizados para pessoas padronizadas. O padrão possibilita a produção em série, numa repetição constante e inviolável de procedimentos e fluxos regimentados pelo funcionamento das máquinas empregadas na fábrica. Um dos mitos da indústria é construído pela ideologia estatal do industrialismo, onde todos são iguais e que a liberdade de cada um é individual. A verdade, no entanto, é que a produção industrial massifica todos, eliminando personalidades e individualidades que se devem expressar no vestir, no calçar, no comer, no morar, no falar, no expressar, no trabalhar, no amar! Sem dúvida, o padrão eliminou certas diferenças sociais e até políticas, mas os colocou dentro dos mesmos limites, nos mesmos padrões, nos mesmos moldes. Não só padronizou tudo, mas também a todos.

Esta é uma brutalização do próprio corpo do trabalhador, onde toda sua capacidade se resume a uma repetição infindável de tarefa num mesmo ciclo de tempo, espaçado em frações bastante pequenas. A brutalização está tanto na repetição como no tempo medido milimetricamente.

O tempo é dinheiro, porque as máquinas não podem parar. Quanto mais unidades uma máquina produzir mais barato cada unidade fabricada será, pois os custos de produção, inclusive o investimento da máquina e os próprios salários, podem ser repartidos por mais unidades produzidas. É por isso que eles não podem parar de produzir, eles têm horário para tudo: O turno ou horário normal uma jornada de segunda a sexta. E no final de semana é a mesma coisa! E amanhã a mesma coisa! E daqui a um ano tudo igual! E daqui a 20 anos tudo igual! Mas acostumam com isto, pois é o único sustento que eles têm. Os trabalhadores se alienam da produção como um todo, é possível, até hoje, encontrar trabalhadores que não têm o mínimo de conhecimento sobre a utilidade de seu trabalho, até porque não sabem onde seu trabalho particular será usado. A perda da visão da utilidade de seu trabalho é talvez a mais grave.

Pensar nestas padronizações dentro da arquitetura foi algumas metas dos urbanistas nas décadas de 30 e 60. Uma das alternativas para a cidade industrial era uma procura de um modelo de cidade que propiciasse novas formas de vida urbana e que garantisse a possibilidade de transformação social.

O conceito dessa Cidade Funcional habitar, trabalhar, recrear e circular definem a cidade e sobretudo, atendem todas necessidades da sociedade. Bem, se tivesse dado certo... O projeto dessa Cidade Funcionalista era organizar todas as funções da vida coletiva e com esta lógica de produção em série, resultaria na Máquina de morar, como sinônimo de morar de forma “eficiente.”

Bem, ao meu modo de ver, a cidade se torna o palco da produção em série. Temos um grande desafio pela frente, sair desta padronização não será fácil, mas não podemos perder a visão da nossa utilidade.

Helen Judith Bussinger Dias Neubert

novembro 17, 2009

Habitação Popular suburbana

No Brasil, já á algum tempo as grandes cidades vêm tendo um significativo processo de transformação no planejamento urbano. As metrópoles geralmente foram expandidas e adensando sem nenhum estudo que viabilizasse os impactos deste crescimento, e esta mudança se relaciona diretamente com a lógica de implantação das Habitações populares do Brasil.

A de se compreender que uma cidade altamente adensada sem qualquer planejamento, tem no seu centro a principal área de aglomerações e na maioria das vezes essa se dá através de comercio e favelas. Analisando a tipologia residente nessas áreas, se observa que boa parte delas trabalha nas proximidades, o que indica um motivo para o aglomerado de moradias.

Mas o fato é, havendo o centro destinado a esses grandes aglomerados, e os bairros adjacentes servindo como meios contribuintes para o funcionamento da parte central e serem bairros já estruturados, onde mais se poderiam implantar moradias populares senão em áreas sem ocupação, que neste caso são as periferias? Por que isso acontece?

De acordo com o “Blog do plenário” isso ocorre:

“Primeiro porque essa população, cada vez mais é expulsa pela especulação imobiliária, pela valorização da terra nestas regiões; segundo pela ausência de uma política habitacional consistente que leve a uma reurbanização física e humana do centro e dos centros expandido da cidade; terceiro uma visão higienista e preconceituosa com a população de baixa renda que esta atual administração tem, investindo em políticas de mandar para a periferia as famílias de baixa renda.”

Já nas opiniões de Byanca Amorim, Ellen S. V. Tambosetti e Sílvia Santos, toda a lógica de habitação suburbana foi decorrente de um processo irracional:

“Poucos países conheceram um crescimento populacional tão grande e rápido como o que ocorreu no Brasil nos últimos anos. A este incremento populacional correspondeu um aumento do número de assentamentos irregulares e uma extensão irracional da malha urbana, consolidando-se a busca das periferias das cidades como local de moradia da população de menor renda. As condições de vida dos moradores destas áreas são marcadas em primeiro lugar pela violência estrutural e seguem com uma violência ainda maior, aquela que agride sua condição de ser humano. A pobreza, a miséria, a ausência de direitos básicos para uma parcela da população é um problema de todos. Qualquer ser humano tem direito à cidadania e a falta desta para alguns só pode ser solucionada por meio de um esforço coletivo.”

Assim, este processo de implantação de Moradia Popular sinaliza para a necessidade da avaliação dos melhores meios de se implantar estes projetos, uma vez que todo este planejamento interfere no cotidiano e no futuro não só do morador, como também de toda a cidade. Pensar Habitação vai muito além do que pensar paredes. É necessário entender que antes de qualquer coisa habitação é Urbano. E este, está diretamente ligado no cotidiano, na rotina e na vida/viver.

