setembro 15, 2009

E S P A Ç O S COMO USÁ-LOS


A partir dos anos 60 as tecnologias digitais vêm ganhando importância cada vez maior na arquitetura. Na verdade, a maioria do que é considerado hoje projeto ou arquitetura virtual nada mais é que um conjunto de desenhos feitos no computador, usando aplicativos de CAD que espelham o processo de construção perspectívica. O processo de projeto ainda não acomodou as possíveis mudanças permitidas pelas tecnologias digitais. Onde podemos perceber uma perda no método de trabalho. Com isso devido à rapidez dos programas, têm ocorrido problemas projetuais por parte dos profissionais, devido essa nova flexibilidade. Na verdade, estes programas permitem a aceleração das rotinas de trabalho, maior pressão nas entregas dos projetos, e isto acaba por exigir uma nova postura diante do pensar e fazer arquitetura. É difícil saber se esta nova arquitetura, fruto desses processos acelerados, é de melhor ou pior qualidade simplesmente por ser produzida mais rapidamente.


A imagem acima me fez lembrar o filme Histórias de cozinha onde retrata uma dramatização bem humorada dos anos 50. Com a “explosão” industrial no pós-guerra, é realizada uma pesquisa de campo para desenvolver a cozinha perfeita, após meses de pesquisa, conclui-se que a cozinha era usada para tudo, menos para cozinhar, da mesma forma a cena proposta retrata o carro, um meio de transporte, sendo usado como uma sala de televisão, ou seja, da mesma forma que nada impede que o ambiente de uma cozinha tenha outras finalidades, o carro também têm seus espaços para serem utilizados da melhor forma possível que não seja o transporte, prova disso, hoje existem muitos veículos preparados e montados para serem pequenas moradias móveis.

O que estou querendo dizer com tudo isto, que devemos tomar cuidado com os recursos e as novas possibilidades projetuais oferecidos pelo uso do computador. Ele deve ser uma ferramenta para contribuir, juntamente com o pensamento do arquiteto (e não apenas servindo ao seu pensamento). Temos que pensar também nestes usos dos ambientes. Quando projetamos espaços, geralmente pré-definimos suas possibilidades de uso, deixando muito poucas alternativas para usos que não foram pré-determinados. Assim, estamos limitando muito.


Compete a nós, futuros arquitetos, pensarmos nestes usos. Nem sempre um ambiente útil e funcional para mim vai ser para outra pessoa, ou nem sempre usamos uma sala de nossa casa para assistirmos televisão. Ela pode ser assistida em qualquer lugar.


Helen Judith Bussinger Dias Neubert