agosto 30, 2007

cidades frenéticas... corpos inertes...


Antes de questionar ou qualquer outra coisa, me permito sentir o quanto seria incrível viver em cidades flutuantes. E mesmo as plataformas com raízes grandes e profundas me permitem pensar nas cidades andantes de Archigram, mistura de nave espacial com submarino atômico. Architecture e telegram . Uma arquitetura com a mesma instantaneidade de um telegrama...uma arquitetura que comunica... arquiteturas que se comunicam. Consigo ver seus tentáculos funcionando em movimentos frenéticos. Capturando e levando coisas. Uma troca entre as cidades. Uma rede de cidades que se comunica entre seus tentáculos. Archigran questionava o processo de representação e de criação arquitetônica no momento de uma grande revolução tecnológica.... políticas de conquista espacial, o crescimento das redes de telecomunicações via satélite, o surgimento da robótica e computadores. Inventavam cidades incrivelmente vivas. Uma arquitetura mutante... tentativa de gerar espaços adaptáveis, espaços sensíveis as transformações e às exigências naturais da evolução da sociedade. É isso que me encanta... ver a cidade transitar pelo real e imaginário. Mais do que megaestruturas (mais do Richard Rogers, Norman Foster e sustentabilidade) Archigram se permite experimentar além das possibilidades consolidadas... se permite imaginar... Evolução ou não, vivemos em dois mundos. Os corpos se territorializam além do espaço físico. Pertencemos a comunidades que nunca vimos e mal ouvimos falar, nos relacionamos em salas onde não existe o corpo. É a realidade invisível, “carentes de massa”. Onde não precisamos nos mover para movimentar... andar, voar ou flutuar para chegar. Existem momentos que é necessário andar, voar ou flutuar... e estes são o que mais gosto. Pensar em cidades andantes no momento em que tudo tende a inércia do corpo. Tudo feito por controle remoto.
Ainda não posso ver os tentáculos mas começo a identificar ... Sealand tem 550m quadrados, moeda própria, brasão e bandeira oficiais. Um país flutuante que esta a venda. Vista infinita do mar, tranqüilidade absoluta garantida e nada de imposto. Basta multiplicar para imaginar como seriam as relações dentro destes pequenos países e entre os milhares de pequenos países.
"As cidades, como os sonhos, são construídas por desejos e medos" - diz Ítalo Calvino, no seu livro "Cidades Invisíveis".

1 Comments:

Blogger jorge tanure said...

otimo, começo impressionante, vc deveria ter continuado com a delicadeza inicial e menos informativa do final.

11:33 AM  

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