setembro 11, 2008

jeitinho brasileiro

Nós brasileiros somos conhecidos (e até nos vangloriamos) por nossa capacidade de contornar situações adversas com improviso e muita criatividade. Esse jeitinho cultural brasileiro baseia-se na teoria de que se ele der certo, então isso é o certo, desde que ele resolva o problema, ainda que paliativamente. Podemos entender esse jeito como saída de situações delicadas que nos aparecem todos os dias, porém deve-se saber usá-lo. E nós brasileiros parecemos ter esse dom. Quem nunca matou a avó umas cinco vezes na escola quando cobrado por não ter feito o dever? Ou trabalhou horas a mais num dia seguinte após ter saído mais cedo do serviço para não ter corte no salário?
Muitos de nós hoje podemos ter o caráter questionado por algum dia termos tido condutas questionáveis ao fazer uso desse jeitinho. Por outro lado, nos desvencilhamos de situações estressantes pelas quais nós brasileiros passamos.
Em trechos de um livro intitulado “Dando um jeito no jeitinho”, o autor relata jeitinhos utilizados na nossa comunicação do dia-a-dia e que passam despercebidos. Seguem abaixo:

..."apareça lá em casa", na realidade não é um convite, mas uma maneira de se despedir cordialmente; ...; "já foi providenciado", ou seja, "ainda não vi o caso e não sei do que se trata"; "eu telefono mais tarde" e "a gente se vê" são sinônimos de "eu não tenho tempo agora".

..."Pô, você sumiu??" significando "eu me esqueci de você" ou "não tive tempo para me preocupar com você, agora que eu o vi é que lembrei que você existe"; "fica prá próxima", "fico lhe devendo essa" podem significar "não me aborreça, não estou interessado";"deixa comigo", que poderá significar "se der tempo eu vejo esse negócio", e quando esquecermos de tomar providências basta a resposta "eu tentei, mas houve um desencontro".


Passando para o lado material do jeitinho, quem nunca fez gambiarra com uma Super-Bonder? Ou nunca colocou um preguinho no chinelo Havaianas após arrebentá-lo né Marcelo? É assim que vejo essa foto. Apesar dos pesares podemos manipular nossas necessidades de acordo com as armas que temos.
E você? Vai dizer que ainda não é adepto do jeitinho brasileiro que já faz parte de nossa cultura? O aprecie com moderação, hehe.