março 20, 2007

Alphavilles e Alphavilles

O sonho de morar bem, longe das aglomerações e confusões urbanas e abusca insana de uma existência tranqüila e ideal deram origem aos condomínios americanizados, que foram também adotados na Europa e chegaram como sempre até a nós brasileiros sonhadores.
Casinhas suburbanas com regras proporcionais, comunidades perfeitas, telhadinhos pra agradarem a vista, guaritas do seu José, casa no centro do terreno, jardim na frente, jardim atrás, ruas estreitas, fachadas em cor pastel, todos os elementos projetados e anunciados para a harmonia, a felicidade e a segurança do mundo encantado dos condomínios, dos Alphavilles. Ou será do mundo encantando da Disneylândia? Ou de Hollywood?
Tudo é tão perfeitinho que parece mais ser o cenário da vida que poderia ser real, da vida que deveria ser feliz e funcionar como os grandes parques de diversão ou como as famílias americanas perfeitamente abrigadas nos lindos subúrbios de Hollywood.
A imagem passada é essa, e é a que ainda fica na cabeça dos sonhadores, só que na realidade nada mais é que, tudo é chato, bucólico, não liberal e monótono, parece que as pessoas são iguais às casas, que as mulheres são treinadas pra dizer sempre obrigada e varrer o quintal, homens sempre de ternos pretos, alucinados de trabalho, crianças proibidas de chorar e gritar.
Aiaiai, quem é que consegue acreditar que isso funciona? Nós como trabalhadores liberais, vivendo aprisionados por nós mesmos, sem poder mudar a cor de uma mera fachada, de fazer um laguinho na frente da casa e ficar vivendo um comportamento ilógico e ordenado só pra tentar viver feliz como foi projetado pra ser ou procurando um script qualquer na impossibilidade de escrever nossas vidas como uma cena de cinema.
Tomara que essa crise "Alphavilleana" cesse, e que os condomínios como (celebration na Flórida) de casinhas do Pato Donald e demais sejam abolidos dos pensamentos ilusórios e sonhadores. The end.