novembro 05, 2009

A formação crítica das revistas de arquitetura

As revistas em geral, são uma dos principais caminhos para o entendimento técnico, político e ideológico, que corresponde a um julgamento crítico dos processos, sejam eles atuais ou históricos da sociedade, ajudando a distinguir e compreender os aspectos sociais, culturais, além de ser grande provedor de trocas intelectuais, que indicam a dinâmica, a variação e a circulação de idéias. Se por um lado, em análise demanda ao leitor uma maior bagagem quanto à interpretação de dados, ou conhecimentos acumulados, por outro as informações oferecidas são de certa maneira mais simplificada, desprovidas de afirmações impostas, permitindo diversas interpretações, e até mesmo uma analise das posturas ideológicas de cada conteúdo.
Dentro da arquitetura, revistas especializadas têm um papel que de certa maneira são importantes para a profissão, mas talvez sua maior relevância esteja fundamentalmente no papel de divulgador dos valores da prática arquitetônica para um público leigo. Uma crítica ampla e direcionada para esse tipo de leitor pode permitir um entendimento da arquitetura que supere todo o atual momento da profissão, que se transformou em um meio determinado pela moda e pelas tendências, assim como sua dependência atual às oposições do mercado. A linguagem da crítica deve ser a mais clara e simples possível, para permitir o acesso do maior número de pessoas ao conhecimento arquitetônico.
Dentro do cenário nacional, há algum tempo, vem surgindo uma série de críticos especializados quanto a projetos arquitetônicos, métodos e tecnologias de materiais, concursos e eventos, que de certa maneira vem tradando dos assuntos com competência. Mas isso se dá de modo esporádico, ao sabor dos interesses das revistas e jornais. Portanto seria de extrema necessidade que houvesse uma crítica regular e sistemática, e não apenas com publicações em revistas especializadas em arquitetura, mas nas publicações de cultura e nos cadernos culturais das diversas outras mídias. Existe uma grande irregularidade e uma escassez no modo em que se desempenham as críticas de arquitetura, se levar-mos em conta a importância do país e a contribuição da arquitetura brasileira para com o cenário cultural, isso se torna mais evidente. Ao contrário de outras manifestações artísticas, só se fala de arquitetura em situações excepcionais, com um foco nas extremidades, sejam elas positivas ou negativas. Por isso, é de extrema importância a existência da crítica, operando de modo cotidiano e constante, dentro de todos os meios de publicação, assim como nas próprias revistas especializadas, que em diversas situações confundem opinião bem-intencionada com crítica de arquitetura.
Porém, é necessário sempre ser levado em conta de que as revistas se trata de um material diferente, pois a questão histórica é substituída pela valorização da crítica, e que apesar de este também ser um ato histórico, se produz no fervor do momento, e das decisões comerciais, e às vezes sem uma justa interpretação dos fatos. Fora isso, a crítica nas revistas de arquitetura não se resume à escrita, a imagem fotográfica, se estabelece também de seu poder multiplicador que lhe fornece autonomia, tornando-se uma modalidade de substituição do discurso.

Walter Silva Costa