setembro 21, 2006

Tricô

N.º de pontos divisível por 19, mais as bordas.
1ª e 2ª carr.: M
3ª carr.: * 1M, 2LAÇ, 2PJT pegando-os por trás, 13M, 2PJT, 2LAÇ, 1M*
4ª carr.: * 1M, 2p. nas laçs {1M, 1T}, 15M, 2p. nas laçs {1T, 1M}, 1M*
5ª carr.: M
6ª carr.: M
7ª carr.: *1M, (2LAÇ, 2PJT pegando por trás, 2vezes), 11M, (2PJT, 2LAÇ , 2 vezes ), 1M
8ª carr.: * (1M, 2p.nas laçs {1M, 1T} 2 vezes), 13M, (2p.nas laçs {1T, 1M}, 1M, 2 vezes).
9ª carr.: M
10ª carr.: 6M, (2LAÇ, 1M, 14 vezes), 5M.*
11ª carr.: * 1M, (2 laç, 2PJT pegados por trás, 2 vezes), 2laçs. Alongar os 15 pontos seguintes, deixando cair todas as laçs que se encontram nos intervalos e tricotá-los todo juntos em T. (2LAÇ, 2PJT pegados por trás, 2vezes), 2LAÇ, 1M*12ª carr.: *(1M, 2P nas laçs {1T,1M}3vezes), 1M, (2P nas laçs {1M,1T},1M, 3vezes)*
Abreviações:
M - meia
T - tricô
LAÇ - laçada
2PJT - 2 pontos juntos em tricô


Cada ponto depende de outro. E assim vai.
Cada casa de ponto depende da outra. E assim vai.
Até no tricô se depende do outro, projeta-se antes de se fazer uma blusa ou o que for. O cuidado com a confecção e a maneira paciente com que se tece são de disciplina invejável a quem passa por ali. E não se busca a beleza de quem vê, a idéia se veste como camisa, abriga o corpo.
A arquitetura não tece malha, rejeita o corpo e discrimina cada casa (que hoje se chama habitação) como habitat de um ser assentimental ...
“O que é urbano? A sensação de um todo, de todo um ou de apenas um? Vendo essas grandes diagramações de interesse e influência, pensamos se uma cara exposta é arquitetura. Se uma palavra em meio de propagação é única. Vendo e disparando contra as intenções de que arquitetura é comunicação de massa, buscamos a arquitetura como indivíduo sozinho. Isso, aquele ali, que você não vê. A arquitetura dos arquitetos que vemos é pálida, seca, promiscuamente sem graça. Arquitetura de gente que vive o lugar é sensivel, graciosamente lógica, sendo capaz de intervir com pensamentos secos de aparências, mas de tênues sentimentos de que aquele local é seu. O arquiteto passa por um projeto sendo que o morador passa por uma vida contínua e sem nenhuma premiação por méritos desmerecidos. O cara ali, que passa de bicicleta é apenas uma das maneiras do arquiteto colocá-lo no meio de um emaranhado de idéias fantásticas do grande arquiteto mestre. E se o cara que passa ali for o arquiteto? Se ele quiser que as idéias simples prevaleçam? Se o cara que não é mestre quiser apenas um meio fio e não um mundo diferente? E se o cara for sentimentado e não sedimentado por idéias de um programa? A arquitetura se perde tentando se achar e esquecendo que o mundo não é feito de construções e sim se construindo o indivíduo como cidadão.” (do mesmo autor deste, retirado de uma semana integrada)

Poderia até falar sobre assentamento humano, que por sinal substituiu não ocasionalmente o jargão político “conjunto habitacional”, mas ainda sim diria coisas que já se ouviu por aí. Exclusão social é outra ironia da arquitetura. Faz-se filosofia, muda-se o rumo do discurso, mas no final das vertentes um político cretino constrói. A arquitetura ainda descobre o homem como conformador espacial de uma realidade que atravessa os espaços físicos da sua residência e habita também a casa do vizinho. As relações são discretas e mesmo assim o tratado (leia-se como ordem de lei ou até mesmo do verbo tratar) produz sensações mais honestas do que aquela arquitetura ali.
Deveríamos sim tecer um belo tricô e esquecer a arquitetura.
Ah! Detalhe que já que arquitetura está se transformando em uma fórmula padrão, ressalto que se funcionar será bem vindo! Caso não funcione, a receita de tricotar acima: eu garanto!

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

complexado? eu? hahahaha ...

nem sou ... acredite ... nem sou

mas tb acho que nao incomoda ninguem ... né?

9:15 PM  

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