setembro 03, 2009

Obras e Discursos ou Frank Gehry, o contraventor

Toda obra tem em sí um discurso, o qual almeja ser uma resposta à necessidade de um ser, um grupo, uma população uma cidade...

Haussamann idealizou o plano de reformulação do centro de Paris, ocorrido no final do século XIX, como uma resposta ao grande caos instaurado na época quando o viver no centro da cidade, significava viver em meio a ratos, bêbados e prostitutas.

Para ser aceito Haussmann pregava que a reforma melhoraria circulação no centro da cidade, eliminaria a degradação dos bairros, arejando os interiors dos densos quarteirões, dando uma imagem de cidade moderna, iluminada e arborizada. Daria a cidade uma "Nova Arquitetura"

As obras de Haussmann respondem até hoje ao seu discurso e idéias e Paris é a cidade que é, em grande parte graças a essa reforma.

O museu Guggenheim de Bilbao, no sul da Espanha se propõe a ser um museu de arte moderna, e é o que é, um dos maiores museus de arte moderna do mundo.

Projetado por Frank Gehry, o Guggenheim de Bilbao segue a risca o discurso a que se propõe: salas de exposição como a de tantos outros museus do mundo, com iluminação, temperatura e segurança adequadas às várias obras que são ali expostas.
A grande diferença da obra de Gehry é que o próprio museu, é em si, uma obra de arte, com suas superfícies curvas e brilhantes deitado às margens do Rio Nervión, fato que gera críticas fervorosas por ser, às vezes, mais atraente que as obras em exposição.

A pergunta que fica é a seguinte:

Toda obra arquitetônica ou não tem que seguir na forma o discurso a que se propõe?

Escolas têm que ter a “cara” de escolas? Prédios públicos têm que ser frios e neutros? Salas de aula têm que ser fechadas e com cadeiras? Cadeiras têm realmente que se parecer com cadeiras? Motocicletas com motocicletas? E museus têm necessáriamennte que estar em antigas construções?

Bom, Frank Gehry acredita que não..... e eu também!