dezembro 04, 2006

Novas Teorias

Domesticação


A arquitetura, que surgira com a necessidade de proteção e conforto, trouxe consigo a continuidade das interações interespecíficas mantidas pelos animais. Seria prudente pensar primeiramente que fomos nós humanos que ocupamos o espaço dos selvagens, já que evolutivamente eles surgiram antes de nós, e que quando estes entram em nossas casas provocando pânico, eles apenas estão passeando por um lugar que já fora deles.
A domesticação é fruto da seleção e da adaptação de certos seres vivos, considerados úteis para suprir necessidades humanas. Ao longo de milhares de anos, esse processo acarretou modificações em várias características originais dos seres vivos domesticados, chegando em muitos casos ao desenvolvimento de dezenas de raças, como os cães e gatos.
A domesticação acompanha a História da civilização, sendo benéfica para o desenvolvimento da mesma, porém é extremamente prejudicial à natureza e à ecologia, já que, em contraste com a seleção natural, a domesticação provoca uma seleção artificial de alguns seres vivos em detrimento de outros que o ser humano procura eliminar por considerar hostis à sua sobrevivência. A domesticação, desse modo é um fator de redução da biodiversidade. Um exemplo no Brasil é o abate de onças que se alimentam de gado. A agricultura acarreta a devastação de florestas naturais e em seu lugar são instaladas monoculturas. O habitat e os alimentos de animais selvagens são dessa forma destruídos. A domesticação acaba sendo ao mesmo tempo benéfica e maléfica ao ser humano, pois este também sofre as conseqüências de problemas ambientais gerados pela domesticação em grande escala.
Seria racional, não classificarmos os animais em selvagens e domésticos, pois, além de todos selvagens serem passíveis de domesticação, nós humanos, através da arquitetura, criamos para um seleto grupo de selvagens, condições favoráveis para seu crescimento e reprodução. Já para aqueles que não foram beneficiados com o egoísmo de nossa organização social, temos de deixar nosso respeito e carinho, pois não passamos de meros inquilinos do planeta sempre selvagem e agora urbano.