setembro 12, 2007

“Como construir cidades que se adaptem a esse novo, e longo, verão urbano?”.Essa temática situa-se em um contexto muito interessante, onde um bando de “quase arquitetos”, instigados por seus professores, refletem sobre a arquitetura e sua relação com o cotidiano, para a partir daí se disporem a desenvolver novas teorias.
Tendo em vista que a arquitetura e o urbanismo são atividades dificilmente descoláveis da violência que exercem sobre a natureza, não resisti...

Postado por Mãe-Terra:

No atual contexto de carestia energética, a que se somou o aquecimento do planeta, já não é possível fechar os olhos ante a degradação ambiental que o mundo industrial tem promovido.
A não ser que o grau de alienação tenha chegado a ponto de anestesiar a “dor” que ele tem causado a mim e a própria civilização.
Estou adoecendo. Tenho sentido muita febre, ora me derreto de calor, ora me encolho de frio, não acompanhando a seqüência das estações. Com tanta poluição, também sinto muita falta de ar. Já reclamei com as indústrias sobre essa fumaceira tóxica, mas foi inútil, só querem saber de produzir, para fazer a economia do país progredir. Isso sem falar na minha deplorável aparência estética, me aparecem alergias, que rasgam a minha camada superficial, criando fissuras por toda a minha crosta.
Quando exerço uma reação, vocês parecem preocupados, mas não percebem que elas são conseqüências dos seus próprios atos.
Já que falei em atos, meus amigos arquitetos, ardo em brasas vulcânicas, e parte disso ocorre, porque vocês me cobriram os poros, com mantos e mantos de concreto e asfalto, impossibilitando a transpiração. E agora se perguntam, como construirão cidades que se adaptem a essa nova realidade.
Alguns urbanistas, preocupados como aumento territorial descontrolado, propõem preencher os vazios urbanos e aumentar a densidade demográfica por hectare. Porém, além de apenas adiar, a ocupação dos poucos pêlos verdes que ainda me restam, essa atitude é questionada, uma vez que a densidade não permite a dissipação do calor armazenado entre os edifícios, aumentando os focos de aquecimento.
Tudo bem, eu sei, a cada dia nascem cerca de 365.682 pessoas.
Expandir é inevitável...
Mas se me depilarem toda, como vão sobreviver a esse novo, e longo, verão urbano?
Muitos de vocês estão bastante envolvidos com arquitetura sustentável. Construir causando menor impacto ambiental é uma atitude inteligente, porém, se a coisa for mais adiante, só nos restará um dilema: “Construir ou não construir? Porque, em última instância, a única arquitetura ecológica é a que não se constrói, e o único arquiteto 'verde' é aquele que renuncia a incrementar a entropia do planeta”¹.

¹-http://www.vivercidades.org.Br- É a economia, ecologistas! Luís Fernández Galiano

3 Comments:

Blogger Jucélia said...

Sendo assim... Eis a questão: Qual o papel do arquiteto?
É um fato considerável nesta altura do campeonato, quando estamos "quase" arquitetos, nesse caso seguramente, não é a de construtor.

10:39 PM  
Blogger Jucélia said...

Porém, Leleide responde:"...homem...construtor de pensamentos, de idéias e possibilidades, capaz de solucionar grandes problemas e de se adaptar as condições existentes..."

10:44 PM  
Blogger jorge tanure said...

mto bom... escrever no papal da Terra nao eh novidade mas eh bom, e colocar os questionamentos a respeito do futuro tb eh legal. fazer uma previa introdutoria tb eh bom. mas ainda eh pouco critico o texto

4:10 PM  

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