maio 20, 2009

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“A idéia da cadeira de Ron Ared que se torna uma blusa mostra como uma coisa pode se transverter em outra.” [Aline Meroto]

A cadeira Ron Ared é exemplo perfeito do desespero modernista (e até contemporâneo) de se atribuir outras funções as coisas transformando-as em coisas algumas alguma. E o resultado final e que não temos uma blusa e nem ma cadeira. Sejamos sensatos...

Um canivete, que também é alicate, diversas ferramentas, chaves e até palito de dente eternizou uma marca e foi cânone da multifuncionalidade dos novos tempos. É bem aceito e funciona. Ponto. Mas antes de se chegar as 50 funções (Lâmina grande, lâmina pequena, abridor de latas com chave de fenda, abridor de garrafas, desencapador de fios, chave de fenda grande, lente de aumento, chave Philips grande, tesoura, alicate com chincrador e cortador de fios, descamador de peixes com removedor de anzól, régua em centímetros e polegadas, serra de madeira, serra de metal com lima de metal limpa unhas e lixa de unhas, gancho, chave Philips pequena, formão, punção com furo para costura, caneta esferográfica, mini chave de fenda, argola, palito pinça, sacarolha, chave de boca 4 mm, chave de boca 5mm, suporte para chave de boca, suporte para bits, bits pozidriver 0 e 1, bits chave de fenda 4 mm, bit Phillips 2, bit torx 8, bit chave 10, bit chave 15, ajustador de DIP switch. Peso: 350 gramas – tudo em 91 mm), é necessário uma atribuição inexorável as necessidades humanas: a aceitação.

Ninguém é tachado de professor pardal ou Inspetor Bugiganga por portar uma ferramenta tão valiosa. Mas eis que o a necessidade de se inovar e a falta do que fazer dos arquitetos sempre nos surpreende. E o resultado é: a cadeira de Ron Ared.

Outro exemplo de trabalho versátil, que combina flexibilidade e interatividade do corpo com peça de vestuário é o 9 peças, vestido desmontável e recombinável a partir de 9 peças, trabalho da Natacha Rena para projeto especial da revista Casa Cláudia.

“Na imagem podemos concluir, que a cada estética inovadora de um objeto, desde uma simples cadeira, ou uma mesa e assim por diante, o mesmo se desenvolve de acordo com a necessidade de um ambiente” [Gleisne]

Admiro a maneira como os ambientes se transformam para se adequar as necessidades humanas, mas alguém estava incomodado com o acento das cadeiras? Ou com as blusas muito longe da mesa?! É neste ponto que vislumbro uma linha tênue. É neste ponto é que separo o gênio do louco.