novembro 19, 2009

Arquitetura e a pobreza

Em toda discussão, atrelada às situações de habitações constituídas por aglomerações como favelas, palafitas, cortiços e loteamento irregular, sempre possuem uma relação indissociável com as questões de pobreza eminente, e por falta de recursos financeiros dos governos, para promover uma melhoria para as áreas inseridas neste contexto. Mas se a falta de verba e um dos fatores de maior responsabilidade por esta situação, o que compromete as iniciativas de melhoria, quando o governo possibilitado por diversos investimentos a exemplo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), e a novas políticas públicas urbanas com métodos mais flexíveis e ordenados a resolverem estas questões.
Um dos motivos que podemos apontas, é a carência de projetos e iniciativas dos setores ligados diretamente a questão urbana e habitacional. Este motivo e bem convincente, quando se examina a complexidade das relações subnormal das habitações irregulares no país. Mas na grande maioria das propostas de melhoria, com intuito de reverter este quadro, são meramente paliativas, com intenções de simples política. Situações de mudança “aparentes” podem ser percebidas por todo o Brasil, como o que ocorre em Salvador na Bahia, que possui bairros erguidos sobre aterros que invadem os manguezais, além das palafitas ancoradas pelo litoral. Outra situação são os de investimentos em melhorias nas favelas da Rocinha e do Complexo do Alemão, na cidade do Rio de Janeiro RJ, famosa por seus traumas que misturam pobreza e violência urbana, apresenta também as condições criticas de São Paulo SP, e os métodos de ilegalidade que envolve os loteamentos pela periferia. Estas ocorrências são comprometidas quando a habitação irregular e tratada de modo isolado, em contemplar as relações com a cidade, seus centros, suas áreas nobres.
A irregularidade das habitações, não esta ligada a qualidade das moradias e nem mesmo a falta delas, mas sim de uma percepção urbana mais ampla, de inclusão social. E atentar para situações bastante conhecidas, que criam condições de acesso barato e proximidade da população a elementos básicos como: emprego, hospital, saúde e educação. Esta solução seria possível se todos os projetos lidassem com uma participação popular ativa, o que não ocorre na prática, onde todas as ações de governo tomam posturas corriqueiras e de simples politicagem incapaz de dialogar e até mesmo informar. São decisões meramente temporárias.
Esta falta de informação promove o afastamento da sociedade para com as decisões públicas, e quando o poder público resolve tomar decisões conjuntas a sociedade, os projetos já estão predefinidos, cabendo a sociedade apenas uma votação, o que e pouco. Esta falta de informação, sem efetivo consenso social não prejudica apenas as relações de ocupação desordenada, mas também, a estruturação urbana tão complexa e delicada de se resolver. Todos estes fatores e aspectos sociais não estão tão afastados de nossa realidade, mesmo que em escala inferior, as relações de habitação irregular e desordenada, associadas às decisões de governo paliativas sem envolvimento com a sociedade, existem e são bastante conhecidas.
Há algum tempo a cidade de Ipatinga, promoveu uma grande remoção de moradias irregulares do centro, com um discurso dúbio sobre melhorias para a região, e a criação de um novo centro, que recuperaria as margens do ribeirão Ipanema, este fato pode ser claramente interpretado como um ato de político de viés de higienização social. Outro fato, este mais recente, pode-se observar durante as obras de recuperação da drenagem de um córrego no bairro Caladinho, em Coronel Fabriciano, onde foram aplicados altíssimos financiamento, para uma solução meramente temporária, sem levar a menor consideração com outros fatores ao seu redor, como as ocupações de dos topos de morro, e das relações sociais da região. São estes tipos de situações, seja elas de grande ou pequeno porte, que quando não é buscada a participação popular efetiva, sofre com análises incorretas e comprometedoras da organização social, habitacional e urbana das cidades.

Walter Silva Costa