novembro 30, 2008

Sem identidade


Onde foram parar as fachadas dos edifícios da Times Square, em Nova York? Só vejo anúncios! É isso mesmo, a arquitetura deu lugar a inúmeros letreiros luminosos. Será que este é o destino de nossa profissão? Fazer prédios suportes para publicidade? É triste aceitar, mas os arquitetos acabam tendo que se render ao apelo do mercado que necessita cada dia mais de espaço. O consumismo canibalista impregnado em nossa sociedade faz com que as construções percam parte de sua poética e totalmente sua identidade. Cada vez mais deixamos de expor nossas idéias, ideologias e histórias para evidenciarmos o nome de quem detêm o dinheiro. Se você não for Niemeyer, Koohas ou outro “grande nome” da arquitetura mundial inevitavelmente terá que se render ao mercado. Ou será que não? Como será que poderemos ter o direito de imprimir identidade em nossos projetos sem sermos famosos? Sinceramente não sei! O que sei é que a cada dia vejo mais e mais projetos que atendem somente ao mercado, não têm estilo, não têm conceito, só se prestam a divulgar as marcas que os pagam. Acho de pouca inteligência correr desenfreadamente na contramão do mercado, mas podemos, pelo menos, andar (nem que seja devagar) na direção da ideologia que nos foi ensinada na escola de arquitetura. Se não pode com ele, mude-o. Se o mercado quer te engolir, seja inteligente e (pelo menos) tente mostrar a ele que a arquitetura é um serviço, não um produto. Ver nossa produção arquitetônica ser assinada pelo patrocinador do projeto é triste. Na verdade penso sempre em “quem é que vai saber que esse projeto é meu se sequer percebem que existe um projeto atrás da logomarca da empresa”? E não será o filho reflexo de seus pais? Mas quem são seus pais? Infelizmente, filhos sem identidade são projetos sem liberdade.

(Postagem referente ao tema 7: “Sobre arquiteturas e logotipos”)

Lilian Castro