A forma esvazia a função

*foto da obra denominada "máquina de ler" , concebida por Marlon Santos.
No ínicio do século XX o funcionalismo surge como um movimento moderno internacional, liderado e influenciado pelos principais arquitetos e designers da época.Uma regra funcionalista foi associada ao design moderno e à arquitetura, onde se teorizava que a forma segue a função, um princípio metodológico fundamental que ainda hoje é seguido pelas principais disciplinas e escolas em que se envolve o design.
Com a intenção de criar um discurso crítico e pertinente relacionado a tal regra, concebi um livro-objeto que foi resultado de um trabalho denominado "máquina de ler", realizado na disciplina História II no curso de Arquitetura e Urbanismo do Unileste, ministrado pela professora Renata Marquez.
Partindo do pretexto que a forma se configura a partir da função específica de um objeto ou espaço, sintetizo em tal trabalho uma crítica sobre exageros funcionalistas de funcionalizar a forma, determinando que se pode controlar sua função através de sua aparência.
Se a função está contida implicitamente na forma, no processo de definição, a forma não está contida na função?
Considerando que a principal função de um livro é permitir que seja feita a leitura de seu conteúdo interno, e que tal funcionamento é consequência da operabilidade de sua forma, criei um livro-objeto que pudesse subverter sua lógica formal gerando um esvaziamento de sua função.
Seu conteúdo interno foi deslocado e fixado externamente em um local estratégico, que desarticula e exaure totalmente sua configuração física criando um paradoxo funcional, e que ao abri-lo anula sua forma tornando-a impertinente, desfazendo e impossibilitando a sua principal função; a leitura.
Portanto a forma não se completa com a função. O design segue parâmetros que vão além das necessidades funcionais, absorvendo impulsos subversivos em que está relacionado a preferência coletiva ou singular, aos julgamentos de valor de sua época, cultura ou região.
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