Puxadinho
TRANSFUNCIONALIDADE OU NECESSIDADE?
Talvez o dinheiro não dirija o mundo, mas a necessidade sim. Independente do nível social do ser humano, cada um possui suas necessidades à medida que ele evolui e que o mundo ao seu redor evolui. E esse arranjo conforma a cidade, muito distante de projetos arquitetônicos.
O favelado “sobrevive” fazendo puxadinhos. Puxadinho de dinheiro, de tempo, de segurança, de comida, de moradia. O puxadinho (ou gato) da energia pública permite com que ele tenha geladeira, apenas para conservar água gelada, pois o dinheiro para comprar aquela coca-cola teve que ser usado para pagar o remédio do filho do meio. Teve que pedir permissão ao vizinho para apoiar uma laje em uma de suas vigas, afinal a família aumentou, os tri-gêmeos estão vindo.
Já o peão não, ele é assalariado, tem até quinzenal, além da participação dos lucros da empresa. Este sim, pode até pagar um arquiteto, mas prefere “reduzir este gasto”. E lá vai ele, fazendo sapatas e mais sapatas, afinal sua grana dá para fazer sua casa e estruturá-la para as gerações futuras, um andar para cada filho. Mas no meio do projeto, o dinheiro acaba e os sonhos mudam de rumo, pois carro é prioridade, quanto mais novo melhor. E a casa, que já está no terceiro pavimento teve que ser interrompida, e o cinza do cimento ou o vermelho dos tijolos, conformam estes bairros, que muitas vezes foram construídos pela empresa e “repassados” para os trabalhadores.
O rico já é mais prudente. Mover a casinha do cachorro sem consultar um arquiteto é pecado. E o negócio é combinar. Aquele sofá verde-musgo cairá perfeitamente naquela sala onde a parede roxo-defunto serve de fundo para as fotos da viagem à Estambul.
Os políticos...
Mas e os arquitetos, dizem por aí que a maioria não tem nem casa própria. Oh raça esquisita! Dizem que preferem gastar dinheiro com viagem, conhecer outros lugares, cidades, arquiteturas diversas. E o “sonho da casa própria” fica só no projeto, projeto que não pára de ser alterado; talvez aí que está o problema, não conseguir chegar a uma conclusão do que construir. E o puxadinho aqui também fica no papel, claro, e olha que para aumentar o puxadinho é só alterar a escala, ou pedir o cara do xérox para aumentar a porcentagem do zoom.
E assim vai o mundo, com seus puxadores e puxadinhos, fazendo com que os urbanistas se cansem de discutir e desenhar sobre os famosos e implacáveis planos diretores. Ah, mas se esses urbanistas soubessem que tem muita gente fazendo puxadinho...
Talvez o dinheiro não dirija o mundo, mas a necessidade sim. Independente do nível social do ser humano, cada um possui suas necessidades à medida que ele evolui e que o mundo ao seu redor evolui. E esse arranjo conforma a cidade, muito distante de projetos arquitetônicos.
O favelado “sobrevive” fazendo puxadinhos. Puxadinho de dinheiro, de tempo, de segurança, de comida, de moradia. O puxadinho (ou gato) da energia pública permite com que ele tenha geladeira, apenas para conservar água gelada, pois o dinheiro para comprar aquela coca-cola teve que ser usado para pagar o remédio do filho do meio. Teve que pedir permissão ao vizinho para apoiar uma laje em uma de suas vigas, afinal a família aumentou, os tri-gêmeos estão vindo.
Já o peão não, ele é assalariado, tem até quinzenal, além da participação dos lucros da empresa. Este sim, pode até pagar um arquiteto, mas prefere “reduzir este gasto”. E lá vai ele, fazendo sapatas e mais sapatas, afinal sua grana dá para fazer sua casa e estruturá-la para as gerações futuras, um andar para cada filho. Mas no meio do projeto, o dinheiro acaba e os sonhos mudam de rumo, pois carro é prioridade, quanto mais novo melhor. E a casa, que já está no terceiro pavimento teve que ser interrompida, e o cinza do cimento ou o vermelho dos tijolos, conformam estes bairros, que muitas vezes foram construídos pela empresa e “repassados” para os trabalhadores.
O rico já é mais prudente. Mover a casinha do cachorro sem consultar um arquiteto é pecado. E o negócio é combinar. Aquele sofá verde-musgo cairá perfeitamente naquela sala onde a parede roxo-defunto serve de fundo para as fotos da viagem à Estambul.
Os políticos...
Mas e os arquitetos, dizem por aí que a maioria não tem nem casa própria. Oh raça esquisita! Dizem que preferem gastar dinheiro com viagem, conhecer outros lugares, cidades, arquiteturas diversas. E o “sonho da casa própria” fica só no projeto, projeto que não pára de ser alterado; talvez aí que está o problema, não conseguir chegar a uma conclusão do que construir. E o puxadinho aqui também fica no papel, claro, e olha que para aumentar o puxadinho é só alterar a escala, ou pedir o cara do xérox para aumentar a porcentagem do zoom.
E assim vai o mundo, com seus puxadores e puxadinhos, fazendo com que os urbanistas se cansem de discutir e desenhar sobre os famosos e implacáveis planos diretores. Ah, mas se esses urbanistas soubessem que tem muita gente fazendo puxadinho...
1 Comments:
texto beira o cooperativismo, mas eh bom. tem uma estrutura interessante
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