outubro 24, 2007

Apenas uma questão de interpretação.

Apesar de lidar diretamente com limites e definições, a arquitetura não é capaz de restringir os usos que serão atribuídos pelos que a vivenciam.
Os limites e funções na arquitetura estão cada vez mais diluídos.
Embora a princípio, porta, janela e escada pretendem possibilitar acesso , estes elementos são recriados e desta maneira, ampliam suas funções.
Vivenciar o espaço é uma questão de interpretação. Para a moça feia , debruçada na janela, de Chico Buarque , a janela é seu momento de glória, pois pensava que a banda tocava pra ela.Para a vizinha futriqueira, a janela é a tela de uma TV... O noticiário da vida alheia.
Para o ladrão, é o caminho mais fácil para esquivar-se.
Já a porta, é um dos elementos mais antigos e fundamentais da estrutura espacial, ela assume funções de barreira, assegura funções de junção ou disjunção entre os espaços para difundi-los ou diferenciá-los. Para a psicologia, a porta é plena de significação, abrí-la ou fechá-la significa, ainda, ter liberdade, tanto no sentido físico, quanto psíquico. Fechar ou abrir uma porta requer uma decisão e para a psicologia, significa o indivíduo tomar parte na disposição de seu ambiente. A partir desta ação, o indivíduo exerce uma participação sobre o seu meio, “a porta possibilita ao homem exercer a condição de sujeito de sua própria existência”. Assim sendo, a porta pode ser considerada uma estrutura espacial rica- rica em si mesma e pela relação que ela propõe.
A escada, a muito deixou de ser apenas um elemento que nos eleva, tornou-se ponto de encontro para conversas para os alunos da arquitetura no Campus do Unileste, tornou-se cama para mendigos, bancos para os que não estão com pressa. Na escadaria da igreja lá na minha cidade, uns sentam até pra fumar um “baseado” e outros namoram sem medo de serem castigados, como nossos pais pensavam outrora.
É evidente, que a definição do espaço é apenas uma questão de interpretação. Se é porta, escada ou janela, isso é completamente questionável, porque são os usos que elas recebem que definem sua designação, muito mais do que forma, o que qualifica um elemento ou espaço, são suas apropriações.

1 Comments:

Blogger jorge tanure said...

otimo, mas poderia, alem de levantar aspectos jah tratados por estes elementos arquitetonicos, abordar futuros usos ou transformações destes elementos e de outros

3:00 PM  

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