outubro 31, 2007

Era uma casa...















"Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela não, porque na casa não tinha chão. Ninguém podia dormir na rede, porque na casa não tinha parede. Ninguém podia fazer pipi, porque penico não tinha ali, mas era feita com pororó, era a casa de Vilaró". Cantiga infantil de Vinícius de Morais composta no Casapueblo¹, que começou com uma casinha simples de lata, que serviria de atelier ao pintor, escultor, arquiteto, cineasta, escritor e ceramista, Carlos Vilaró. "Escultura para viver" é como o próprio artista chama a sua obra, que começou como uma casa/atelier mas foi crescendo e interagindo com o penhasco rochoso de Punta Ballena, no Uruguai. O Casapueblo é uma construção em relevo, uma enorme estrutura orgânica onde os elementos arquitetônicos tradicionais tomam uma forma escultural. Não importa mais se ao observarmos a casa fazemos a leitura de porta e janela, essa obra arquitetônica transcende a funcionalidade de seus elementos e torna-se obra de arte. A arquitetura despoja-se do conceito de abrigo, habitar e ocupação, para incorporar o caráter monumental, um objeto de contemplação.
A arquitetura como cartão-postal, exclui em absoluto o usuário, ignora sua influência no meio em que vive, “...nada mais errôneo que a idéia de que a arquitetura e a cidade devem falar por si mesmas, sem a intromissão de seus moradores. Retirar a figura humana da fotografia de arquitetura é retirar a alma da cidade e da própria arquitetura, é ver nelas somente a beleza e o caráter objetivo.”
Os modernistas também objetivavam esterilizar as cidades, a arquitetura, projetaram espaços inóspitos que não estabelecem relação com o entorno nem com os indivíduos. Propunha-se espaços- escultura, arquiteturas diferenciadas e atraentes, tanto quanto ou até mais do que algumas obras de arte expostas em seu interior. Ignorava-se as contribuições individuais que cada pessoa adere ao lugar, pois são as apropriações que definem e conceituam muito mais do que é capaz o dicionário, portanto, é ingenuidade dos arquitetos pensarem que são capazes de normatizar os espaços e os elementos arquitetônicos que compõem a obra, é possível talvez induzirem, mas não determinarem.

1 Comments:

Blogger jorge tanure said...

qtas certezas... o q eh obra de arte mesmo? e, os modernistas propunham "esterilizar as cidades, a arquitetura, projetaram espaços inóspitos que não estabelecem relação com o entorno nem com os indivíduos" uau... esta va na carta de atenas? texto comeca bem pacas, mas da ums derrapadas, eh radical demais nuns pontos e alisa singularidades em sua pretensa unanimidade das hipoteses levantadas, q p falar a verdade nem parecem hipoteses e sim dogmas; mas num sei n... me parece um txt c mto potencial, apos uma boa discussao

3:26 PM  

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