abril 25, 2007

Pó Preto!

Vejo nuvens de fumaça branca no céu
Flocos de neve que no chão se transformam em carvão.
Olho você de longe e tu me enganas com a sua cor branca de nuvem
De mais perto sua cor muda, vejo você num preto absoluto.
Percebo-te olhando pro chão
Mas e o meu pulmão?
Nem sempre penso na sua existência
Nem sempre vejo suas conseqüências.

Sinto nos olhos o seu peso
Sinto no corpo sem muita noção.
Invades o meu corpo sem licença e sem aviso
Causa dentro de mim coisas que ainda não descobri
Partículas minúsculas, partículas invisíveis
Mas perceptíveis no terreiro lá de casa.
Você esta em toda parte, por toda parte
Você me persegue, eu sinto! mas não te vejo.

De onde você vem e pra onde você vai
Tento me esconder mas é em vão minha ação.
Porque te criaram, quem foi que te fez?
Seus pais não pensaram em mim quando te colocaram no mundo.
Você tomou conta do meu mundo
Você me aqueceu, me sufocou, me irritou!
Me deixe, porque não sou capaz de fazer o mesmo
Antes que eu me prenda numa redoma impenetrável.
Me deixe antes que eu novamente não te perceba
Se não fores agora, não serei mais capaz de lhe ver.

O cotidiano me anestesia, sua presença passa despercebida
Volto a não te enxergar, mas a culpa não é minha.
A culpa é sua, que se faz pequeno e tão grande ao mesmo tempo
Tu tentas me enganar eu sinto.
Estou tão acostumada a você
Será que sem você eu vivo?
Desde criança eu já te olhava, cresci acostumada
Mas será que vou sentir sua falta na minha velhice?

Amor e ódio
Não te quero perto de mim, mas sem você será que eu sobrevivo?
Ar denso, ar sujo
Ar pobre, Ar puro
Respiro mas não te vejo.