junho 18, 2007

Conversa de Botequim

Depois de escultar uma conversa alheia (entre Rem Koolhaas e Miuccia Prada) e um samba de Noel Rosa e Vadico, lembrei que conheço um boteco que vende de quase tudo, resolvi ir lá tentar vender “meu peixe”, e olha que lá eles fazem um peixe bom demais! mas fui, assim mesmo, porque meu peixe não é de água doce nem salgada.

Eu - Seu garçom, o dono do boteco esta aí?
Garçom - Está sim.
Eu - Quero trocar um “dedinho de prosa” com ele, mas antes seu garçom me traga um “surubi im posta”.

Depois que terminei o “surubi im posta”, o dono do boteco se aproxima.

Dono do boteco - Pois não! é você que está querendo trocar um “dedinho de prosa” comigo?
Eu - É sim! Eu estive pensado você vende tanta coisa aqui. Será que você não se interessa em vender arquitetura?
Dono do boteco - Como assim vender arquitetura?
Eu - Assim como você pendura balde, vassoura piaçava, pá de lixo, lamparina, penico, funil, vassourinha de banheiro, motoserra, alicate, vara de pescar, carrinho de compra, gaiola, enxada, vassoura de PET pra vender, eu deixo um projeto arquitetônico de uma casa para um lote plano 12x30, com 3 quartos, 2 banheiros sendo 1 suíte, sala, copa/cozinha e garagem.
Dono do boteco - Será que isso vai dar certo?
Eu - Só um instante, preciso ir ao banheiro.
Dono do boteco - Segue em frente naquela portinha à esquerda, o interruptor é atrás da porta.
Eu - Não se preocupe eu já conheço o caminho.

Depois que retornei do banheiro, a prosa continua.

Eu - Podemos tentar “uai”! tem gente por aí que está querendo vender arquitetura junto com bolsa de grife, porque não vender aqui!
Dono do boteco - Moça, fiquei curioso! quem está querendo vender arquitetura junto com bolsa de grife?
Eu - Rem Koolhas e Miuccia Prada.
Dono do boteco - Quem????
Eu - Assim como o povo da cidade não conhece, concerteza você também não, o povo daqui deve conhecer muito mais o seu boteco do que essa grife italiana Prada.
Dono do boteco - Mas aqui não é um lugar apropriado, adequado pra vender arquitetura !
Eu - Como não!! claro que é, aqui não se paga pra entrar, mas se paga pra consumir, então consome quem tem pra pagar; outra vantagem é que, entra quem tem muito e quem tem pouco (dinheiro), e aqui tem de isca de peixe a motoserra, porque não somar arquitetura ao que você já vende?
Dono do boteco - Seu garçom! traga uma “Traíra intêra” , completa! com “salada di parmitu com tumáti i arfáci” e “arrôiz tipu japonêis” por conta da casa!!! É pode ser que dê certo.

Informações adicionais:
Música mencionada no texto é Conversa de Botequim – Compositores: Noel Rosa e Vadico.
O dialogo é fictício mas o boteco não.
O boteco se chama Poita e Puçá fica em Ipatinga no bairro Veneza rua Campinas n. 400
Poita = espécie de âncora p/ o pescador.
Puçá = espécie de coador p/ peixe.
História tirada do cardápio do boteco
“A idéia do bar surgiu da falta de local onde as pessoas pudessem reunirem-se para manifestações culturais, tendo como cerne a cultura e a velha conversa descompromissada, quiçá etílica, estabeleceu-se a idéia de armazém / roça / pescador, ou aquele buteco de infância donde comprava-se bola-de-gude, rapadura, bala, anzol, lamparina e penico.”
Frase tirada do cardápio do boteco
“Bar dí pescadô – é comu bêra dí riu: pírnilôngu, calo, friu, sór, e tudi limpim.”



2 Comments:

Blogger Rexane said...

gente!!! algumas palavras estão escritas do jeito que se fala! propositalmente, não é erro de português...escrevi do jeito que está no cardápio do Poita e Puça, pra dar ao texto, o jeitinho do lugar.

8:50 PM  
Anonymous Hebert-Se said...

Porcuma + Skol gelada + Cachaçinha mineira + Musica ao vivo = Poita e Puça

5:28 PM  

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