outubro 19, 2009

Cotidiano Urbano P R A Ç A P Ú B L I C A Lugar de encontros ou grande palco vivo...


O cotidiano é o lugar onde o homem constrói a sua história em vistas das circunstâncias que se encontra, defronta passado e o presente, valores, vontades, sonhos e possibilidades. Assim, quando se trabalha com os sentidos do cotidiano é fundamental compreender a linguagem dos gestos e comportamentos mais simples e aparentemente banais, ouvir seu silêncio e compreender sua complexidade.

Às oito horas da manhã pequenas multidões de pessoas descem dos ônibus que estacionam na BR ou em outros pontos, passageiros de vários lugares da cidade. Aos poucos as ruas e lojas são tomadas de trabalhadores, consumidores que fazem do centro da cidade de Ipatinga espaço de trabalho, espaço de lazer, espaço para perder tempo, espaço para ganhar tempo. Seja frequentando, trabalhando, comprando, morando, sobrevivendo de algum modo. O centro é um lugar dos acontecimentos.

As praças centrais acolhem vários personagens da cidade, possuindo um aglomerado de usos, como um grande palco vivo, poses e cenas da vida cotidiana. Nela há espaço para a loucura, para o vício, para o feio, para o impróprio, resultando numa linguagem de forma franca e livre.

Espaço territorializado por atores sociais diversos, vendedores ambulantes, jogo do bicho, engraxates, religiosos e até um público para assistir os espetáculos ou consumir algum serviço prestado na praça, que varia desde o cafezinho à prostituição. Na realidade, o que aconteceu com o centro da cidade e seus espaços, Esses espaços transformaram-se, assim, em locais de perigo, até mesmo para aqueles que somente utilizam as praças como “passagem”.

Mas é preciso lembrar que os menos favorecidos estão na cidade. Cruzamos seus diversos espaços, desfazendo fronteiras estabelecidas, tomando ônibus, trem, caminhando a pé, cruzando por vários territórios, até chegarem ao seu destino: Shopping, bairros nobres, entre outros. O espaço público promove o inevitável encontro entre as classes sociais. E os poderosos vão sempre tentar esconder esta paisagem. Devemos refletir sobre estas relações entre o espaço público e espaços privados, analisar o papel e os valores destes espaços na cidade atual.

Helen Judith Bussinger Dias Neubert