novembro 03, 2008

Vaidades

Não sei bem o que esta imagem representa.
O que parece claro é que se trata de um corpo de uma mulher, pela marcação dos seios e útero, e pela silhueta...
Pela roupa, parece uma época em que o corpo da mulher ainda era resguardado de olhares de terceiros.
Seria um aparelho médico antigo? Uma espécie de equipamento de proteção para algum exame? Se sim, um aparelho que protege os órgãos que vão gerar e amamentar uma nova vida?
Só de pensarmos que se trata de uma mulher, várias coisas podem passar por nossas cabeças: os movimentos feministas, as conquistas de espaços na sociedade... ou ainda a forma como esse corpo é exibido hoje... a liberdade e libertinagem que se misturam... a inversão de valores onde queimar um sutiã representa menos uma conquista de direitos e mais uma desculpa para ficar nua... Mas não cabe a mim julgar... quem quer que seja.

O corpo hoje sofre com estigmas e padronizações, onde quem não se encaixa fica a mercê de piadinhas ou apelidos pejorativos. Isso quando essa ou aquela parte do corpo não viram referência né?! [Vai ali do lado daquela gorda...][Conhece a Fulana? Aquela do cabelo sarará?][Você viu por aí a L.? Uma peituda...]... aff...

Mas o que nós [gordas, magrelas, cabelos pixaim, vesgas, sardentas, quatro-olhos, narigudas, baixinhas, orelhas-de-abano, barrigudas, sem peitos, peitudas, feias...] devemos fazer?

Ler manuais da beleza implacável na revista NOVA? Submeter-nos a cirurgias “corretivas” de novos “defeitos”? Ficar trancadas em casa e quebrar todos os espelhos?

Cada uma encontra a solução que lhe convém...

Mas pra mim [independente de minhas vaidades e desejos de mudanças no meu corpo] o que vale mesmo é o que está por dentro... sem duplo sentido.

Que bom seria se uma referência sobre mim fosse “uma simpática, agradável e inteligente”...

Mas simplesmente [e infelizmente] não é!


.

Lanara Raone