março 20, 2007

Cidade Cenário

Quando vejo imagens desse gênero estampadas no tecido urbano em grandes outdoors em forma de anúncios de loteamentos, não consigo deixar de me questionar a partir dessa propaganda se:

Até que ponto essa figura é digital ou não? E se é 3D até que ponto o 3D é um 3D dentro de uma tela 2D? E alguém vive ali? Se vive elas possuem a faces iguais como suas casas? Será que essas pessoas andam todas do mesmo lado da rua, em fila indiana?Será que todas tem um cachorro? Será que elas fazem coisas iguais o dia inteiro? E será que essa é realmente uma boa qualidade de vida? E onde estão as árvores? E se elas não estão porque é que existe tanta sombra? Isso é um cenário Televisivo ou é realmente uma cidade? E até que ponto as pessoas hoje se comportam fora de um cenário da Rede Globo?

Por tanto volto ao discurso de que nosso cotidiano é um reality show, sem câmera, pois já não há mais essa necessidade, vivemos em um cotidiano previsível. Penso que a partir de uma análise do meu comportamento consigo imaginar e supor o que meu vizinho faz só de olhar para ele. O mercado e a sua necessidade da “homogenuidade”, a necessidade do controle capitalista à utopia do imaginário coletivo.

O discurso aqui não é de respostas e sim de questionamentos e a parti daí procurar entender porque o cenário inabitável cria a sensação de bem estar e qualidade de vida?O que é qualidade de vida para o homem contemporâneo? Será que o poder político e social tem o controle disso, a Imprensa será que é ela que dita as regras de qualidade de vida, e se é, onde é que entra a arquitetura em uma possível simulação do real. Será que essa arquitetura vai ser obrigada criar cidades fantasmas, cenários para esse mercado, e onde entra o publico, qual é a relação da identidade do usuário em uma cidade como esta. Será que o cotidiano hoje já vem tematizado por um “mercado Imprensa” e nós consumidores conseguimos digerir isso ou será que apenas seguimos esse tema sem nem saber quem somos e se gostamos mesmos de fazer isso ou aquilo ou se fazemos isso apenas para se inserir em uma determinada comunidade. Comunidade essa que faz parte de um coletivo imaginário, de uma memória coletiva que na verdade não é continua e sim repetitiva cortada em “frame” e cíclica, pois o mercado já não sabe mais o que inventar só resta reinventar em cima de algo e sobrepor. Já não existe mais criatividade, identidade e pensamento único, tudo é cíclico como no mundo pop. E a parti daí me pergunto qual seria o verdadeiro cotidiano do tempo contemporâneo?

3 Comments:

Blogger milenapais said...

Este comentário foi removido pelo autor.

7:45 PM  
Anonymous Anônimo said...

xxrr

9:04 PM  
Blogger tiago d. carvalho said...

Leila, obrigado pelo elogio!
Seu texto também aborda questões bem relevantes.Quando vemos anúncios de loteamentos e condomínios fechados realmente surgem esses questionamentos que você descreveu. Também achei bem pertinente a colocação do nosso cotidiano como um reality show, sem câmera, mas sem câmeras televisivas porque muitas vezes estamos cercados por dezenas de câmeras de segurança.

Quanto à correção da formatação do texto o Deon deu uma boa dica, da uma olhada nos comentários do meu texto.
bj

1:10 PM  

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