novembro 18, 2009

DESABAFO DE UMA CIDADE INDUSTRIAL Podemos intervir?

No contexto que se vive uma sociedade industrial, a padronização é a marca principal desse sistema. A forma mais produtiva de se fazer isto é criar padrões definidos para tudo; formas de trabalho padronizadas produzindo produtos e serviços padronizados para pessoas padronizadas. O padrão possibilita a produção em série, numa repetição constante e inviolável de procedimentos e fluxos regimentados pelo funcionamento das máquinas empregadas na fábrica. Um dos mitos da indústria é construído pela ideologia estatal do industrialismo, onde todos são iguais e que a liberdade de cada um é individual. A verdade, no entanto, é que a produção industrial massifica todos, eliminando personalidades e individualidades que se devem expressar no vestir, no calçar, no comer, no morar, no falar, no expressar, no trabalhar, no amar! Sem dúvida, o padrão eliminou certas diferenças sociais e até políticas, mas os colocou dentro dos mesmos limites, nos mesmos padrões, nos mesmos moldes. Não só padronizou tudo, mas também a todos.

Esta é uma brutalização do próprio corpo do trabalhador, onde toda sua capacidade se resume a uma repetição infindável de tarefa num mesmo ciclo de tempo, espaçado em frações bastante pequenas. A brutalização está tanto na repetição como no tempo medido milimetricamente.

O tempo é dinheiro, porque as máquinas não podem parar. Quanto mais unidades uma máquina produzir mais barato cada unidade fabricada será, pois os custos de produção, inclusive o investimento da máquina e os próprios salários, podem ser repartidos por mais unidades produzidas. É por isso que eles não podem parar de produzir, eles têm horário para tudo: O turno ou horário normal uma jornada de segunda a sexta. E no final de semana é a mesma coisa! E amanhã a mesma coisa! E daqui a um ano tudo igual! E daqui a 20 anos tudo igual! Mas acostumam com isto, pois é o único sustento que eles têm. Os trabalhadores se alienam da produção como um todo, é possível, até hoje, encontrar trabalhadores que não têm o mínimo de conhecimento sobre a utilidade de seu trabalho, até porque não sabem onde seu trabalho particular será usado. A perda da visão da utilidade de seu trabalho é talvez a mais grave.

Pensar nestas padronizações dentro da arquitetura foi algumas metas dos urbanistas nas décadas de 30 e 60. Uma das alternativas para a cidade industrial era uma procura de um modelo de cidade que propiciasse novas formas de vida urbana e que garantisse a possibilidade de transformação social.

O conceito dessa Cidade Funcional habitar, trabalhar, recrear e circular definem a cidade e sobretudo, atendem todas necessidades da sociedade. Bem, se tivesse dado certo... O projeto dessa Cidade Funcionalista era organizar todas as funções da vida coletiva e com esta lógica de produção em série, resultaria na Máquina de morar, como sinônimo de morar de forma “eficiente.”

Bem, ao meu modo de ver, a cidade se torna o palco da produção em série. Temos um grande desafio pela frente, sair desta padronização não será fácil, mas não podemos perder a visão da nossa utilidade.

Helen Judith Bussinger Dias Neubert