novembro 13, 2009

A cultura visual massiva

“As imagens que nos olham são aquelas que nos controlam”. Virilio

Revista: Órgão publicitário, periódico de uma entidade social, cultural ou econômica. (Ou seja, folhas de papel com imagens e textos impressos).

De início parece inofenssivo e até mesmo instruível ao público alvo, mas ao analizar bem a situação, descortinamos um problema grave principalmente em nosso contexto de atuação no mercado de trabalho: a arquitetura.

Nas revistas são comercializados os chamados de espaços óticos, onde a percepção e a experimentação se dão por uma visão distanciada do objeto em questão. A sociedade está estrategicamente infiltrada em um fluxo onde predominam as imagens.

É impressionante como uma habitação é “vendida” baseando-se somente na visão à distância que se tem de um ambiente reproduzido e impresso. São publicadas imagens impressionáveis e ilusivas ao público, criando uma anestesia visual frente a uma sociedade em que o que impera, é a cultura visual massiva, em que a percepção é determinada pela velocidade.

Com isso, ocorre uma obstrução no sentido espacial de percepção do ponto de vista do observador/leitor, onde são destruídas as noções do real e do imaginário, do possível, do adequado e do funcional. As paisagens mostradas são físicas e estáticas e não sensíveis e interferíveis. São ambientes inúteis, ociosos e inativos quando tranferidos para o contexto de uso pessoal/particular. Até mesmo inacessíveis financeiramente e espacialmente, distintos da realidade material.

Além disso, as revistas enfatizam a precariedade da paisagem e ajudam a afirmar a noção coletiva de que o profissional de arquitetura trabalha somente para a elite. E acima de tudo, a cópia destes ambientes esgota o potencial e a capacidade criativa do arquiteto.

Deve-se então atentar para espaços possíveis, contaminados por práticas contínuas e reais, com indícios de uso e não só de contemplação, paisagens sentidas pelo corpo inteiro e não somente pelos olhos, avançando em direção à interioridade, pensando na presença do corpo e a sua relação com o mundo ao seu redor.