Paradoxo Urbano

O mundo contemporâneo sofre com diversos problemas urbanos, transporte público, segurança, déficit habitacional, falta de espaço urbano, entre outros. O deslocamento das pessoas para as áreas centrais onde estão concentrados grandes números de vagas de empregos, principalmente os trabalhadores mais humildes, onde se deslocam todos os dias de bairros longínquos, encaram ônibus e metrô lotados, se espremendo uns aos outros, até o local de trabalho, isso gera um estresse muito grande entre as pessoas de cidades com esse tipo de problema.


As regiões sempre possuem uma cidade mais desenvolvida, onde a infra-estrutura é mais avançada, por este motivo atrai habitantes dos municípios vizinhos, o que dificulta ainda mais o problema de transporte público. A questão é comum na maioria das regiões e o ponto em que se é mais comum é que varias regiões se ligam a uma em comum, as quais seriam regiões comerciais ou industriais, onde está centrada a economia e as vagas de emprego. No entanto as moradias próximas a essa realidade são super valorizadas, e as pessoas que trabalham por perto nem sempre tem condições de sustentar uma moradia nesse local, e ao mesmo tempo, as pessoas que poderiam pagar o valor estimado para as moradias nessas regiões não querem morar ali, por diversas questões. Essa é uma lógica que já existe a muito tempo nos Estados Unidos e em outros países mais desenvolvidos, as pessoas que moram nas regiões centralizadas são aquelas que não podem morar em lugares mais reservados, que possuem uma segurança mais afetiva e maior tranqüilidade por ser bairros residenciais, abrigando apenas alguns pequenos comércios locais. No Brasil isso começou a acontecer nas ultimas décadas, com a inserção dos alfavilles, condomínios de luxo que são inseridos em regiões longínquas do núcleo urbano, com a promessa de segurança e bem estar, onde o acesso é restrito.


Outro aspecto a ser notado é a não utilização dos centros econômicos municipais no período noturno. Os centros comerciais são os locais da cidade onde possui a melhor infra-estrutura viária, parques públicos, praças e outros espaços públicos a serem citados, porém sua vida útil é baseada somente no período comercial, que é o horário onde as lojas e bancos estão abertos, fora isso as ruas dos centros geralmente se encontram vazias durante a noite, a não ser quando ocorre algum evento de grande importância, ou em alguns pontos específicos que abrigam bares e boates com funcionamento noturno. Porém só esse tipo de movimentação não é suficiente, além do mais, a existência de diversos prédios abandonados e semi-utilizados ajudam a desertificar os centros no período noturno, as capitais começaram a reformar e reutilizar prédios dos centros para moradias populares, que é uma grande saída para amenizar diversos problemas relacionados.
Existem alguns casos também de invasões a edifícios abandonados, organizado pelo movimento dos sem teto (MTST), onde esporadicamente locais de interesse a moradia destinada a pessoas de baixa renda são escolhidas para serem invadidos, mostrando a possibilidade de solução ao problema que se agrava cada vez mais pelo país.


O Brasil vem se desenvolvendo economicamente a cada ano, e isso deveria se refletir na qualidade de vida dos seus cidadãos, embora vários programas políticos venham se apresentando nos últimos anos, ainda cresce o número de habitantes em locais inadequados, a busca de uma moradia digna ainda faz parte da realidade de grande parte dos brasileiros, o que segue o contrário da lógica, já que existem tantos edifícios em desuso nas principais cidades do país, que é onde se encontra a maior parte do problema.


Grande parte dos edifícios abandonados possui um contexto histórico, e deveriam ser preservados de acordo com as normas de patrimônio do país, porém muitas vezes o que acontece é exatamente o contrário, alguns prédios históricos que não estão obsoletos, se tornaram pontos de comercio, museus, galerias, bibliotecas ou foram adaptadas para um novo uso, mas sem nenhuma preocupação com o que o prédio significa culturalmente ou historicamente, não só para região, mas também para o país que é multicultural. Mas existem diversas reformas que conseguiram manter as características históricas mesmo sofrendo algumas alterações, é o caso da pinacoteca de São Paulo, projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, onde as alterações do edifício foram sutis o suficiente para manter a memória do edifício, além de potencializar a vocação turística do local.


Os projetos que tem como medida de tornar os edifícios obsoletos em moradias populares tem alcançados vários resultados, o primeiro é o cuidado com os edifícios históricos, o que pode gerar um perfil turístico para a cidade, gerando emprego e renda para os municípios. Além de atrair moradores para as regiões centralizadas, diminuindo a criminalidade, o que poderia ajudar no processo de desfavelização, e ainda de tornar a cidade acessível, pelo ponto de vista da população que percorre grandes distâncias para poder trabalhar, e também fazer correr o dinheiro, já que um edifício desses é de grande valor e está obsoleto enquanto pessoas pedem por moradia.


Existem também projetos que visam esses prédios para âmbito comercial ou institucional, como a antiga sede do BNDES em São Paulo (1967 a 1979), e logo depois foi ocupado pela LIGTH (1982 a 1993), após ter ficado fora de uso 12 anos, o edifício ganhou um projeto de retrofit, que busca a atualização dos sistemas que compões o prédio, assim como eficiência energética, a readaptação de equipamentos defasados, e uma nova concepção de espaço interno. Essa tem sido uma prática cada vez mais comum, evitando o aumento de edifícios obsoletos, assim como buscar novas maneiras de utilizar edifícios fora de uso, para amenizar essa realidade.

HUGO MARLON