outubro 31, 2007


“...”

o momento é aquele que transforma o estado das coisas... tudo tende a se desfazer refazer multiplicar somar subtrair como objetos em ebulição... inventamos desviando o objeto do imediato... conveniências... técnicas que ditam como se deve fazer para conter o líquido se temos milhares de utencilios... colher xícara pote panela caixa jarro garrafa prato bacia lata... para cada um existe o momento... o mais eficiente para cada uso... mesmo os copos de plástico que foram transformados em conchas fônicas... ganharam um fio condutor que ontem era apenas barbante usado para amarrar as flores que enfeitavam os “jarrocoposfônicos” sobre a mesa pequena... que costumamos chamar de mesa de centro porque fica no centro de uma sala de estar onde nunca estamos... feita de restos de madeira de um antigo guarda roupa que nunca guardou roupa mas guardou livros... aqueles que a gente compra mas nunca lê... ai se tornam peso de papel ou excelentes niveladores de “cadeiraescada”... fundamentais para subir quando precisamos trocar lâmpadas ou organizar prateleiras cheias de objetos que pouco usamos mas acumulamos por imaginar possibilidades... como pote de azeitona transformado em aquário... caixas de fósforos em gavetas... latas de biscoito em porta jóias... espuma em travesseiros... guarda-chuvas em pára-quedas... para diminuir a velocidade da queda dos corpos ou protege-los da chuva... água em gotas que cai das núvens... que se parecem com a fumaça mas são feitas de outras coisas e vem de outro lugar... podem ser sólidas, líquidas ou mista mas a forma depende do vento... véu carneirinhos couve-flor algodão...“tudo têm peso massa volume tamanho tempo forma cor posição textura duração densidade cheiro valor consistência pro-fundi-dade contorno temperatura função aparência preço destino idade sentido... as coisas não têm paz”¹... Antunes se esqueceu do nome... existe a estranha ligação de uma palavra com um objeto... imprimimos nomes e funções a eles... depois tiramos as etiquetas e o manual de instruções... e algumas vezes trocamos os nomes porque as coisas nunca estão finalizadas... prolongamos quando desdobramos os gestos... quando construimos a relação... mesmo quando damos nomes ou embutimos significados...



1_ obra de Arnaldo Antunes in "as coisas" Ed. Iluminuras 1993

1 Comments:

Blogger jorge tanure said...

nossa lorana... impressionante, meta ou supra-nomes inventados sao impressionantes e essa relação com a palavra, seu significado e a materia eh mto bem sacada. parabens

3:10 PM  

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