abril 24, 2007

heterogeneidade





“A cidade favorece a arte, é a própria arte”. ¹

A cidade é uma concentração de produtos artísticos. A cidade é um cenário vivo. É a inspiração para todo o processo criativo. Ela própria estabelece parâmetros para as intervenções no espaço. O jeito, os costumes, as belezas e as mazelas que as pessoas encontram no dia-a-dia pelos cantos onde circulam, na escola em que estudam, nos lagares em que trabalham e nos bairros em que moram. Cada espaço percorrido é um cenário diferente inserido dentro de um mesmo espaço. As praças são verdadeiros palcos onde acontecem das mais variadas encenações cotidianas. Os muros pichados são verdadeiras obras de arte. Ali pessoas fazem arte sem saber que a fazem. A cidade cria cenários à medida que é ocupada. Essa arte pública contribui funcional e esteticamente para formatar os ambientes urbanos. A vida nas cidades e a estética das culturas populares vão definindo cada vez mais a heterogeneidade dos espaços e a sociedade as complementam, como protagonistas de uma história de diferenças. Por isso a história nunca se repete. Cada vez mais, abriga uma sociedade sempre em busca do exclusivo, gerando particularidades regionais, características específicas, identidades urbanas. Ocupam todo um território de forma desorganizada e ao mesmo tempo organizada. Densidades de pessoas, de casas, de carros, de comércio, de bicicletas, motos, animais, enfim... Ao aumentar a escala vai transparecendo as pequenas organizações dentro dos grandes sistemas. O sistema num todo não funciona, mas, faz-se acontecer até hoje como é.



¹ (MUNFORD, LEWIS apud ARGAN, 2005: 73)