setembro 03, 2009

Inapropriação dos discursos contemporâneos

Somos marcados pela hegemonia da urbanização, frutos da industrialização e das transformações tecnológicas decorrentes das últimas décadas, do crescimento demográfico e da cultura massificada. Essas transformações foram fatores primordiais para a perspectiva das cidades na atualidade. Essa paisagem contemporânea se conforma a cada século a partir de uma arquitetura onde se absorve todas as idéias organizacionais humana. É partindo da vontade de organizar as novas idéias juntamente com as experiências que se cria uma arquitetura aceitável.
Diante do surgimento das grandes cidades até o surgimento das metrópoles e com as novas formas de pensar a ocupação urbana dos séculos passados, sempre eram levados em consideração o estudo da arquitetura e sua associação às significações sociais, às novas escalas estruturais, e as evoluções culturais, dando um salto evolutivo na escalada rumo às ações transformadoras, e ao progresso urbano, que a arquitetura se propunha a fazer.
Mas com o tempo, os discursos apropriados se perderam, ou deixaram de fazer falta. E a proposta arquitetônica seja ela habitacional, seja ela urbanística, se torna cada vez mais especulativa, tendenciosa às vezes totalitária. Os arquitetos passaram a se considerar seres questionadores do mundo e de uma certeza de que apenas o cenário arquitetônico é única e absoluta forma de transformação urbana, quase que por excelência. As configurações territoriais, a efemeridade e as conjunções e separações sócio-culturais são simplesmente irrelevantes diante dos processos da atual arquitetura urbanística.
Mesmo vivendo em uma realidade de Terceiro Mundo, nunca fomos tão urbanos, tão interligados e tão conformados a tecnologia, mesmo assim, o arquiteto se prende aos pensamentos do passado, ao raciocínio modernista, referenciando esse momento histórico em suas obras atuais. Mas não é só entre os profissionais, dentro das universidades esse tipo de situação é regra, e a doutrinação certa. Fazendo crescer uma dependência racional e de utopias funcionais, que se eterniza ao longo da carreira profissional.