agosto 29, 2007

Novas cidades

Cidades intergalácticas, casas flutuantes e submersas, torres, cúpulas, bolhas, glóbulos, cápsulas insufláveis, extensíveis, acopláveis, mutáveis, substituíveis...

Quando criança, assistia os Jetsons e ficava imaginando como seria o futuro com tantas facilidades tecnológicas. Me divertia ao imaginar a cidade dentro de uma gigantesca cúpula geodésica, onde o clima seria controlado por computador. A chuva, o frio e o calor ficariam lá fora, do outro lado das paredes do domo protetor. As casas seriam flutuantes, as torres e cúpulas cintilantes e as ruas substituídas por redes de tubos de vácuo, por onde carros, cápsulas voadoras deslizariam em velocidade supersônica. O turismo interplanetário seria uma opção de lazer e como se não bastasse, robôs falantes e todos os tipos de equipamentos funcionariam a um simples toque de botão, tornando as atividades cotidianas muito mais fáceis.

Quaisquer semelhanças com as propostas do grupo Archigram, não são coincidências. Assim como os Jetsons, o grupo nasceu na década de 60, “idade de ouro” do desenvolvimento capitalista e período de grande avanço tecnológico. Alguns dos objetos arquitetônicos experimentais criados por eles, poderiam ser confundidos com “aranhas robóticas” , foguetes lunáticos ou naves espaciais, que tenham saído diretamente, da cidade dos Jetsons, ou de um filme qualquer de ficção cientifica.

Embora fossem metáforas, algumas de suas propostas apresentavam características, que podem ser facilmente encontradas nas “gigantescas” plataformas de exploração de Petróleo.

As “pernas tubulares”, o movimento constante, a mobilidade e os imensos contêineres empilhados sobre a plataforma, fazem com ela pareça uma concretização da idéia da Walking City. Quem poderia imaginar, que aquelas imagens insólitas de cidades “bichos”, pudessem se tornar realidade?As plataformas me fazem crer, que uma nova cidade já pode ser construída sobre as águas, ou até mesmo, sobre o ar. Sem lugar fixo, e por que não, sem habitante fixo. Uma cidade passível de transformação, que possa ser reprogramada e remanejada com o passar do tempo, acompanhando a mutabilidade do cotidiano urbano, decorrente do surgimento de novas necessidades de consumo.


Só espero que a fé em demasia no avanço tecnológico, não faça dessa nova cidade, apenas um produto a mais da indústria: Em que cidade você quer morar? Em uma impulsionada por magnetos de indução elétrica, que “voe” sem queimar petróleo e emitir poluentes ou em uma cidade do modelo Bulletway?

A tecnologia ocupa um lugar importantíssimo na constituição de uma nova cidade, porém é necessário, um trato especial, para que ela não seja mais importante que os próprios habitantes, tornando a relação homem/máquina de extrema imposição e dependência. É papel do arquiteto contribuir na criação de ambientes que permitam que as pessoas deixem suas marcas, ambientes onde elas se sintam realmente “em casa”.



5 Comments:

Blogger ladyfufu said...

Adorei o texto Kênia... e acho que vc não precisa se preocupar muito com a invasão tecnológica. Eu sinseramente acredito que a nossa relacão com o espaço pode ser transformada, mas não vai ser eliminada por ela.

11:48 PM  
Blogger Kênia said...

é, fui um tanto radical...
mas não sei...por enquanto nosso corpo só está sendo estimulado de forma diferente. Não temo q seja eliminada a nossa relação com o espaço. Não sei se consegui dizer isso no texto. Mas o q eu queria mesmo é q td tivesse como ponto de partida o humano, para aí entao aproveitar das "facilidades" vindas da tecnologia .
Temo mesmo a dominação....
obrigada!

5:48 AM  
Blogger milenapais said...

Gostei do texto... Me fez lembrar d uma revista que colecionavámos aqui em casa, Descobrir.

Lá falavam-se muito do futuro e moradias em árvores. Era BEM legal.
Eram árvores que se fabricavam, havia a proteção (como alvenaria) de vidros. Era um espetáculo!

Creio que antes de chegar em casas no ar, vão surgir muitas formas de casas nas águas.
O que pode ser bom essa exploração, pode ser ruim, afinal, com tantas explorações e destruições do planeta, eu, sinceramente, não moraria perto de mares em cidades com existências de terremotos, maremotos e quaisquer "otos" desses. Não por enquanto!

Maaaaaas, casas sem lugar fixo é BEM legal. Vida de mochileiro é SUPER legal!!! :)

7:41 PM  
Blogger jorge tanure said...

otimo, mais legal ainda seria construir, a partir das tuas ideias ou invençoes infantis uma utopia, ou uma nova cidade invisivel de italo calvino... mas, sendo bem burocratico, o texto estourou e muito os limites propostos p o exercicio. concisao tambem eh importante na comunicação de ideias de modo claro e inventivo, ok.

7:00 PM  
Blogger jorge tanure said...

otimo

3:25 PM  

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