setembro 02, 2009

Obras e discursos

Paradoxalmente, em um tempo em que tanto se discute arquitetura, ela nunca foi tão mal compreendida por aqueles a quem pretende servir. Não se valoriza a profissão do arquiteto porque não se sabe exatamente a sua função.

O cliente não sabe o que quer e o arquiteto tampouco. O resultado é que o arquiteto acha que sabe e o cliente finge que entende. Isso é frustrante para um profissional que estuda durante cinco anos o corpo no espaço, e na hora de projetar não interage com a própria pessoa dona do futuro espaço!

O profissional deve conhecer o cliente e seus anseios e projetar um espaço que seja prático, funcional, agradável e de acordo com bolso de quem o contratou.

A verdade é que falta troca de informações. O arquiteto não pode ditar o que o cliente quer, mas pode mostrá-lo novas possibilidades, ao mesmo tempo que o cliente precisa saber que está lidando com um profissional treinado para criar, e não reproduzir o que é visto em revistas. São poucas as pessoas que dão liberdade e aceitam ter suas Casas Cláudia contestadas, que entendem e acatam as opiniões e motivos dos arquitetos. A qualidade da maioria das construções são empacadas pelos próprios clientes.

O brasileiro nasce médico, arquiteto, engenheiro, psicólogo, bombeiro, farmacêutico ou o que precisar ser. Quando alguém adoece, em último caso vai ao médico, para conseguir uma receita para a cura. Quando alguém quer construir, em último caso vai ao arquiteto, para conseguir um “deseinho” aprovado ou um “projetinho” barato.

Arquiteto não é de elite. Ele é capaz de projetar uma cadeira, uma casa, uma cidade.
Ele é responsável pelo
projeto, supervisão e execução de obras, e seu campo de atuação envolve todas as áreas relacionadas ao espaço habitado, como o interior, paisagismo, urbanismo e diversas formas de design. Ao projetar, leva em conta aspectos técnicos, históricos, culturais, estéticos e ambientais.

Acredito que o fato de as pessoas não terem o costume de contratar um arquiteto no Brasil é cultural, um antigo pré-conceito de achar que sai caro demais contratar um profissional, caro é refazer todo o serviço malfeito!