novembro 26, 2009

Outra possível experiência sonora pelos não-lugares

O Vale do Aço é uma região que se cruza, que se atravessa.

Repleta de vazios pode ser consideda, em algumas partes, uma região morta.

Se você decidir experimentá-la para entendê-la com mais proximidade e sentir-se mais envolvido por ela – em sua totalidade ou ao menos em uma parcela – é quase certo, que por essas regiões de ausência de vida, irá passar.

Regiões pensadas e executadas, equivocadamente, causam a atrofia das funções do corpo, pois só se atravessa de carro. Os não-lugares de Augé.

Alguns indivíduos precisam ficar só para conseguirem um momento de tranqüilidade, muitas vezes essa sensação só é consumada ao transitar no meio da multidão, através das ruas, para de fato sentirem-se só. Essa condição pode ser considerada um ranço da individualidade vigente na sociedade. É a conseqüência de hábitos herdados que aniquilam as possibilidades de sociabilidade.

Os iPods – próteses anestésicas – aumentam essa condição individualista. Esses dois fios atrelados ao corpo, que deparamos com quase todas as pessoas por onde passamos, entorpecem as percepções do mundo, substituindo assim as percepções puras do lugar, ou mesmo produzindo outras não muito instigadoras.

A possibilidade de usufruir desses espaços acoplados a tais próteses, talvez instigue aos seus usuário outra possibilidade de experimentação da cidade. Nesses vazios essas próteses, quem sabe, possam colaborar para um potente ensaio, outra maneira de relação com próprio lugar. Perspectivas divergentes. E afinal de contas, não sejam consideradas assim, tão aniquiladoras das relações com o próprio lugar.

Cícero Menezes - postagem do dia 19/11