março 05, 2009

Vazio urbano

Podemos entender de maneira geral como vazios urbanos, os espaços não construídos, e não qualificados como áreas livres, no interior do perímetro urbano. Mas, a questão pode tomar um sentido mais abrangente quando levamos em conta a evolução das cidades e a má gestão territorial, somada a interesses politicos e economicos, que acabam por gerar grandes vazios demograficos em areas mesmo densamente construidas.
Tendo origem na transformacao do uso do espaco, esses “vazios,” podem ser cidades que mudaram de perfil economico: antigas areas fabris ou portuarias que nao mais possuem funcao e se encontram agora em desuso, dando origem a espacos marginalizados, desprovidos de vivencia e, logo, potenciais degradores do meio urbano e do tecido social; ou mesmo, consequencia de uma substituicao do perfil populacional reduzindo as densidades locais: exemplo, enobrecimento urbano.
Fenomeno conhecido tambem, como gentrificacao ou enobrecimento urbano, tem origem em um conjunto de transformaçoes do uso do espaco, com ou sem o apoio do governo, e que tem como caracteristica a expulsao de moradores tradicionais pertencentes a classes sociais menos favorecidas, de espacos urbanos que sofrem, repentinamente, intervençoes provocando sua valorizacao imobiliaria. Fenomeno corriqueiro em terras brasileiras, podemos observar o fenomeno na cidade do Rio de Janeiro ja em 1902, quando foram retirados os pobres do centro da cidade os quais acabaram por se refugiar nos morros ao redor, tendo sido dado assim inicio a formacao das favelas. Mais recentemente podemos citar o caso do Pelourinho em Salvador e da cidade de Recife, onde a populacao foi retirada, mas nao foi acompanhada de uma boa infraestrutura de urbanimo e arquitetura.
O que e necessario entender e que o territorio em desuso deve ser tratado como um espaco possuidor de um carater unificador e nao rupturante podendo ser assim , pensado como ponto de partida para a resolucao dos problemas e revitalizacao do desenho das cidades. Afinal a cidade valoriza-se automaticamente se os vazios forem estruturados para servirem e serem parte integrante do meio urbano.
O arquitecto espanhol Ignasi de Solà-Morales, definiu com clareza estes territórios : “uma área sem limites claros, sem uso actual, vaga, de difícil compreensão na percepção colectiva dos cidadãos, constituindo normalmente um rompimento no tecido urbano. Mas é também uma área disponível, cheia de expectativas, de forte memória urbana, com potencial original: o espaço do possível, do futuro“