abril 24, 2007

DEN-CIDADES

Densidade
Densa
Cidade
Cidade/densa
Se densidade é uma relação entre quantidade e volume,
Se densidade é a relação entre a massa de um corpo e seu volume,
Se denso é também espesso, compacto,
E cidade o que é?
Não seria, uma concentração, uma aglomeração de pessoas, de edificações,
Em uma determinada área?
A cidade não é, por si só, um exemplo de densidade?
Que exemplos de cidade poderíamos citar?
Cidade-fantasma: cidade que possuiu uma densidade maior e que atualmente está muito menor.
Cidade-dormitório: cidade que à noite, tem uma concentração maior que ao dia.
Cidade-universitária: cidade com uma concentração muito grande de instituições acadêmicas.
Cidade-ideal: cidade que só existe no imaginário. É, esta talvez seja a única que não tenha nada a ver com densidade, mas também ela não existe, logo não vale como exemplo.
Sendo assim, por que tanta preocupação com o vazio nas cidades, se a cidade, por si só, é a aglomeração, a concentração?
Aí eu concordo com a Amanda Machado¹ quando ela diz: “o que seria das densidades sem o vazio?”²
Realmente, o que seria da cidade sem os vazios para enxerga-la?
Pra que serviria uma bela obra arquitetônica, dessas de encher os olhos se não fosse possível um certo distanciamento para observa-la?
Se vivêssemos mergulhados (como muitos vivem) entre caixotes de pedra, entre pessoas e automóveis, barulho e movimento o tempo todo sem momento algum nos distanciarmos destas densidades certamente não iríamos percebê-las, nos acostumaríamos com elas (em maior ou menor grau).
Pensando bem, o tal do vazio é mesmo importante, pois já pensou o que seria de uma cidade na qual a maioria das pessoas não a percebessem?
Seria muito perigoso apenas uma “meia dúzia” de pessoas perceber as coisas que acontecem à sua volta e direciona-las para o caminho que mais lhe interessam.
Infelizmente, é exatamente isto que acontece, na maioria das vezes, nas cidades contemporâneas.
Basta olhar para as coisas que acontecem, para conferir o que estou falando: nas festas, que arrastam centenas de idiotas que pagam caro para entrar mesmo sem gostar das músicas que estão rolando; no tipo de roupa que a maioria das pessoas usam, quase todas iguais, numa cidade inteira; na proliferação de templos mágicos que levam as pessoas a se anularem e se comportarem como meros espectadores de suas vidas; nas eleições que são decididas pelo dinheiro e não pela vivência concreta dos candidatos; para nós mesmos, estudantes de arquitetura, que só depois de seis anos estamos conseguindo nos mobilizar para garantir nossos direitos.
Opss! Já falei mais do que devia, segundo as regras para postagem deste texto deveria ter escrito só 350 palavras e já escrevi 441.

1-Aluna do 9° período de arquitetura no unilesteMG.
2-texto: Devaneios, postado no bloger http://novasteorias.blogspot.com/ em 22 de abril de 2007, muito bom por sinal.