agosto 24, 2008

Se o espaço não progride, o cidadão estagna

Antes da expectativa de ouro numa competição olímpica deveríamos repensar sobre o que nos leva ao fracasso lá fora. Sem saúde, educação e segurança, coisas fundamentais para que qualquer espaço urbano progrida, é impossível que pessoas tenham desde sua infância, estrutura para tornar-se um atleta. Vimos muitas historias de atletas brasileiros que competiram em Pequim e que tiveram uma infância sofrida e ainda assim conseguiram participar em uma competição de alto nível. Temos que parabenizar o esforço desses atletas, mas não podemos aceitar isso como exemplo para outros. O lema "o que importa é participar" não nos deixa em posição de destaque no quadro de medalhas, ao contrário, ficamos envergonhados ao vermos países como Etiópia e Quênia à nossa frente.
Isso deveria servir para nos fazer refletir sobre tudo que vem acontecendo de errado por aqui. O espaço urbano não vive só de sua expansão, mas também de sua adequação a fim de acompanhar as novas necessidades da população. O cidadão reflete o que é o espaço urbano onde vive. Se o espaço não progride, o cidadão estagna. Se a cidade não oferece suporte para os cidadãos para que haja uma igualdade entre as mais diversas classes, como poderíamos então esperar o surgimento de potenciais atletas? Só posso dizer que se o atleta surge de um espaço urbano miserável, onde a ausência de políticas e investimentos públicos tomam conta do meio em que vive, este terá uma bela história de vida para ser contada pelos narradores e uma falsa expectativa de medalhas nas competições lá de fora.