dezembro 02, 2008

Arquitetura, Cartão Postal?

Nada ao acaso! Assim é a cidade contemporânea! De um lugar de convívio e enfrentamento das diferenças, a cidade atual passou a ser palco de ações pré-concebidas. Tudo é pré-programado, e pensado de maneira a gerar sempre as mesmas situações monótonas no espaço arquitetônico estático.
A maioria das grandes metrópoles mundiais – New York, Xangai, São Paulo, Tokyo, Londres, etc. -, ou cidades que aspiram a ser grandes aglomerados urbanos - Dubai, Abu Dhabi, Doha, etc. -, têm buscado homogeneizar o espaço cidade através de uma “arquitetura perfeita”.
Edifícios cada vez mais altos, shoppings cada vez maiores, jogos de luz nos skylines, áreas verdes intactas com plantas imóveis ao tempo, museificadas. Espaço para comprar, para andar, para jogar, para conversar; tudo é concebido para gerar uma determinada ação em um local específico.
Nesse processo de maquiar as cidades globalizadas, a arquitetura aparece na forma de grandes espaços expositivos, tanto de eventos, como da própria arquitetura em si; uma arquitetura cartão postal.
A revitalização de espaços ferroviários, favelas, áreas industriais degradadas, lotes vagos, etc., não se fundamentam no intuito de melhorar esses espaços para a participação da população.
Em geral os espaços são concebidos visando a especulação imobiliária e o turismo de massa. O que sobra para o morador - que não vivenciou nem interveio nesse processo de mudança – é uma área capitalista de espaços semi-públicos e uma arquitetura hostil, estranha e pouco convidativa.
Em suma, a preocupação por um edifício marcante, uma arquitetura que se sobressaia ao resto do mundo, alardeando-se por si mesma e suprimindo o espaço onde está inserida – já que a cidade com suas subjetividades não é vista mais como capaz de atrair as pessoas – exaltada pela estética sublime de vidros altamente reflexivos e limpos, centros financeiros capazes de conter em si, toda a estrutura necessária à vida capitalista, colocou em segundo plano as relações sociais, transformando os indivíduos em meros contempladores de um espaço cenográfico.
Giselle Leonel