novembro 09, 2008

A mulher e o sexo

Observando a fotografia, o primeiro pensamento que me veio á cabeça, foi de que esta foto estaria relacionada á “sexo”, não que eu seja um pervertido, mas foi o que veio em minha cabeça sem malicia alguma. Alguns podem questionar o porquê de me preocupar em justificar, mas me justifico pelo fato de ser homem, pois junto a isto sempre vem o paradigma de que homem só pensa em sexo. Não que isto seja uma calunia, mas não é um pensamento que predomina 24h por dia, também hoje em dia não é um pensamento exclusivo do homem, na sociedade moderna uma grande quantidade de mulheres já se assemelham aos homens em pensamentos relacionados a sexo.

A fotografia pode ser um paradigma relacionado á mulher e o sexo, simbolizando a segregação destes durante toda a historia, uma historia que anda em paralelo com o machismo, onde a mulher é um objeto sexual, dá o prazer, mas não o recebe. Mas a fotografia também pode estar querendo passar justamente o oposto, pode ser um paradoxo onde na verdade simboliza a “inclusão” do prazer na vida sexual da mulher. Ainda na inclusão do prazer feminino, a imagem poderia ter duas faces, podendo ser uma foto relacionada ao masoquismo, mostrando que a mulher buscou diferentes formas e experiências até conseguir também sentir algum prazer em uma relação sexual, como também a conquista desse prazer, pode ser simbolizada na foto de uma forma mais machista e até cruel de se falar, mas que com boa parte da historia do mundo sendo submissa ao homem no sexo, tenha conseguido o prazer com o próprio sofrimento, levando ao pé da letra o significado da palavra “masoquismo” no dicionário, “perversão sexual em que a pessoa só tem prazer ao ser maltratada física ou moralmente”.

As opiniões descritas à cima não são minhas opiniões relacionadas ao assunto da mulher e sua vida sexual, apenas hipóteses que levantei sobre a possível mensagem que a imagem pode passar, talvez a imagem nem tenha relação com sexo, mas como não possui legenda sua interpretação é livre. Agora expondo uma opinião, acredito que a imagem se encaixaria muito bem como capa do CD “Estudando o Pagode”, um disco do cantor Tom Zé, onde através de uma opereta sobre a segregação da mulher e do amor através da historia, ironiza o machismo e liga uma musica a outra terminando o disco em aberto, dando possibilidades de cada um fazer sua interpretação de como a mulher contemporânea se relaciona com o sexo. Um final tão aberto quando a interpretação da fotografia.

Musicas do CD “Estudando o Pagode” de Tom Zé:

Mulher Navio Negreiro
O macho pela vida se valida a molestar a mulher, se diverte.
Apavorada, ela, que se péla, pouco pára de pé, e padece.
Quando ele pia, pia, pia, pra inibir na mulher o animal, talvez eu ria, ria, ria, vendo ele transar uma boneca de pau, com seu incubado, calado, colado, pirado pavor do segredo sagrado.
Por isto existe no mundo um escravo chamado Mulher - Divino Luxo - Navio Negreiro - Graal - Puro Cristal – Desespero - Rosa-robô - Cachorrinho - Tesouro, ninguém suspeita dor neste ideal, a dor ninguém suspeita imperial.
Eucaristia - Ascensão – Desgraça - Filé-mignon - Púbis, Traseiro - Alcatra,
Banca de Revista - Açougue Informal - Plena Praça, ninguém suspeita dor neste ideal, a dor ninguém suspeita imperial.

Vibração da Carne
Tortura que ela atura com fartura no viver social, então leve uma banana, também social.
Toda vez pela primeira vez que o cara sai com a garota, logo ali, no bar tem um rali de tititi, amigos dele com ele - com ele, por ele.
De repente, cara, ela encara um desaforo inocente - sente só, que sai no subliminar do papo com alho pelo soalho.
Tortura que ela atura...
Desde criança a mulher enfrenta aquela dissimulada agressão:
Eram descarados provérbios maldosos, e duros, naquele tom brincalhão.
E na dureza do escárnio se o amor-próprio se parte...
Pode interromper no corpo aquela natural vibração da carne, gozo da mulher, que se o cara não doar atenção - é tarde.
Porque a dois, não dá pra viver, se somos dois, que seja a valer.
Baião-de-dois não dá, não dá pra fazer sem dividir a bênção do prazer.
Mas o castigo pior, a porrada que agora o homem sofreu, foi daquele tipo de mulher que no seu desespero aprendeu.
E tentando imitar em atitude vulgar, repete o idiota do machão no que ele faz de pior - agora
Por exemplo, ela no volante a debulhar palavrão - ó senhora!
Porque a dois não dá pra viver se somos dois, que seja a valer.
Baião-de-dois não dá, não dá pra fazer sem dividir a bênção do prazer.