setembro 21, 2006

O indivíduo coletivo

Essas habitações repetidas como um copy do AutoCad, não possuem o mínimo de qualidade que uma moradia deve ter, pois não são pensadas em um indivíduo e as suas necessidades, mas sim no coletivo. São espaços contínuos e indiferenciados, desconhecidos da maior parte da população brasileira, que se localizam e se identificam com as ruas, as praças e a cidades. Estes espaços coletivos exteriores dos conjuntos se contrapõem aos espaços privados das unidades habitacionais e aos espaços públicos abertos à população de todas as cidades.
Esses conjuntos habitacionais são espaços que nem mesmo nós arquitetos, teríamos a capacidade de resolver os problemas existentes, devido a vários fatores, pois como sabemos não são apenas problemas relacionados a qualidade espacial, mas também a problemas econômicos (insere só a população de baixa renda), sociais (presente na cidade informal, como forma de “legalização” de invasão) e políticos (maneira que os políticos encontram para conseguir votos).
Uma casa, por menor ou pior que seja é o sonho de milhares de brasileiros, mas nem sempre é assim, muitos vivem de ganhar e vender suas casas e outros nem a desejam tanto, pois sabem que serão transferidas para um bairro completamente novo, sem infra-estrutura mínima (água, luz e esgoto), e serão retirados do seu cotidiano, preferindo continuar morando em condições piores (em baixo de pontes, viadutos e até nas ruas), do que se deslocarem para um lugar completamente diferente.
Talvez eu possa estar sendo bem negativa, mas eu enxergo esta situação desta maneira. Sei que existem conjuntos habitacionais melhores que este, que proporcionam qualidade de vida aos moradores, por possuir habitações maiores com áreas externas melhores, que possibilitam que se faça até o famoso “puxadinho”. Num todo, a habitação popular é uma forma de tentar melhorar a vida de muitas pessoas, mas para isso deveriam pensar no projeto (que não existe) para o indivíduo e não para o coletivo.

Roberta Grillo





Observação: Esse texto é de Roberta Grillo. Ela não conseguiu acessar o blogger através da senha que possui.