novembro 25, 2009

A EXPERIÊNCIA ORDINÁRIA DO ESPAÇO

Confrontante ao conhecimento científico, o conhecimento empírico é aquele que adquirimos com a experiência da prática, em meio a tentativas, a erros e acertos, caracterizado por um agrupamento de idéias e observações diante da ocorrência de fatos.

[...]O comum é abundante, ao contrário do que é raro e excepcional. Banal, vulgar, conhecido, o comum é o exercício da frequência. Costumeiro, o comum é o chão das coisas, rasteiro, simples, ordinário, geral. O comum é o corriqueiro, diário, trivial. De usado, no dia-a-dia, o surrado, comum, soa como o óbvio. No entanto, ao que é comum atribui-se, pelo uso, a sua condição prática adquirida pela experiência, pelo experenciar: existir, experimentar o mundo, viver o mundo nos lugares feitos de cotidiano.[...] (HISSA, 2007)

É uma forma de conhecimento que lida o tempo todo com as imprevisibilidades das demandas, a tentativa da consciência de nossa própria existência de forma superficial, sensitiva, subjetiva, acrítica e assistemática. O grande desafio de toda essa experiência transdisciplinar é o conservadorismo estabelecido pelas ciências, como afirma Hissa:

A ciência se afirmou como a palavra que pretende se elevar sobre todas as demais; como conhecimento hegemônico que, para existir como ciência e como hegemonia, exclui ou deslegitima todas as outras formas de saber. (HISSA, 2007)

Assim como ciência, a arquitetura é confrontada entre a tentativa da previsibilidade máxima em sua concepção - objetivo de sua índole - e a experiência vivenciada por seus habitantes em sua ocupação diária nesses espaços criados, tal ocupação que torna a arquitetura fruto da trivialidade e do saber comum, da experiência vulgar, das necessidades impostas pela vida, da imprevisibilidade surgida em meio ao cotidiano de um núcleo familiar, um complexo mundo de subjetividades de ordem singular e ao mesmo tempo coletiva, ou seja, um resumo da vida desses personagens que atuam em seus palcos, dirigidos por suas próprias obras.

Qual seria então a natureza da arquitetura e suas eventualidades?
Qual seria a função da arquitetura nesses espaços carregados de valores e subjetividades?
E qual seria o nosso papel como arquitetos? Diretores, personagem principal ou um mero papel coadjuvante?
Qual enredo deveríamos tramar para que essa história aconteça de forma a ser interpretada por todos os participantes?