setembro 15, 2008

Expandindo o olhar prontificado de uma imagem para outras situações (Viajando na maionese)

Ao tratar de um assunto a respeito dessa imagem, quero ir além da figura em si. Além do que o meu sentido visual transmite ao meu cérebro. Prefiro imaginar a hipertrofia de sensações e situações que essa imagem provoca.
Uma pessoa, provavelmente em um sertão ou um deserto, com os pés bastante sujos, talvez sem camisa ou com ela bem rasgada, pois a usara para fazer as tiras de seu chinelo improvisado. Uma pessoa adaptada àquela situação não por natureza, mas por necessidade.
Imagino como poderia ser um dia cotidiano desse indivíduo. Um dia muito quente no sertão, talvez uns 40°C, sol a pino. O suor e sua respiração ofegante são parceiras diárias do indivíduo. Seus chinelos improvisados não permitem caminhar facilmente, mas passos arrastados nos quais seus pés não saem um minuto sequer do chão. A julgar pelos pés sujos e pelo chão extremamente seco, provavelmente está com a boca bastante seca, sem sinal de água a quilômetros dali. A falta de água é tanta que dois recipientes de água em potencial deviam estar obsoletos e foram transformados em bases para seus chinelos.
Seus pensamentos se restringem ao instinto de comer e saciar a sua sede. Preocupado também por possuir uma família ou fazer parte de uma. Sua pele seca, russa e espessa, calcanhares rachados e doloridos, olhos semi-cerrados pelo sol intenso. Seu corpo se torna mais um inimigo e obstáculo que um aliado na busca incessante pela sua sobrevivência.

Marcelo Patrício