novembro 10, 2008

Arquitetura Iceberg

Está certo que criamos nossos padrões de beleza fundamentados puramente na subjetividade e por isso temos gostos e reações diferentes em determinadas situações. Porém, um dia, uma pessoa mais sensata que nós e talvez tão inteligente quanto (rsrs) criou um padrão humano não para distinguir pessoas por sua beleza, mas para servir de ferramenta de trabalho. Esse sabido era Le Corbusier, que sabendo que arquitetura é feita para pessoas passou a projetar tendo como diretriz a popularizada escala humana desde então. Essa escala humana seriam medidas de referência relativa baseada no nosso corpo. Corbusier elaborou um estudo de medidas humanas denominado Modulor buscando criar uma relação harmônica entre a escala humana e a arquitetura. Porém, ele não pretendia estar criando um padrão de medidas, o Modulor ia muito além.
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O Modulor





Le Corbusier idealizava o tamanho padrão do homem com 1,83m e criou uma série de medidas proporcionais que dividia o corpo humano de forma harmônica e equilibrada. Isso servia para orientar os seus projetos e suas pinturas e baseava-se na "razão de ouro", uma proporção matemática considerada harmônica e agradável a visão. Essa "razão de ouro" é a divisão de qualquer segmento de reta em duas partes desiguais onde a menor está para a maior, assim como a maior está para o segmento inteiro. Com base nessas proporções constrói-se o retângulo de ouro, do qual, extraindo-se um quadrado sobra outro retângulo com as mesmas proporções.
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Temos visto hoje vários crimes contra o corpo sendo praticados por arquiteturas capitalistas. A Construtora MRV, por exemplo, diminuiu o pé-direito dos apartamentos de seus edifícios populares conseguindo assim gastar menos material, mão-de-obra e tempo na obra, esquecendo de quem vai estar morando sufocado ali.
Todos os envolvidos na cadeia de concepção de habitações deveriam privilegiar o habitante. Dá pra pensar uma habitação “enxuta” e com qualidade para quem vier habitá-la. O ser-humano tem de estar acima de qualquer quantia financeira.


"A arquitetura é como um iceberg, e a parte visível é muito pequena em relação ao que está oculto. O que fica além da fachada de um edifício é a vida."
Renzo Piano