outubro 23, 2008

Horário de Verão

“Horário de verão”. Por que não “horário de inverno”?
O dia de verão é naturalmente mais longo que a noite.
Escolhem justo esse período para prolongar ainda mais o dia?
Por que não durante o inverno, que tem o dia mais curto que a noite?

Ao virar a meia-noite, lá se vai a meia-noite. Já é uma da manhã.
Menos uma hora para aproveitar o curto e tão esperado fim de semana.
O domingo passa meio deprimente, porém muito rápido.
Ainda nem escureceu e já são sete da “noite”.
Ainda sem sono, mas já passam da meia-noite.

Segunda-feira, seis da manhã e ainda nem é completamente dia.
O corpo fadigado e “mal dormido”.
A tentativa inútil de descansar mais ao adiar o despertador cinco minutos que seja.
A cama nunca foi tão macia e aconchegante, parece nos abraçar.
Pensativo, por um minuto, me pego xingando o tal do horário de verão.

Ao sair de casa, agora sim é dia. Dia de muito sol. Sol escaldante, que chega a arder o escalpo.
O andar em ziguezague ao procurar por sombras de árvores.
O olhar semicerrado evitando a luz intensa.
Encolhido embaixo de um buganvile, espero impaciente pelo ônibus para trabalhar.

Ao chegar ao escritório, pareço estar em outro lugar.
Escuro, de luz branca, climatizado.
Um lugar agradável, longe de qualquer desconforto da cidade.
O tempo mal parece passar, ainda são dez da manhã. Mas espere um pouco
O quê? Não, já são onze da manhã. Já é quase hora do almoço.
Pelo jeito nem o computador, atrasado, se adaptou ao horário de verão.

Ao chegar em casa, almoço servido e depois um cochilo
Será um cochilo ou um piscar de olhos? Mas já são quatro da tarde
O resto do dia passa ainda mais estranho.
Rápido para o tempo, lento para o corpo.
O sol brilha intenso, mas já são sete da noite.
Sem sono pelo cochilo após o almoço.
Só fico ciente do tardar da noite através dos programas da TV.

Muito tarde, vou para a cama.
A mesma que de manhã estava acolhedora, agora se encontra aversiva.

Assim resume o horário de verão
Em noites mal dormidas e dias corridos.
E quando finalmente nos acostumamos


Marcelo Patrício

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Mas que bosta hein!!! Que poeta!!! Hehehe.

2:28 PM  

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