novembro 22, 2007

Vazios Urbanos (tema 6)

O filósofo, Nelson Brissac, é organizador e curador do Arte/cidade, um projeto de intervenções urbanas realizado desde 1994 em São Paulo, e também de outros projetos artísticos no espaço urbano. No texto, Informe: Urbanismo e Arte nas megacidades, ele aborda as transformações urbanas, o surgimento de novas formas espaciais, resultantes do processo de globalização.

Metrópoles como São Paulo, têm passando por processo de reconfiguração espacial, resultado do impacto da reestruturação das corporações globais. Acompanhado por uma completa reorganização do espaço público, com o crescimento da exclusão social e da violência. As formas mais extremas de modernização convivem com novas condições urbanas; informais, transitórias e clandestinas. Vias de trânsito expresso ligam os fragmentos de tecido urbano que são criados desconectados do traçado urbano. Na metrópole espaços mais distantes tornam-se mais próximos, com a facilidade de acesso e no caminho surgem espaços vazios. O “espaço do possível”, o vazio atormentado pela ansiedade diante da sua indefinição e pela dinâmica da cidade.

Ao mesmo tempo, os modos de produção e circulação da arte também passam por profundas transformações, com a criação de um circuito internacional de exposições e a construção de grandes equipamentos culturais. A arte pública torna-se um veiculo para revelar e desenhar os espaços. Robert Smithson retrata a paisagem urbana contemporânea, de viadutos, autopistas, estacionamentos e conjuntos habitacionais populares, devastada pela industrialização e pelo crescimento urbano. As casas cortadas de Gordom Matta Clark também enfatizam o caráter precário e degradado da paisagem urbana, revelando referências passadas inscritas nas edificções e, evidenciando o poder do ausente, do vazio e da eliminação.

As apropriações e intervenções em megacidades são estratégias que proporcionam uma outra percepção da área urbana, permitindo-se ir além do que pode ser visto. Em Belo Horizonte a prefeitura tenta por em prática um projeto que prevê a adaptação de prédios abandonados do hipercentro da capital para nova ocupação como moradia popular. Numa tentativa de atuar de forma democrática nos vazios da cidade.

“A metrópole, armada por uma nova trama de circuitos de transporte e comunicação, rasga-se em todas as direções. Um estilhaçamento que a converte num amálgama de áreas desconectadas. Espaçamento e desmaterialização são mecanismos da expansão urbana. Ao avançar, a metrópole deixa um vácuo atrás de si.”¹

Como intervir nesses vazios presentes nos grandes centros urbanos? É papel do arquiteto, propor novas políticas urbanas de intervenção para esses espaços, minimizando os impactos negativos que a nova configuração das cidades tem gerado.







¹ PEIXOTO, Nelson Brissac. Cidade Desmedida. Disponível em: . Acesso em: 21 dez. 2007

Projeto prevê transformação de prédios fechados no hipercentro de Belo Horizonte em moradias.
Disponível em
: <http://www.iepha.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=370&Itemid=156> Acesso em: 22 dez. 2007

INFORME: Urbanismo e Arte nas Megacidades IN: PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens urbanas. 3. ed. São Paulo: SENAC, 2004. p.392-436.