outubro 22, 2009

andarcotidiano - Desaceleração corporal em meio aos obstáculos urbanos

A partir da idéia de que uma cidade é pensada e voltada para a busca da funcionalidade, mesmo que não seja uma preocupação única. Suas vias públicas, seus edifícios, e todos os equipamentos que fazem parte deste cenário devem ser eficientes para o exercício de funções como moradia, trabalho, lazer e principalmente para a circulação.

Estes elementos de composição do cenário urbano e suas funções estéticas devem ser levados em conta pelos setores administrativos em toda e qualquer intervenção urbanística, mesmo as efêmeras. E sua proteção deve ser disciplinada e garantida em lei, mas nem sempre estas condições são respeitadas, o que provoca um desligamento da cidade com seus habitantes.

Ao pensarmos em uma especulação em torno da funcionalidade das cidades contemporâneas, observamos que os praticantes ordinários das cidades atualizam o urbanismo, através da prática, das experiências dos espaços urbanos. E embora as indicações para usos possíveis de um espaço projetado sejam feitos, são as improvisações e apropriações que legitimam ou não o que foi projetado, ou seja, são os habitantes que determinam e reinventam as cidades. Esta leitura pode ser observada entre as experiências de circulação, onde as ruas, calçadas e todas as linhas de traçado urbano passam a fazer parte de um conjunto de condições, que interagem os habitantes ao movimento das cidades. Esta especulação estar diretamente ligado a própria experiência corporal urbana enquanto práticas cotidianas.

O corpo cria caminhos alternativos, rotas de fuga, desvios que buscam uma aceleração, e esta simples experiência corporal no cotidiano podem sofrer um empobrecimento. Quando as alterações e os elementos urbanos se comportam de maneira a provocar uma resistência a esta dinâmica acelerada das rotinas diárias das cidades, e do roteiro memorizado enquanto exercício corporal. Esta desaceleração liga diretamente o corpo e seu movimento a uma funcionalidade não pensante das cidades, principalmente quando as alterações são produzidas de modo arrogantes e ilegítimas, através de estruturas ou elementos urbanos fixos e/ou móveis, transformando as cidades em espaços “incorpóreos” de exercícios impossíveis.

Walter Silva Costa